Papa Francisco preside a celebração eucarística em sufrágio dos cardeais e bispos falecidos . ACelebração foi às 11h30 desta manhã, no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro
No clima espiritual do mês de novembro, marcado pela memória dos fiéis defuntos, recordamos os nossos irmãos cardeais e bispos de todo o mundo que voltaram para a casa do Pai ao longo deste ano. Enquanto oferecemos por cada um deles esta Eucaristia, peçamos a nosso Senhor que lhes conceda a recompensa celestial prometida aos servos bons e fiéis.
Ouvimos as palavras de São Paulo: "Eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 8, 38-39) .
O apóstolo fala do amor de Deus como o motivo mais profundo e invencível da confiança e da esperança cristã. Ele enumera as forças opostas e misteriosas que podem ameaçar o caminho da fé. Mas logo afirma que, mesmo se toda a nossa existência é cercada por ameaças, nada vai nos separar do amor que Cristo mesmo mereceu por nós, doando-se completamente. Mesmo os poderes demoníacos hostis ao homem se detêm impotentes diante da íntima união de amor entre Jesus e aquele que o acolhe com fé. Essa realidade do amor fiel que Deus tem por cada um de nós nos ajuda a trilhar com serenidade e força o caminho de cada dia, que, às vezes, é expedito, mas outras vezes é lento e cansativo.
Só o pecado do homem pode romper esse vínculo; mas, mesmo nesse caso, Deus vai sempre atrás dele para restabelecer a união que dura inclusive depois da morte; uma união que, no encontro definitivo com o Pai, atinge o seu ápice. Esta certeza dá um significado novo e pleno à vida terrena e nos abre à esperança para a vida além da morte.
Toda vez que somos confrontados com a morte de um ente querido ou de alguém que conhecíamos bem, surge em nós a pergunta: "O que será feito da sua vida, do seu trabalho, do seu serviço à Igreja?". O Livro da Sabedoria nos diz que eles estão nas mãos de Deus! A mão é um sinal de acolhimento e de proteção, é um sinal de uma relação pessoal de respeito e de lealdade: dar a mão, apertar a mão. Esses pastores zelosos, que dedicaram as suas vidas ao serviço de Deus e do próximo, estão nas mãos de Deus, todos eles estão bem guardados, e não serão corroídos pela morte. Estão nas mãos de Deus todos os seus dias, entrelaçados de alegrias e sofrimentos, esperanças e fadigas, fidelidade ao Evangelho e paixão pela salvação espiritual e material do rebanho que lhes foi confiado.
Mesmo os pecados, os nossos pecados, estão nas mãos de Deus: essas mãos são mãos misericordiosas, "feridas" de amor. Não foi por acaso que Jesus quis preservar as feridas em suas mãos para nos fazer sentir a sua misericórdia. E esta é a nossa força, a nossa esperança.
Esta realidade, cheia de esperança, é a perspectiva da ressurreição final, da vida eterna, à qual se destinam "os justos", aqueles que aceitam a Palavra de Deus e são obedientes ao Seu Espírito.
Queremos lembrar assim os nossos irmãos cardeais e bispos falecidos. Homens dedicados à sua vocação e ao seu serviço à Igreja, a Igreja que amavam como se ama uma esposa. Na oração, vamos confiá-los à misericórdia do Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora e de São José, para que Deus os receba em seu reino de luz e de paz, onde vivem eternamente os justos e aqueles que foram fiéis testemunhas do Evangelho. Nesta mesma oração, rezemos também por nós, para que o Senhor nos prepare para aquele encontro. Nós não sabemos a data, mas o encontro acontecerá.
Fonte: Zenit.
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