segunda-feira, 29 de abril de 2013
'' O que fizeram contigo, querido amigo!''
"Era um desejo, mas não achava que Bergoglio seria eleito pontífice. Pensava: João Paulo II foi papa por 26 anos, Bento XVI foi eleito quando tinha 78 anos, agora elegerão um papa com uma idade média entre os dois".
"Quando vi Jorge Mario Bergoglio saindo pelo Balcão central da basílica de São Pedro pensei que estava sonhando. Falei para mim mesmo: dormi e vejo coisas irreais”. Depois caiu a ficha de que era verdade e então as lágrimas começaram a cair, e pensei: O que fizeram contigo, querido amigo!”
"Não passaram dez minutos quando os jornalistas estavam na porta porque queriam saber. Sequei minhas lágrimas e fui comemorar no meio das pessoas".
Assim, Monsenhor Eduardo Horacio Garcia disse aos jornalistas presentes na XXXVI Assembléia Nacional dos grupos e comunidades da Renovação Carismática Católica reunidos em Rimini, contando como foram os seus primeiros momentos da eleição do Papa Francisco.
Monsenhor Garcia é bispo auxiliar e provigário geral da Arquidiocese de Buenos Aires, conhece Bergoglio há 20 anos, e nos últimos dez anos trabalharam lado a lado.
Antes de partir para Roma, Bergoglio pediu para ele procurar uma residência de sacerdotes anciãos, já que tinha completado a sua tarefa como arcebispo de Buenos Aires.
Entrevistado por ZENIT mons. Garcia explicou que também na Argentina dá para ver os frutos da eleição do Papa Francisco, com um número impressionante de pessoas que enchem as igrejas, pessoas que, depois de muitos anos, se aproximam da confissão, vão confessar-se, mas as pessoas não estão tão impressionadas como na Europa pelo estilo de vida do Papa Francisco, porque é exatamente a maneira de comportar-se do arcebispo de Buenos Aires.
Na capital Argentina é bastante comum encontrar bispos, sacerdotes, religiosos, andando de ônibus ou metrô, fazendo compras nos supermercados.
A maior qualidade do Papa Francisco é a humildade, com tantos anos como arcebispo de Buenos Aires nunca celebrou uma quinta-feira santa na diocese. Sempre foi lavar os pés, abençoar, confessar nos hospitais, prisões, asilos, hospícios.
"O papa Francisco é um homem e não um faraó – explicou monsenhor García – um homem de Deus, um homem simples que conhece a realidade da vida, que viveu e compartilhou a humanidade das pessoas, um papa que cumprimenta, bom dia, boa noite, que deseja um bom apetite, não só porque é educado, mas porque é um missionário que pratica o seu ministério de estar próximo das pessoas".
"Em Roma, todos estão impressionados com o seu modo de atuar, mas Bergoglio não mudará o seu modo de fazer, ele testemunha a boa nova, o papa não é um faraó que vive na pirâmide, é um homem fiel ao seu modo de viver. Ele é assim. E continuará a comportar-se como ele é”.
Com relação a como governará a Igreja universal, monsenhor Garcia disse que "esperemos e veremos”. No que diz respeito ao governo da diocese de Buenos Aires, monsenhor García disse que tudo começou em 2004, quando, depois de ter desenvolvido a missão pós-jubileu, todos se perguntavam: e agora, o que faremos?"
Alguns sugeriram fazer um Sínodo, um congresso nacional. Bergoglio porém propôs um caminho escutando ao povo. E lançou uma missão permanente que continuará levando os sacerdotes às ruas, fora das igrejas. Convidou para sair e entrar em contato com as pessoas. Dizia que “para fazer da cidade um grande santuário, é preciso estar nas ruas”. Procurar os últimos, cuidar dos que sofrem, acompanhar os pobres e os fracos, aproximar-se para confessar os pecadores, converter os corações. Esta é a sua ideia de Igreja.
Assim como propôs em 2007 no encontro do Episcopado Latino-americano (CELAM) realizado em Aparecida. Nessa ocasião, o Cardeal Bergoglio foi o relator-geral propôs exatamente o que ele estava fazendo na Arquidiocese de Buenos Aires.
Em relação a como o papa Francisco reformará a Cúria Romana, monsenhor García, disse que não sabia, e também lembrou ter lido um artigo de 1931 no qual já se pedia uma reforma radical da Cúria.
Ter sido eleito papa, mudou o cardeal Bergoglio? A esta pergunta, monsenhor García disse que a única mudança evidente é que quando estava em Buenos Aires não ria muito, de fato, mantia uma atitude séria e determinada, especialmente com seus colaboradores, mas agora, desde que se tornou papa sua felicidade é mais evidente em mais ocasiões, sua alegria e gozo
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Nos primeiros dias do mês de maio, a Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB retomará com as publicações “Liturgia em Mutirão” no site da CNBB. Com a colaboração dos liturgistas do Brasil, as publicações desejam favorecer a compreensão e vivência do autêntico espírito das celebrações litúrgicas, memoriais do mistério pascal de Cristo e da Igreja, para o louvor do Pai e a santificação de seu povo construtor do Reino guiado pelo Espírito Santo.
O assessor da Comissão para a Liturgia, Frei Faustino Paludo, lembra que no dia 4 de dezembro será comemorado os 50 anos da promulgação da Sacrosanctum Concilium, Constituição Conciliar sobre a Sagrada Liturgia. Ele explica que este foi o primeiro documento conciliar publicado no intuito de orientar a reforma e renovação litúrgica, fruto maduro do Movimento de Renovação Litúrgica e de uma nova consciência e prática celebrativa da Igreja.
“Nestes 50 anos, apesar das adversidades, uma caminhada maravilhosa foi realizada, onde inúmeras pessoas e um número sem conta de iniciativas contribuíram para tornar as ações litúrgicas autênticos encontros com o Senhor e alimento das razões das esperanças do povo sacerdotal a caminho do Reino definitivo”, afirma.
Frei Faustino lembra ainda que “os limites da caminhada em face aos novos apelos de nosso tempo, a celebração jubilar, se por um lado suscita atitude orante, de agradecimento e louvor, por outro lado, convoca a darmos passos novos na perspectiva da acolhida e do aprofundamento do espírito que dinamiza a renovação litúrgica projetada pelo Vaticano II”, finaliza.
Fonte: CNBB
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Papa Francisco: a vida nos foi dada para que a entreguemos
“A fé no retorno de Cristo e no juízo final – disse Papa Francisco na catequese dessa quarta-feira – não é assim tão clara e forte no coração dos cristãos”. Portanto, para iluminar mais essa verdade do nosso Credo o Papa refletiu hoje em três textos evangélicos: “o das dez virgens, o dos talentos e o do juízo final”.
Vigilância:
Fazendo uma leitura da primeira parábola, o Papa disse que a parábola das dez virgens coloca-se no contexto do “tempo imediato” que estamos vivendo, o tempo que está entre a primeira e a última vinda de Cristo. “O Esposo é o Senhor, e o tempo de espera da sua chegada é o tempo que Ele nos presenteia, a todos nós, com misericórdia e paciência, antes da sua vinda final”, afirmou o Papa. Agora é o tempo de vigilância: de manter acesas as lâmpadas da fé, da esperança e da caridade e “de ter aberto o coração para o bem, para a beleza e para a verdade; tempo de viver segundo Deus”. Temos que fazer de tudo para não dormirmos, porque “a vida dos cristãos adormecidos é uma vida triste”.
Dons recebidos:
Tendo diante dos olhos a segunda parábola, a dos talentos, o pontífice afirmou que agora estamos no tempo da ação, e não podemos enterrar os nossos talentos, os nossos dons, como o fez o servo preguiçoso da parábola. Enterrar o próprio dom, é “fechar-se em si mesmo”, disse o Papa e “um cristão que se fecha em si mesmo, que esconde tudo o que o Senhor lhe deu não é cristão!” Portanto, agora é o tempo da espera, o tempo “da ação – nós estamos no tempo da ação -, o tempo de frutificar os dons de Deus não para nós mesmos, mas para Ele, para a Igreja, para os outros, o tempo de fazer sempre crescer o bem no mundo”, comentou o Papa.
Vendo também que a Praça de São Pedro estava repleta de jovens, lançou-lhes este questionamento: “A vocês, que estão no início do caminho da vida, pergunto: pensaram nos talentos que Deus lhes deu? Pensaram em como colocá-los ao serviço dos outros? Não enterrem os talentos!”. “Apostem em grandes ideais” -exortou o Papa, porque “A vida não nos foi dada para a conservarmos cuidadosamente para nós mesmos, mas nos foi dada para que a entreguemos"
Juízo final:
Por fim, trazendo à tona a passagem narrada em Mt 25, do grande juízo final, o pontífice, também recordou Jesus como estrangeiro, como os estrangeiros que estão em Roma: “penso em tantos estrangeiros que estão aqui na diocese de Roma: o que fazemos por eles?”. Porque a matéria do juízo final será, o amor. “Isso nos diz que seremos julgados por Deus sobre a caridade, sobre como o amamos nos nossos irmãos, especialmente nos mais frágeis e necessitados”, sabendo que só a Graça de Deus que nos salva, e que o único que nos é pedido é correspondermos a Ele.
Que olhar para o juízo final não seja motivo de medo, mas de viver melhor o presente, pois "Deus nos oferece com misericórdia e paciência este tempo para que aprendamos a reconhecê-lo a cada dia nos pobres e nos pequenos, nos comprometamos pelo bem e sejamos vigilantes na oração e no amor", disse ao final o Papa.
Fonte: Zenit.
terça-feira, 23 de abril de 2013
Jesus, a "porta de amor" que não engana
Cristo é a única porta para entrar no Reino de Deus, disse Papa Francisco na Santa Missa celebrada esta manhã na capela da Casa Santa Marta. A homilia foi centrada pelo Santo Padre no Cristo Bom Pastor, tema do Evangelho de hoje (Jo 10, 1-10).
Estavam presentes na celebração padre Federico Lombardi e padre Ciro Benedittini, respectivamente diretor e vice-diretor da Sala de Imprensa Vaticana, acompanhados por alguns funcionários da mesma Sala de imprensa e por alguns técnicos da Rádio Vaticano, operativos no Centro Transmisso de Santa Maria da Galeria.
"Quem não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas sobe por outra parte é ladrão ou um salteador", ou alguém que "quer tirar proveito para si mesmo", disse Francisco na homilia.
"Salteadores" sociais desse tipo, também estão presentes “nas comunidades cristãs”, advertiu o Papa. Eles “conscientemente ou inconscientemente fingem entrar, mas são ladrões e assaltantes”, porque “roubam a glória de Jesus”, e aspiram somente à própria glória.
Deste modo, a fé cristã trai a si mesma e se degenera numa “religião de comércio”, um comércio ilícito, o mesmo que levava Jesus a dizer aos fariseus: “vocês perseguem a glória uns dos outros”
Certamente quem se rebaixa a tais coisas, não passa pela verdadeira porta que é Cristo. Como é possível, no entanto, reconhecer tal porta? Através das bem-aventuranças, ou tornando-se “humilde”, “pobre”, “manso”, “justo”.
No entanto, Jesus, acrescentou o Pontífice, não é só a porta, mas também o "caminho", "a estrada ". E embora possa haver "muitos caminhos, talvez mais vantajosos," todos eles são "enganosos" e "falsos"; só Jesus é o caminho.
"Algum de vocês dirá: 'Padre, você é um fundamentalista'", foi a provocação do papa Francisco. Na verdade, explicou, é simplesmente um reconhecimento de Jesus que diz: "Eu sou a porta 'e' o caminho 'para' dar-nos a vida".
Cristo é, portanto, "uma porta linda, uma porta de amor, é uma porta que não nos engana, não é falsa". Jesus "sempre diz a verdade", mas o faz com "carinho" e "com amor".
Por causa do pecado original, pretendemos sempre “ter a chave interpretativa de tudo” e o “poder de fazer o nosso caminho”, de “encontrar a nossa porta, seja ela qual for sempre afirmam "ter a chave para a interpretação do todo" e o "poder de fazer o nosso caminho", para "encontrar a nossa porta, seja ela qual for”.
Muitas vezes, no final, caímos na "tentação de sermos muito donos de nós mesmos e não humildes e servos do Senhor”, ou de buscar “outras portas ou janelas para entrar no Reino de Deus”, quando a única verdadeira porta é Jesus. Temos que pedir portanto ao Senhor “a graça de bater sempre naquela porta”.
No entanto, às vezes, a porta de Jesus "está fechada" e isso pode trazer-nos desânimo e o voltar a bater em outras portas aparentemente "mais fáceis" e "mais confortáveis".
Em vez disso, Jesus "não decepciona" e "não engana” jamais: o nosso desafio é portanto ter a coragem de suplicar-lhe: “tu que destes a vida por mim, por favor, abra, para que eu possa entrar”.
Fonte: Zenit.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
"Toda ideologia é uma falsificação do Evangelho"
A humildade é uma condição necessária se queremos acolher a palavra de Deus e converter-nos. Disse Papa Francisco durante a missa matutina na capela da casa Santa Marta, celebrada desta vez na presença de alguns funcionários da Imprensa Vaticana e do L'Osservatore Romano.
Articulando a sua homilia sobre as leituras do dia (Atos 9, 1-20; Jo 6, 52-59), o Santo Padre recordou a história da conversão de São Paulo, que, depois de ter perseguido Jesus, o acolhe, porque, apesar da sua mente estar perplexa, o seu coração está aberto a Cristo. Uma atitude semelhante é a de Ananias, enquanto os doutores da lei respondem a Jesus com total fechamento e hostilidade.
A voz de Jesus, disse Francisco, "passa pela nossa mente e vai ao coração, porque Jesus procura a nossa conversão”. Paulo e Ananias, acolhendo a Cristo na sua vida, “respondem como os grandes da história da salvação, com Jeremias, Isaías”.
A confusão e a incerteza são típicos de todos os profetas, incluindo Moisés, que se pergunta: "Mas, Senhor, eu não sei falar, como irei dizer isso aos egípcios?" enquanto a Virgem Maria encontra-se a conceber o Filho de Deus, o Salvador da humanidade, sem ser casada, ou "conhecer homem".
O salto de qualidade típico de todos os profetas e santos é a "resposta de humildade", ou a aceitação da Palavra de Deus "com o coração". Todo o contrário da lei, que “respondem só com a cabeça” e assim se fazem impermeáveis para qualquer conversão.
Atualizando o conceito, Papa Francisco identificou nos “grandes teólogos” do nosso tempo, outra categoria de pessoas que “respondem somente com a cabeça”, e não compreendem que a Palavra de Jesus “vai para o coração porque é Palavra de amor, é palavra bonita e traz o amor, nos faz amar”
Quando eles descobrem que quem não comer a carne de Jesus e não beber Seu sangue, não vai ganhar a vida eterna, entram em crise: não conseguem ir além do conceito material e convencional do ato de comer carne.
Entra portanto um “problema de intelecto” e quando a ideologia entra “na inteligência do Evangelho, não se entende nada”, observou o Pontífice.
Nem mesmo o "moralismo" é uma estrada viável: mesmo quem insiste em ver em Jesus uma mera “estrada do dever”, de fato, cai na armadilha da pretensão de compreender tudo somente “com a cabeça”. Quem tem uma atitude assim carrega tudo “sobre os ombros dos fieis”.
Toda ideologia, acrescentou o Papa Francisco, “é uma falsificação do Evangelho” e aqueles que a sustentam são “intelectuais sem talento, eticistas sem bondade”; não entendem nem sequer de beleza. Ao longo da estrada do amor, da beleza e do Evangelho avançam pelo contrário os Santos que, com a humildade da sua conversão, “levam adiante a Igreja”.
A oração final do Santo Padre foi portanto por uma Igreja de coração aberto, livre de “qualquer interpretação ideológica” e fundamenta somente no Evangelho “que nos fala do amor e nos leva ao amor” e “nos faz belos”, dando-nos “a beleza da santidade”.
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Francisco responde a uma carta das Mães da Plaza de Mayo
O Papa Francisco respondeu em 10 de abril a uma carta enviada no passado dia 21 de Março pela Associação das Mães da Plaza de Mayo, com missiva assinada por D. Antoine Camilleri, secretário do Vaticano para as relações com os Estados.
A mesma destaca que "O Santo Padre partilha a dor de muitas mães e famílias que sofreram e sofrem a perda trágica de entes queridos nesse momento da história da Argentina".
E recorda o compromisso assumido por Francisco em relação a outra ferida existente: a "erradicação da pobreza no mundo, para que cesse o sofrimento de tantas pessoas que passam necessidades”. Por isso, pede orações pelos responsáveis pelo bem comum, para que Deus os ilumine.
A carta começa: "Cara Sra. Bonafini, tenho o prazer de acusar o recebimento da carta de 21 de Março, que a senhora teve a boa vontade de dirigir à Sua Santidade Francisco, por ocasião da sua eleição à Sé de São Pedro ".
"Neste contexto, atendo de bom grado a tarefa de trazer-lhe a gratidão do Santo Padre por sua gentil carta, e pelos nobres sentimentos que a motivaram”, lê-se no segundo parágrafo da carta assinada pelo número dois do Vaticano para as Relações com os Estados.
A missiva do monsenhor Camilleri continua recordando o compromisso assumido por Francisco contra a pobreza e a fome no mundo: "O papa responde a essa delicada atenção, pedindo a Deus forças para lutar, desde o ministério que apenas assumiu, para erradicar a pobreza no mundo”.
"Sua santidade – prossegue o comunicado - valoriza e aprecia muito as pessoas próximas aos menos favorecidos, que se esforçam para ajudá-los, entendê-los e que vão ao encontro das suas legítimas aspirações".
"Em suas orações pede a Deus que ilumine os responsáveis pelo bem comum a fim de que combatam o flagelo da pobreza, através de medidas eficazes, equânimes e solidárias".
Com afeto-conclui a carta-lhes dá uma bênção especial, sinal de esperança e alento, e pede às Mães da Praça de Maio para que rezem por ele.
“Com as minhas cordiais saudações em Cristo, Monsenhor Antoine Camilleri, secretário do Vaticano para as relações com os Estados”.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
"A Igreja não é uma babá"
A Igreja não tem que ser como uma “babá que cuida da criança para fazê-la dormir”. Se fosse assim seria uma “Igreja adormecida”. Quem conheceu a Jesus tem a força e a coragem de anunciá-lo. Do mesma forma, quem recebeu o batismo tem a força de caminhar, de seguir adiante, de evangelizar. E “quando fazemos isso a Igreja se torna uma mãe que gera filhos” capazes de levar Cristo ao mundo. Esta é em síntese a reflexão que o Papa Francisco propôs esta manhã, quarta-feira, 17 de abril, durante a celebração da missa na capela da Domus Sanctae Marthae, à qual participaram vários empregados do Instituto para as Obras de Religião. Entre os concelebrantes Monsenhor Vincenzo Pisanello, bispo de Oria, e Giacinto Boulos Marcuzzo, vigário do Patriarca de Jerusalém dos Latinos para Israel.
Durante a homilia, o Pontífice - comentando a primeira leitura dos Atos dos Apóstolos (8, 1-8) -, disse que "após o martírio de Estêvão, estourou uma violenta perseguição contra a Igreja de Jerusalém. Lemos no livro dos Atos que a Igreja estava toda tranquila, toda em paz, a caridade entre eles, cuidavam das viúvas. Mas depois chega a perseguição. Isso é um pouco o estilo da vida da Igreja: entre a paz da caridade e a perseguição”. E acontece assim porque esta, explicou, tem sido a vida de Jesus. Depois da perseguição, continuou o Pontífice, todos fugiram menos os apóstolos. Os cristãos pelo contrário “Fugiram. Sozinhos. Sem sacerdotes. Sem bispos: sozinhos. Os bispos, os apóstolos, estavam em Jerusalém para fazer um pouco de resistência a estas perseguições”. Porém aqueles que fugiram “foram de um lugar para o outro, anunciando a Palavra”. É sobre eles que o Papa quis chamar a atenção dos participantes. Eles "deixaram casa, levaram consigo talvez poucas coisas; não tinham segurança, mas foram de um lugar para o outro proclamando a Palavra. Levavam consigo a riqueza que tinham: a fé. Aquela riqueza que o Senhor os tinha dado. Eram simples fieis, apenas batizados há pouco mais de um ano, talvez. Mas tinham aquela coragem de ir e anunciar. E tinham acreditado! E também faziam milagres! “Expulsavam espíritos impuros de muitos endemoniados, emitindo fortes gritos, e muitos paralíticos e coxos eram curados”.
Ao final: “Houve grande alegria naquela cidade!” Também Filipe tinha ido. Estes Cristãos – cristão há pouco – tiveram a força, a coragem de anunciar Jesus. O anunciavam com as palavras, mas também com as suas vidas. Suscitavam curiosidade: “Mas... quem são estes?". E eles diziam-lhes: “Nós conhecemos Jesus, encontramos Jesus, e o trazemos”. Somente tinham a força do batismo. E o batismo lhes dava esta coragem apostólica, a força do Espírito”.
A reflexão do Papa, em seguida, mudou-se para o homem de hoje: “Eu penso em nós, batizados, se ainda temos esta força. E penso: “Mas nós, acreditamos nisso? Que o batismo seja suficiente para evangelizar? Ou esperamos que o sacerdote diga, que o bispo diga... e nós?”. Muitas vezes, notou o Pontífice, a graça do batismo é deixada um pouco de lado e nós nos fechamos nos nossos pensamentos, nas nossas coisas. “Às vezes pensamos: “Não, nós somos cristãos: recebemos o batismo, fizemos a crisma, a primeira comunhão... e assim a carteira de identidade está bem. E agora dormimos tranquilos: somos cristãos”. Mas, onde está esta força do Espírito que nos leva adiante?” perguntou o Papa. “Somos fieis ao Espírito para anunciar Jesus com a nossa vida, com o nosso testemunho e com as nossas palavras? Quando fazemos isso, a Igreja se torna uma Igreja Mãe que gera filhos”. Filhos da Igreja que testemunham Jesus e a força do Espírito. “Mas – foi a admoestação do Papa – quando não o fazemos, a Igreja se torna não mãe, mas Igreja babá, que cuida da criança para fazê-la dormir. É uma Igreja adormecida. Pensemos no nosso batismo, na responsabilidade do nosso batismo”.
E para reforçar o conceito expresso Papa Francisco lembrou de um episódio acontecido no Japão nas primeiras décadas do Século XVI, quando os missionários católicos foram expulsos do país e as comunidades permaneceram por mais dois séculos sem sacerdotes. Sem. Quando os missionários voltaram depois encontraram uma comunidade viva na qual todos estavam batizados, catequizados, casados na Igreja! E até mesmo os mortos tinham recebido uma sepultura cristã. “Mas – continuou o Papa – não há sacerdote! Quem tinha feito isso? Os batizados!”. Eis a grande responsabilidade dos batizados: “Anunciar Cristo, levar adiante a Igreja, esta maternidade fecunda da Igreja. Ser cristão não é fazer uma carreira de estudo para se tornar um advogado ou um médico cristão; não. Ser cristão é um dom que nos faz ir pra frente com a força do Espírito no anúncio de Jesus Cristo”. Por fim, o Papa dirigiu o seu pensamento à Nossa Senhora que sempre acompanhou os cristãos com a oração quando eram perseguidos ou dispersos. “Orava muito. Mas também os animava: “Ide, fazei...!”
"Pedimos ao Senhor - concluiu - a graça de fazer batizados corajosos e seguros que o Espírito que temos em nós, recebido pelo batismo, nos empurre sempre a anunciar Jesus Cristo com a nossa vida, com o nosso testemunho e também com as nossas palavras”.
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Falando claro: o Espírito Santo nos incomoda
Ontem, (16), durante a missa matinal na Domus Sanctae Marthae, oferecida pelo Papa emérito Bento XVI, em ocasião do seu aniversário, o Papa Francisco fala da necessidade de sermos dóceis ao Espírito Santo, que é uma força que nos incomoda, mas que transforma.
Momentos antes da sua morte, narra a liturgia do dia, Estevão dá um forte testemunho de docilidade ao Espírito, momentos antes do martírio. O Papa Francisco faz notar as suas palavras aos presentes, nesse momento de morte: “Teimosos! Vocês sempre colocam obstáculos ao Espírito Santo”. Dizendo assim, Estevão os acusou de matarem os profetas e só depois venerá-los como santos. O Papa chamou a atenção para o que também aconteceu com os discípulos de Emaús, que foram chamados por Jesus de “Tardos e lentos de coração para acreditar em tudo o que os profetas disseram”. E, disse o Papa, essa mesma resistência ao Espírito Santo é o que acontece conosco.
"Falando claro - disse o Papa - o Espírito Santo nos incomoda. Porque mexe conosco, nos faz caminhar, empurra a Igreja para ir pra frente. E nós somos como Pedro na Transfiguração: ‘Ah, como é bom estarmos aqui, todos juntos!... mas que não nos incomode. Queremos domesticar o Espírito Santo. E isso não está bem. Porque Ele é Deus e Ele é aquele vento que vai e vem e não sabemos de onde. É a força de Deus, é aquele que nos dá a consolação e a força para seguir adiante. Mas: seguir adiante! E isso incomoda. A comodidade é melhor!”.
Até pareceria que hoje temos mais alegria pela presença do Espírito Santo, mas não é assim. Basta olhar para o Concílio Vaticano II “obra do Espírito Santo”. João XXIII foi fiel ao Espírito Santo, mas hoje, 50 anos depois “fizemos tudo o que nos disse o Espírito Santo no Concílio?”, responde o Papa: “Não. Festejamos o aniversário, fazemos um monumento, mas que não nos incomode. Não queremos mudar. E pior: há pessoas que querem ir para trás. Isso é que se chama ser teimoso, isso se chama querer domesticar o Espírito Santo, isso se chama torna-se tardos e lentos de coração”.
Por fim, o Papa sublinhou que na nossa própria vida pessoal temos também essa experiência com o Espírito Santo. Resistimos às suas inspirações. Portanto, exortou no final da homilia: “Não resistir ao Espírito Santo: essa é a graça que eu gostaria que todos nós pedíssemos ao Senhor: a docilidade ao Espírito Santo, àquele Espírito que vem de nós e nos faz seguir adiante no caminho da santidade, aquela santidade tão bonita da Igreja. A graça da docilidade ao Espírito Santo. Amém”.
Fonte: Zenit.
terça-feira, 16 de abril de 2013
O cristão não maquia a vida, mas a aceita do jeito que Deus quer
"Não maquiar a vida", mas aceitá-la do jeito que Deus permite que ela seja. É assim que o cristão encara os problemas da sua existência: não com escapatórias, mas confiando-se plenamente a Nosso Senhor, que sempre dá uma solução e nunca deixa faltar a sua ajuda.
A lista de conselhos do papa Francisco, compartilhada todos os dias nas homilias na Casa Santa Marta, tem agora mais um: não "maquiar" a própria vida.
Partindo da liturgia do dia (13 de abril), tomada por sua vez dos Atos dos Apóstolos, o Santo Padre afirmou que o cristão aceita tudo o que lhe acontece na vida, especialmente as dificuldades, certo de que o Senhor da vida não é ele mesmo, mas Deus. Uma mensagem incisiva e uma lição de vida profunda para todos os fiéis, especialmente para os participantes na celebração, entre os quais membros da Gendarmaria Vaticana, do Corpo de Bombeiros do Vaticano e das religiosas Filhas da Caridade.
Como em sermões anteriores, Francisco falou de algumas "cenas", tanto atuais quanto próprias da primeira comunidade cristã. A leitura do dia descrevia a discussão entre gregos e judeus sobre algumas necessidades práticas, como a assistência às viúvas, considerada por muitos como negligenciada.
"A primeira coisa que eles fazem é criticar, falar uns contra os outros", disse o papa. “Mas isso não leva a nenhuma solução. Os apóstolos, com a assistência do Espírito Santo, responderam bem: chamaram o grupo de discípulos e conversaram".
Este é o primeiro passo, declarou o papa: "Quando temos problemas, temos que olhar bem e falar sobre eles, nunca escondê-los". Os apóstolos, por exemplo, "avaliaram e decidiram", sabendo que o seu primeiro dever era “a oração e o ministério da Palavra".
Neste sentido, a história dos primeiros cristãos se vincula ao evangelho de hoje, em que Jesus tranquilizou os discípulos assustados no lago tempestuoso. O papa reitera: "Quando temos problemas, temos que encará-los. E Nosso Senhor nos ajudará a resolvê-los".
"Não precisamos ter medo dos problemas. O próprio Jesus disse aos discípulos: ‘Sou eu, não temais. Sou eu’. Sempre! Com as dificuldades da vida, com os problemas, com as coisas novas que temos que fazer: nosso Senhor está conosco. É verdade que podemos errar, mas Ele está sempre perto de nós e nos diz: ‘Vamos voltar para o caminho certo’".
Uma das recomendações do papa Bergoglio, pronunciada com a simpatia e com a sinceridade de sempre, é esta: "Não é uma boa atitude maquiar a própria vida: não mesmo. A vida é do jeito que é, é a realidade. Ela é do jeito que Deus quer que ela seja ou permite que ela seja, mas é do jeito que é, e nós temos que aceitá-la do jeito que ela é. E o Espírito do Senhor nos dará a solução para os problemas".
A palavra que Cristo nos renova hoje, é, portanto: "Não tenhas medo. Sou eu". Palavra que, observou o papa Francesco, deve nos acompanhar e consolar "nos momentos em que tudo é escuro" e "eu não sei o que fazer". Sabendo disto, "vamos aceitar as coisas como elas vêm, com o Espírito do Senhor e com a ajuda do Espírito Santo. E vamos em frente, firmes, na estrada certa".
Francisco termina: "Peçamos ao Senhor a graça de não ter medo, de não maquiar a nossa vida, de tentar resolver os problemas como os apóstolos, e de tentar também o encontro com Jesus, que está sempre do nosso lado, mesmo nos momentos mais escuros da vida".
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 12 de abril de 2013
Não é o dinheiro, nem a vaidade, nem o poder: só o amor de Deus é que dá a dignidade
"Nosso Senhor não nos salva com uma carta, com um decreto, mas sim com o seu amor", a ponto de enviar ao mundo o seu Filho unigênito "para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna".
O anúncio pascal ressoou vigorosamente, esta manhã, nas palavras do papa Francisco durante a missa na capela da Domus Sanctae Marthae, concelebrada com os cardeais Sodano e Comastri. Estavam presentes também alguns funcionários da Fábrica de São Pedro e a ministra do Interior italiano, Anna Maria Cancellieri, acompanhada por familiares.
Inspirado no evangelho da liturgia do dia, o Santo Padre centrou a breve homilia no amor de Deus pela humanidade: "Um amor tão grande que o faz mandar o próprio Filho, que se tornou um de nós, que caminhou junto conosco". E isso, destacou o papa, "nos salva".
Mas "o que significa esta salvação? O que significa ser salvo?". Significa reobter de Deus a "dignidade" de ser seus filhos. Uma dignidade que cresce "até o encontro definitivo com ele" e que "é o caminho da salvação", acrescentou o papa Francisco. "E isso é belo, só o amor faz isso. Somos dignos, somos mulheres e homens de esperança. Isto é o que significa ser salvos pelo amor".
No entanto, disse o papa, "perdemos" esta dignidade, esquecemos a esperança que Deus nos deu e continua nos dando. O resultado é que, às vezes, "acreditamos que conseguimos" quando enfrentamos as dificuldades, achamos ser suficientes, baseando tudo em ilusões e em idolatrias.
Por exemplo, o dinheiro. Disse o Santo Padre: “Às vezes pensamos: estou seguro, tenho dinheiro, não tem problema... Ou então: eu tenho dignidade, a dignidade de uma pessoa rica. Mas isso não basta”, disse ele, lembrando a parábola evangélica do homem que acumulou grande riqueza em seu celeiro e disse: "Farei outro para possuir mais e depois dormirei em paz". "Isto não é salvação. É uma salvação temporária, aparente!", ressaltou o papa. Àquele homem da parábola, aliás, o Senhor disse: "Insensato! Nesta mesma noite pedir-te-ei a vida!".
Outras vezes, prosseguiu o papa, "nós pensamos que nos salvaremos com a vaidade, com o orgulho, ao nos acharmos poderosos...". Mas "isso também não funciona", porque serve apenas "para mascarar a nossa pobreza, os nossos pecados, com a vaidade, com o orgulho... E isso também acaba".
Existe uma única "verdadeira salvação", observou o papa, e ela "está na dignidade que Deus nos dá, que Cristo nos deu na páscoa".
Quase como um suspiro de alívio de sua alma simples, o papa exclamou: "É belo acreditar no amor, esta é que é a verdade. É a verdade da nossa vida".
O convite no final da homilia foi o de “fazer hoje um ato de fé”, orando: “Senhor, eu creio. Eu acredito no teu amor. Acredito que o teu amor me salvou. Acredito que o teu amor me deu a dignidade que eu não tinha. Acredito que o teu amor me dá esperança”. Fortalecidos por esta fé, “abramos nossos corações para receber esse amor, para que ele nos complete e nos faça amar os outros. Que assim seja”.
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Fátima: Simpósio teológico-pastoral: "Não tenhais medo. Confiança Esperança Estilo Crente"
"Não tenhais medo. Confiança – Esperança – Estilo Crente" é o título do simpósio teológico-pastoral agendado para 21 a 23 de junho no Santuário de Fátima.
De acordo com o informado a ZENIT pela assessoria do evento, estão programadas, entre outras intervenções, oito conferências, por oradores portugueses e estrangeiros: “Fátima – lugar e mensagem de esperança para o mundo”, por D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra; “Fátima – representações, valores e práticas”, por Alfredo Teixeira, e “A experiência da fé como reconfiguração da confiança humana”, por José Frazão Correia, ambos da Universidade Católica Portuguesa; “O tempo de cura: e eis o pavor (Jr 14,19). Medo e salvação”, por Marta García Fernandez, da Universidade Pontifícia Comillas, Espanha; “A experiência humana do medo”, por Giovanni Cesare Pagazzi, da Faculdade de Teologia da Itália Setentrional; “Estilo crente de habitar o mundo. Onde está a diferença cristã?”, por Stella Morra, da Universidade Pontifícia Gregoriana, Itália; “Maria na vida da Igreja à luz do Concílio Vaticano II e sua receção”, por Salvatore Perrella, Faculdade Pontifícia Teológica Marianum, Itália, e “A Igreja – portadora de esperança no mundo atual”, Magnus Striet, da Universidade de Freiburg, Alemanha.
Destaca-se também o serão cultural previsto para a noite de sábado: “Sem medo às portas do Mistério: visita à Basílica da Santíssima Trindade, por Marco Daniel Duarte, diretor do Museu do Santuário de Fátima.
O programa completo e o período para inscrições serão anunciados em tempo oportuno. Os trabalhos decorrerão no Centro Pastoral de Paulo VI.
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Papa Francisco recebe presidente da Igreja Evangélica Alemã
Manhã de terça-feira movimentada para o papa Francisco: após a celebração habitual na capela da Domus Sanctae Marthae, o papa recebeu em audiência o cardeal Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero, dom Charles Daniel Balvo, arcebispo de Castello e núncio apostólico no Quênia, e dom Héctor Rubén Aguer, arcebispo de La Plata, Argentina.
Pelo importante caráter ecumênico, no entanto, destacamos a audiência do Santo Padre com o Dr. Nikolaus Schneider, presidente da Igreja Evangélica na Alemanha, que compareceu acompanhado da esposa.
O porta-voz da Santa Sé, pe. Federico Lombardi, considera que a reunião desta manhã “foi
realmente cordial” e que “Schneider felicitou o Santo Padre pela escolha do nome Francisco, que é um santo que fala para todos os cristãos de uma forma extremamente eficaz”.
Schneider também falou da inundação e do sofrimento que recentemente atingiu a Argentina, "expressando ao Santo Padre a solidariedade pelos sofrimentos do seu povo".
Lombardi informou ainda que "a conversa sobre o tema ecumênico se concentrou em especial no valor do ecumenismo dos mártires, que tem um peso especial para o papa, conhecedor profundo do sofrimento que muitas pessoas da Igreja Evangélica também experimentaram no tempo do nacional- socialismo e em outras circunstâncias. O sangue derramado pelos mártires une profundamente as várias denominações cristãs no testemunho comum de Cristo".
Schneider recordou que "a memória da Reforma, em 2017, é um momento extremamente
importante para a Igreja Evangélica na Alemanha". A este respeito, o papa Francisco "aproveitou a oportunidade para lembrar os discursos feitos pelo papa emérito Bento XVI em Erfurt, onde viveu e onde Lutero tinha trabalhado".
As conversas foram "particularmente significativas no tocante ao ecumenismo e às relações entre a Igreja católica e a tradição da Reforma e da figura de Lutero", observou Lombardi. A reunião "foi extremamente fecunda e significativa quanto ao endereçamento ecumênico que este pontificado continuará sem hesitação".
Fonte: Zenir.
terça-feira, 9 de abril de 2013
O verdadeiro amor cristão é "abaixar-se na humildade
"Abaixar-se” ao longo do caminho da humildade é a "regra de ouro" para o progresso espiritual de todo cristão. Disse o Papa Francisco durante a homilia na Capela da Casa Santa Marta, na qual o Papa celebrou a missa matutina de hoje na presença de algumas Irmãs da Caridade, o pessoal do Centro Televisivo Vaticano, os jornalistas da edição brasileira da Rádio Vaticana e Arturo Mari, histórico fotógrafo dos papas.
Erguer-se a Deus, portanto, implica um “abaixamento” para dar lugar à caridade. Para exemplificar o conceito, papa Francisco referiu-se às leituras (Lc 1, 26-38) da festa litúrgica de hoje da Anunciação, onde Maria e José obedecem à aparentemente incompreensível vontade de Deus, indo à Belém para obedecer à ordem imperial do censo.
Enfrenta assim um imenso sacrifício e, especialmente José assume uma responsabilidade muito grande, acompanhando a sua esposa, à espera do seu filho, Jesus. “Assim é todo o amor de Deus: para chegar a nós, toma o caminho da humildade”, disse o Papa.
Ao expressar o seu amor aos homens o Senhor recompensa a humildade, mais do que os “ídolos fortes” ou os arrogantes que vociferam: “aqui quem manda sou eu”.
A "regra de ouro", de acordo com a nova tríade "inaciana", sugerida hoje pelo Papa é: "progredir, avançar e abaixar-se”. O último verbo, por muitos motivos, é o mais significativo, em quanto que “se você não se abaixa, não é cristão”, comentou o Santo Padre.
Ser humilde, no entanto, não significa andar por aí “com os olhos baixos”, ressaltou. Pegar o caminho da humildade, pelo contrário, permite que “toda a caridade de Deus venha nesta estrada, que é a única que Ele escolheu”.
Não é por acaso que também o "triunfo da Ressurreição” de Cristo, tome forma graças ao “caminho do abaixamento”. Humildade e caridade, por fim, estão intimamente ligadas, porque “se não há humildade, o amor está bloqueado”, concluiu Papa Francisco.
Fonte: Zenit.
sexta-feira, 5 de abril de 2013
A Igreja Católica e a África
Não obstante a feroz concorrência de diverso tipo de igrejas, sobretudo das correntes islâmicas e protestantes, a verdade é que aumenta cada vez mais o número de católicos em todo o continente africano.
O quotidiano da Igreja Católica em África, contrariamente ao que sucede noutras latitudes, é animado por um número crescente de jovens um facto que deixa perceber que a actual tendência de crescimento se irá manter por muitos mais anos.
Esses jovens, tanto padres como meros crentes, estão a contribuir para que a Igreja Católica ganhe um ritmo mais de acordo com aquilo que são os tempos da modernidade, tanto na concretização dos rituais como, sobretudo, na forma de abordar e resolver os problemas com que a humanidade actualmente se debate.
Depois de gorada a expectativa de se ver agora no Vaticano um padre africano, o continente parece rever-se na pessoa do cardeal escolhido para comandar os destinos da Igreja Católica em todo o mundo.
O facto dele se dizer defensor dos pobres e desprotegidos, faz com que a Igreja Católica em África veja nele a pessoa certa para conseguir um maior equilíbrio de fé entre ricos e pobres na certeza de a sua voz nunca será ignorada por parte daqueles que sempre os tem usado como meros objectos destinados a deles tirar tudo aquilo que podem para ser próprio proveito.
Mas o crescimento do número de católicos no continente africano começou a ser notado depois do segundo Concelho do Vaticano, mais concretamente entre 1962 e 1965, onde a aprovação do uso vernáculo de diferentes línguas captou um número significativo de seguidores, o que foi acompanhado pela delegação de mais poderes às igrejas locais.
Esta “indigenização” da igreja introduziu nos cultos cantos e danças nativas ao mesmo tempo que se assistiu a um crescente surgimento de novos padres africanos que assim passaram a ocupar os lugares que antes pertenciam a missionários europeus.
Todas estas alterações fez com que as populações africanas se sentissem mais ligadas à Igreja que, por sua vez, passou a ter um melhor entendimento dos problemas que os crentes sentiam actuando de forma mais prática e directa na resolução dos problemas que lhes eram colocados pelos seus fieis.
Outro motivo que tem contribuído para o seu crescimento tem sido o modo exemplar como a Igreja Católica em África tem conseguido manter-se a margem de todos os escândalos que envolvem padres europeus e americanos em casos de corrupção ou de abuso sexual de menores.
Sendo quase um “oásis” no meio de tantas polémicas, os líderes africanos da Igreja Católica tem-se pautado por uma total discrição evitando pronunciamentos que possam configurar criticas ou apoios aos numerosos processos que frequentemente chegam ao Vaticano.
Essa postura, mais virada para as questões pastorais do que para os problemas do quotidiano mundano, conferem-lhe uma imagem de grande credibilidade perante a opinião pública mesmo aquela que professa outras religiões.
Este tipo de comportamento pode transmitir a ideia de que existe, por parte dos católicos africanos, uma certa independência em relação aquilo que é ditado desde o Vaticano, o que permite aos seus líderes trilhar caminhos que melhor se adaptem as necessidades dos seus seguidores.
Os líderes protestantes, por exemplo, acham que os católicos africanos tem comportamentos e atitudes que não diferem muito dos seus, tentando fazer passar a imagem de que aquilo que os divide e muito pouco.
Esta análise resulta da necessidade que sentem em travar o crescente número de dissenções, sobretudo entre a juventude, que encontra entre os católicos um sistema mais organizado e capaz de responder as suas necessidades de afirmação de fé.
Na visitas que o anterior papa efectuou a países africanos não deixou de surpreender o número de jovens que participavam nas diferentes realizações então feitas e que mostra bem o enorme potencial de crescimento ainda existente.
Segundo dados do Vaticano estima-se que existam cerca de 186 milhões de católicos em todo o continente africano, com uma maior incidência na região a sul do Saara. Apenas a norte do continente, devido à influência islâmica dos países vizinhos do mundo árabe e que os católicos se encontram em grande minoria muitos deles recorrendo à clandestinidade para fazerem a sua profissão de fé.
Acredita-se que este novo Papa venha a olhar com mais atenção para o mundo africano incentivando e apoiando as diferentes obras que as diferentes congregações religiosas estão a desenvolver, muitas vezes debaixo da própria incompreensão dos governos dos países onde estão instalados.
Esse incentivo pode ser determinante para que a Igreja Católica se assuma, cada vez mais, como uma parceira indispensável no desenvolvimento do continente africano e na construção de uma nova geração de jovens capazes de ter uma visão mais redentora sobre o futuro dos povos e das Naões.
Uma nova geração que, ao mesmo tempo, seja capaz de dar as mãos a todos aqueles que, unidos pela fé, saibam caminhar juntos e resistir a tentação de recorrer a métodos obscuros para concretizar objectivos que estão longe de servir aquilo que o continente africano almeja para a sua afirmação perante o mundo.
Roger Godwin|
3 de Abril, 2013
Jornal de Angola.
Pêsames do Papa pelas vítimas das inundações na Argentina
Depois das inundações que atingiram La Plata, na Argentina, causando pelo menos 54 mortes, o Papa Francisco manifestou o seu pesar aos seus compatriotas.
Em um telegrama dirigido ao arcebispo de Buenos Aires, monsenhor Mario Aurelio Poli, o cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, expressou a solidariedade com as dioceses afetadas, em nome do Santo Padre.
"Papa Francisco – lê-se na mensagem - profundamente entristecido com a notícia dos graves danos provocados pelas chuvas torrenciais dos últimos dias, oferece sufrágios ao Senhor pelo eterno descanso das vítimas e, ao mesmo tempo, deseja expressar a sua paterna proximidade espiritual a todas as pessoas afetadas e aos seus familiares”.
O Santo Padre também encorajou "as instituições civis e eclesiais, bem como as pessoas de boa vontade, a dar com caridade e espírito de solidariedade cristã a ajuda necessária para aqueles que perderam suas casas ou seus bens pessoais."
No final do telegrama, o papa Francisco transmitiu para as pessoas afetadas pela enchente, a sua bênção apostólica, "como um sinal de proximidade ao querido povo argentino"
Fonte: Zenit.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
Lamentar faz mal ao coração
"Eles lamentavam”. E por força das lamentações, a vida deles que, pouco tempo antes, tinha sido iluminada pelo encontro com Jesus Cristo, mergulhava na amargura, na incerteza e no pesar.
Durante a Santa Missa em Santa Marta, na manhã desta quarta-feira, 03 de abril, para funcionários da Domus Sacerdotalis Romana, o Papa Francisco aprofundou a história dos discípulos de Emaús, protagonistas do Evangelho de hoje (Lc 24,13-35).
Esses discípulos, particularmente abalados com a morte violenta do Mestre, “estavam com medo", mais do que os outros. Não paravam de falar da tragédia apenas ocorrida, mas, não mais vendo perspectivas futuras, se lamentavam, e assim se fechavam cada vez mais em si mesmos.
"E cozinhavam a vida deles - por assim dizer - no caldo de suas lamentações, e assim continuavam caminhando”, disse o Santo Padre, comparando a atitude dos discípulos de Emaús à de muitos homens e cristãos de todos os tempos.
Na dificuldade, quando “a Cruz nos visita", o risco imediato que corremos é o de "nos fecharmos em nossas lamentações", disse o Papa. Embora, o Senhor esteja ao nosso lado e caminhando conosco, “não o reconhecemos".
E ainda, quando Jesus nos fala e nos transmite a beleza da sua vida e da sua ressurreição "dentro de nós, no fundo, continuamos com medo" e o lamento se torna um tipo de "segurança": a segurança da “minha verdade, o fracasso ", a ausência de esperança.
No entanto, Jesus, mesmo diante do nosso desespero, manteve uma extraordinária "paciência", bem como para com os discípulos de Emaús, também conosco, nos ouve e, pouco a pouco, se revela. "Mesmo nos momentos mais sombrios: Ele está sempre conosco, caminha conosco. E, no fim, nos faz ver a sua presença ", disse o Santo Padre.
As queixas, portanto, são "ruins", sempre estéreis, porque " tiram a esperança." Quando chega o momento da prova, não devemos cair na armadilha da lamentação. “Mas se algo não vai bem, refugiemo-nos no Senhor, confiemos Nele”.
Só Ele é capaz de nos fazer sair das paredes em que nos fecha a nossa amargura. "Confiemos no Senhor - insistiu o Papa -. Ele sempre nos acompanha em nosso caminho, mesmo nas horas mais sombrias”.
Concluindo, o Santo Padre disse ainda: "Não busquemos refúgio em nossas lamentações: fazem mal ao coração”.
Fonte: Zenit.
quarta-feira, 3 de abril de 2013
"Às vezes, o óculos para ver a Jesus são as lágrimas"
Retomando as suas missas em Santa Marta, celebradas para as pessos comuns, papa Francisco presidiu a celebração desta manhã na presença de um grupo de agentes da da Gendarmaria vaticana.
Na homilia, o Santo Padre fez referência ao Evangelho de hoje, que fala do encontro de Maria Madalena com o ressuscitado. O Papa lembrou a anterior condição de “mulher pecadora” da Madalena, que é redimida ungindo os pés de Jesus e secando-os com os seus cabelos.
Maria Madalena é o símbolo de uma “mulher explorada e também desprezada por aqueles que se achavam justos”, antes de que Jesus perdoe os seus muitos pecados, uma vez que ela “muito amou”.
O novo objeto do amor da pecadora arrependida é Cristo, cuja morte a consterna e deve enfrentar “o fracasso de todas as suas esperanças”. Desaba em lágrimas, como é normal em quem enfrenta um luto, porém, observou o Pontífice, a Madalena não fala: “Falhei nesta estrada” mas se limita a derramar as suas lágrimas.
"Às vezes, em nossas vidas - disse o Papa Francisco - o óculos para ver a Jesus são as lágrimas." É com suas lágrimas, portanto, que Maria Madalena envia esta mensagem: “Eu vi o Senhor".
A dor desta mulher, que mudou de vida graças ao encontro pessoal com Jesus, é a dor de todos nós, nos nossos “momentos mais sombrios”.
É razoável, então, disse o Papa, perguntar-nos: "Temos tido aquela bondade das lágrimas que preparam os olhos para olhar, para ver o Senhor?".
Pode-se chorar por muitos motivos: “pelo bem, pelos nossos pecados, pelas graças, por alegria” e também nós, como a Madalena, podemos pedir ao Senhor a “bela graça” das lágrimas para preparar-nos à vê-lo.
Ver o Senhor não significa percebê-lo com a mesma vista mas “dentro do coração”, disse o Santo Padre. Somente assim poderemos oferecer o testemunho da nossa vida: “Vivo assim porque vi o Senhor”, concluiu o Pontífice.
Fonte: Zenit.
terça-feira, 2 de abril de 2013
Foi um erro grave a postura tomada pelo Conselho Federal de Medicina
O Conselho Federal de Medicina, órgão que representa os mais de 400 mil médicos brasileiros, em nota do dia 21 de março (pode ser lida clicando aqui) posicionou-se a favor da “liberdade e autonomia da mulher”, ou seja, do aborto.
“Para chegar a esse posicionamento, os Conselhos de Medicina se debruçaram sobre o tema durante vários meses”, afirma a nota, dizendo que diversos segmentos foram ouvidos e analisados vários “estudos e contribuições”. E, por fim que “Representantes de grupos religiosos também foram chamados a colaborar, apresentando seu ponto de vista”.
“Por que não foi chamado ninguém do movimento “Brasil sem aborto”, entidade supraconfessional que representa a maioria dos segmentos sociais contrários ao aborto? Por que não foi consultada a Comissão Família e Vida da CNBB, que representa a Igreja no Brasil nesta temática?”, se pergunta – em entrevista à ZENIT - Pe. Hélio Luciano, especialista em bioética e membro da comissão de bioética da CNBB. E responde: “Será que estas pessoas e instituições poderiam ter argumentos fortes contra o aborto, que deslocaria a decisão dos membros do CFM em uma posição contrária ao mesmo?”.
Nesse posicionamento explora-se amplamente o princípio da “autonomia da mulher”, afirmou Pe. Hélio, mas “De nenhum modo negamos tal princípio, importantíssimo e uma grande conquista das últimas décadas. O problema é passar de uma autonomia a um autonomismo, no qual a liberdade real de um indivíduo deveria ser considerada sobre a liberdade dos demais.
Acompanhemos a entrevista que Pe. Hélio concedeu a ZENIT:
ZENIT: O Conselho Federal de Medicina tomou uma decisão correta, eticamente falando?
Pe. Hélio: Há algumas semanas, antes da última reunião do CFM em Belém - reunião que decidiu pelo apoio à defesa do aborto em qualquer situação até a décima segunda semana de gestação – tivemos acesso ao documento composto por uma equipe de trabalho do CFM. Tal documento apresenta-se como imparcial, mas a parcialidade em relação à defesa do aborto é bastante aberta em toda a parte geral do texto, deixando apenas, no final, um pequeno documento de alguém contrário ao aborto.
O mais surpreendente, sob o nosso prisma, é que o tema é tratado a partir de uma contraposição entre a fé e a razão, ou seja, o aborto é defendido a partir de uma postura racional, com argumentos e dados científicos, enquanto a posição contrária ao aborto é colocada como uma posição meramente baseada na religião. Aqui não entramos no mérito da fiabilidade dos dados fornecidos – apesar das cifras de mulheres que morrem anualmente em decorrência do aborto, segundo os números citados, serem superiores ao número de mulheres em idade fértil que morrem por ano (contando todas as causas de morte) – mas na falta de dados científicos e racionais para contrapor o aborto. É fato que a partir da concepção temos um organismo humano, com DNA humano, diferente daquele dos seus pais e pertencente à espécie homo sapiens sapiens. Este novo ser humano tem capacidade de desenvolver-se como um organismo individual, sem nenhuma solução de continuidade no seu desenvolvimento orgânico, que poderá durar mais de cem anos. Colocar que o início da atividade orgânica deste novo indivíduo está na formação de alguma estrutura específica é desconhecer a embriologia humana e perigosa, pois torna-se sempre aleatória - na Europa já começa a defender-se o infanticídio por uma coerência com a postura abortista (a argumentação seria "se a capacidade de ser humano se alcança, por que deveríamos afirmar que a criança recém nascida já alcançou esta capacidade?").
O princípio da autonomia da mulher foi o principal argumento apresentado para a defesa do aborto. De nenhum modo negamos tal princípio, importantíssimo e uma grande conquista das últimas décadas. O problema é passar de uma autonomia a um autonomismo, no qual a liberdade real de um indivíduo deveria ser considerada sobre a liberdade dos demais. A autonomia do ser humano presente no ventre da mãe também deve ser considerada. Ainda que tal autonomia não possa ser exercida por ele mesmo, deve ser defendida - o próprio nascimento do Direito foi exatamente para defender aqueles que não poderiam fazer por si mesmos. Os dois valores em jogo – liberdade da mãe e vida do filho – devem ser colocados na balança e deve-se respeitar aquele com maior peso. Considerando que a liberdade é um valor que depende da vida, parece claro que o respeito à vida deste ser humano deve ser superior ao respeito da liberdade da mulher.
Considerando tudo que foi dito até o momento, podemos dizer que foi um erro grave a postura tomada pelo Conselho Federal de Medicina. Repito que foi um erro não só do ponto de vista moral-religioso, mas também de um ponto de vista ético-racional, desrespeitando o próprio ser humano.
ZENIT: Estar de acordo com a liberdade da mulher, de resolver ou não abortar, é o mesmo que apoiar o aborto?
Pe. Hélio: O que está em jogo aqui não é estar de acordo com a liberdade de ninguém - toda pessoa de bom senso está de acordo com a liberdade dos demais. Porém, é necessário entender que a liberdade tem limite e que atos que não respeitem estes limites não são atos livres, mas violência contra outro ser. Deste modo o ladrão quando rouba não está exercendo propriamente a sua liberdade, mas está agredindo um terceiro.
Sendo assim, estar de acordo com um ato de violência implica também uma culpa. E a culpa será maior quanto maior a responsabilidade da pessoa ou instituição que expressa a sua opinião. No caso do aborto, entendemos que a maioria das mulheres se encontra em uma situação delicada que não encontram outra saída - ainda que sempre exista. Essas mulheres, devido à gravidade de cada situação, podem ter a culpa diminuída.
Pelo contrário, as instituições como o Conselho Federal de Medicina (nas pessoas que o representam), terão uma culpabilidade grande se, pelo seu posicionamento em relação ao aborto, este procedimento for aprovado no Brasil. Neste posicionamento não estão envolvidas questões sentimentais e econômicas graves – que poderiam diminuir sua culpabilidade – mas está envolvida a simples ideologia e o desconhecimento do valor da vida humana, colocado debaixo de um pretenso ato de liberdade.
ZENIT: O CFM chama em si o direito da democracia, de que cada um tenha a sua própria opinião, e a possa expressar.
Pe. Hélio: Nos últimos anos estamos vivendo o que o Beato João Paulo II e o Papa Bento XVI chamavam de “ditadura do relativismo”. Somos todos obrigados a não ter opinião própria, mas considerar que todas as opiniões possuem igual conteúdo de verdade. Tal posição, além de excluir e acusar de fundamentalismo todas as posturas que defendam uma verdade – de modo especial a Igreja – é em si mesma falha e contraditória: se todas as afirmações são relativas, o próprio relativismo é relativo. Se colocarmos um exemplo, talvez possamos entender melhor: uma cadeira é sempre uma cadeira. Podemos encontrar diversas verdades sobre a cadeira – que tem “pés”, que tem um lugar para sentar, que serve para descansar – mas nenhuma dessas verdades pode ser contraditória com outra, senão, por questão de lógica, alguma dessas verdades (ou todas) seria falsam.
Do mesmo modo podemos ter várias considerações em relação ao aborto – quais sejam, do ponto de vista sociológico, epidemiológico, moral, ético, religioso, etc. – porém, nenhuma das mesmas pode ser contraditória entre si. Se dissermos que um embrião é um ser humano e que todo ser humano inocente tem direito à vida, não podemos simplesmente nos contradizer aceitando também uma verdade que a autonomia da mãe tem direito sobre a vida do seu filho.
Mas estas argumentações racionais, atualmente, são diluídas e esvaziadas com a alegação de que são argumentação religiosa. Não importa o grau de racionalidade das mesmas – se vem de alguém que tem fé, simplesmente não é mais uma das tantas “verdades” válidas. A democracia amplamente defendida pela sociedade atual é válida somente para alguns – as pessoas com fé não tem direito a participar da mesma, ainda que seus argumentos sejam racionais.
ZENIT: O CFM não terá passado por cima do conceito de democracia ao tomar uma posição sem respeitar realmente a opinião dos médicos que ele representa?
Pe. Hélio: Defender a violação da vida de um ser inocente é muito mais que passar por cima da democracia. Um simples documento de trabalho feito por poucas pessoas e discutido em um congresso com membros dos Conselhos Regionais de Medicina não pode ser decisivo para questões tão complexas como o aborto.
O ideal seria uma ampla consulta aos médicos – a quem o Conselho representa – para saber a opinião dos mesmos.
ZENIT: Diz a nota do CFM que foi consultado uma ampla parte da sociedade, até mesmo os setores religiosos, mas parece ser que isso não foi feito, porque a notícia pegou a todos de surpresa. A mesma CNBB, por meio de Dom Petrini, lançou uma nota de repúdio a essa decisão do CFM.
Pe. Hélio: Quando tratamos questões sérias, como é o caso do aborto, temos o dever de fazer uma consulta a todos os setores da sociedade, como o CFM afirmou ter feito. Não se pode dizer que esta consulta foi feita simplesmente porque falamos com algumas pessoas (sem considerar que as pessoas procuradas, em sua maioria eram favoráveis ao aborto). O fato de terem colocado no documento de trabalho um texto contrário ao aborto – sendo que todo o demais eram favoráveis a esta prática – e terem chamado um sacerdote para falar ao público, não implica uma ampla consulta àqueles que são contrários ao aborto e nem uma consulta real à Igreja.
Por que não foi chamado ninguém do movimento “Brasil sem aborto”, entidade supraconfessional que representa a maioria dos segmentos sociais contrários ao aborto? Por que não foi consultada a Comissão Família e Vida da CNBB, que representa a Igreja no Brasil nesta temática? Será que estas pessoas e instituições poderiam ter argumentos fortes contra o aborto, que deslocaria a decisão dos membros do CFM em uma posição contrária ao mesmo?
Quando se quer aprovar alguma postura de forma arbitrária, não se faz consulta ampla à sociedade e a seus diversos segmentos – dos quais a Igreja é um deles – mas simplesmente se tenta maquiar aquilo que já tinha sido decidido com tintas de democracia.
Esperamos que o Conselho Federal de Medicina, na seriedade e competência que sempre o caracterizou, possa voltar atrás na sua decisão e abrir de fato o diálogo amplo com a sociedade, com os médicos que representa, e também com os setores favoráveis e contrários ao aborto. Deste diálogo poderemos todos sair mais maduros e com uma decisão que de fato represente o respeito à vida – os médicos foram chamados para cuidar da vida e não para suprimi-la.
Fonte: Zenit.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Os cristãos devem responder ao mal com o bem
Amados irmãos e irmãs,
Agradeço-vos por terdes participado, em tão grande número, neste momento de intensa oração. E agradeço também a todos aqueles que se uniram a nós através dos meios de comunicação, especialmente aos doentes e aos idosos.
Não quero acrescentar muitas palavras. Nesta noite, deve permanecer uma única palavra, que é a própria Cruz. A Cruz de Jesus é a Palavra com que Deus respondeu ao mal do mundo. Às vezes parece-nos que Deus não responda ao mal, que permaneça calado. Na realidade, Deus falou, respondeu, e a sua resposta é a Cruz de Cristo: uma Palavra que é amor, misericórdia,perdão. É também julgamento: Deus julga amando-nos. Se acolho o seu amor, estou salvo; se o recuso, estou condenado, não por Ele, mas por mim mesmo, porque Deus não condena, Ele unicamente ama e salva.
Amados irmãos, a palavra da Cruz é também a resposta dos cristãos ao mal que continua a agir em nós e ao nosso redor. Os cristãos devem responder ao mal com o bem, tomando sobre si a cruz, como Jesus. Nesta noite, ouvimos o testemunho dos nossos irmãos do Líbano: foram eles que prepararam estas belas meditações e preces. De coração lhes agradecemos por este serviço e sobretudo pelo testemunho que nos dão. Vimo-lo quando o Papa Bento foi ao Líbano: vimos a beleza e a força da comunhão dos cristãos naquela Nação e da amizade de tantos irmãos muçulmanos e muitos outros . Foi um sinal para todo o Médio Oriente e para o mundo inteiro: um sinal de esperança. Então continuemos esta Via-Sacra na vida de todos os dias. Caminhemos juntos pela senda da Cruz, caminhemos levando no coração esta Palavra de amor e de perdão. Caminhemos esperando a Ressurreição de Jesus.
Fonte: Zenit.
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