segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Palavras-chave para viver em paz e alegria em família: com licença, obrigado, desculpa

Apresentamos as palavras do Papa Francisco pronunciadas antes de rezar o Angelus com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro neste domingo, 29 de dezembro.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Neste primeito domingo depois do Natal, a Liturgia nos convida a celebrar a festa da Sagrada Família de Nazaré. De fato, todo presépio mostra Jesus junto com Nossa Senhora e São José, na gruta de Belém. Deus quis nascer em uma família humana, quis ter uma mãe e um pai, como nós.
E hoje o Evangelho nos apresenta a Sagrada Família no caminho doloroso do exílio, em busca de refúgio no Egito. José, Maria e Jesus experimentam a condição dramática dos refugiados, marcada por medo, incertezas, necessidades (Mt 2, 13-15. 19-23). Infelizmente, nos nossos dias, milhões de famílias podem reconhecer-se nesta triste realidade. Quase todos os dias a televisão e os jornais dão notícias de refugiados que fogem da fome, da guerra, de outros perigos graves, em busca de segurança e de uma vida digna para si e para as próprias famílias.
Em terras distantes, mesmo quando encontram trabalho, nem sempre os refugiados e os imigrantes encontram acolhimento verdadeiro, respeito, apreço pelos valores de que são portadores. As suas legítimas expectativas se confrontam com situações complexas e dificuldades que parecem às vezes insuperáveis. Por isso, enquanto fixamos o olhar na Sagrada Família de Nazaré no momento em que foi forçada a fazer-se refugiada, pensemos no drama de quantos migrantes e refugiados que são vítimas de rejeição e da escravidão, que são vítimas do tráfico de pessoas e do trabalho escravo. Mas pensemos também nos outros “exilados”: eu os chamarei de “exilados escondidos”, aqueles exilados que podem existir dentro das próprias famílias: os idosos, por exemplo, que às vezes são tratados como presenças incômodas. Muitas vezes penso que um sinal para saber como vai uma família é ver como são tratados nessa as crianças e os idosos.
Jesus quis pertencer a uma família que experimentou estas dificuldades para que ninguém se sinta excluído da proximidade amorosa de Deus. A fuga ao Egito por causa das ameaças de Herodes nos mostra que Deus está lá onde o homem está em perigo, lá onde o homem sofre, lá onde é fugitivo, onde experimenta a rejeição e o abandono; mas Deus está também lá onde o homem sonha, espera voltar à pátria na liberdade, projeta e escolhe pela vida e dignidade sua e dos seus familiares.
Este nosso olhar hoje para a Sagrada Família se deixa atrair também pela simplicidade da vida que essa conduz em Nazaré. É um exemplo que faz tanto bem às nossas famílias, ajuda-as a se tornarem sempre mais comunidades de amor e de reconciliação, na qual se experimenta a ternura, a ajuda mútua, o perdão recíproco. Recordemos as três palavras-chave para viver em paz e alegria em família: com licença, obrigado, desculpa. Quando em uma família não se é invasor e se pede “com licença”, quando em uma família não se é egoísta e se aprende a dizer “obrigado” e quando em uma família um percebe que fez algo ruim e sabe pedir “desculpa”, naquela família há paz e alegria. Recordemos estas três palavras. Mas podemos repeti-las todos juntos: com licença, obrigado, desculpa. (Todos: com licença, obrigado, desculpa!). Gostaria também de encorajar as famílias a tomar consciência da importância que têm na Igreja e na sociedade. O anúncio do Evangelho, de fato, passa antes de tudo pelas famílias, para depois alcançar os diversos âmbitos da vida cotidiana.
Invoquemos com fervor Maria Santíssima, a Mãe de Jesus e nossa Mãe, e São José, seu esposo. Peçamos a eles para iluminar, confortar, guiar cada família do mundo, para que possa cumprir com dignidade e serenidade a missão que Deus lhes confiou.

(Após o Angelus)

ORAÇÃO À SAGRADA FAMÍLIA

Jesus, Maria e José,
em Vós, contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
a Vós, com confiança, nos dirigimos.
Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
escolas autênticas do Evangelho
e pequenas Igrejas domésticas.
Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais se faça, nas famílias, experiência
de violência, egoísmo e divisão:
quem ficou ferido ou escandalizado
depressa conheça consolação e cura.
Sagrada Família de Nazaré,
que o próximo Sínodo dos Bispos
possa despertar, em todos, a consciência
do carácter sagrado e inviolável da família,
a sua beleza no projecto de Deus.
Jesus, Maria e José,
escutai, atendei a nossa súplica.
© Copyright - Libreria Editrice Vaticana



(Trad.: CN notícias) - Fonte: Zenit.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

E agora, José?

A expressão é de um conhecido poema de Carlos Drummond de Andrade, mas a mesma pergunta pode ser feita ao José de Nazaré ou a tantos "Josés", presentes dentro de nós e em torno a nós. Depois do Natal e das festas que correm, o que fazer da vida e como aproveitar as muitas lições do ano que termina? Se o cenário do Natal é carregado de ensinamentos, pedimos hoje licença às outras figuras nele presentes, para contemplar, de modo especial, o homem a quem foi confiada a guarda da Sagrada Família, inspirados por palavras de fogo e simplicidade pronunciadas pelo Papa Francisco, quando começou seu ministério de Sucessor de Pedro:
"Como vive São José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projeto dele que ao seu. Deus não deseja uma casa construída pelo homem, mas quer a fidelidade à sua Palavra, ao seu desígnio; e é o próprio Deus que constrói a casa, mas de pedras vivas marcadas pelo seu Espírito. E José é "guardião", porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação! Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Gênesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem. Fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos. Sede guardiões dos dons de Deus" (Homilia do Papa Francisco - Praça de São Pedro - Terça-feira, 19 de março de 2013, Solenidade de São José).
E agora? O que fazer do ano que está para começar? O primeiro passo é reconhecer que o tempo e as capacidades foram dadas de presente. Deus não precisa fazer previsões, mas oferece um momento depois do outro, com calma, até para permitir-nos curtir cada dia sua riqueza e possibilidades para a nossa felicidade. E sabemos que se o Senhor não construir a casa, em vão trabalham os que a edificam (Cf. Sl 126, 1). Para isso, o ano há de ser preenchido com escuta e fidelidade à Palavra de Deus e discernimento dos sinais que ele envia, sabedoria para colher as lições de cada acontecimento. Cada fato alegre ou triste é carregado de sentido e de apelos de Deus.
O José que está dentro de cada um de nós há de escolher, para ser feliz, a missão de guardião ou guardiã. Faz bem e realiza a existência de uma pessoa quando esta assume responsabilidades, olhando ao redor, para descobrir o bem a ser feito. O guardião toma iniciativa para praticar o bem, começa em si mesmo a mudança do mundo e não deixa qualquer pessoa ou situação sem a marca de sua presença. A sujeira da rua, o trânsito, as plantas e, mais ainda, as pessoas, são de nossa responsabilidade. Todas as oportunidades sejam aproveitadas para fazer o bem e construir um mundo melhor.
São José guardou a Sagrada Família. Uma bela proposta para o ano novo, olhando para seus exemplos e contando com sua intercessão, é trabalhar por valores que alguns consideram tradicionais no sentido negativo. Recordo-me de uma belíssima canção do Padre Zezinho: "Agora falam do desquite e do divórcio, o amor virou consórcio, compromisso de ninguém. E há tantos filhos que bem mais do que um palácio gostariam de um abraço e do carinho entre seus pais. Se os pais se amassem, o divórcio não viria, chamam a isso de utopia, eu a isso chamo paz". Volto ao Papa Francisco: "É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais". Faço um apelo a valores tradicionais, no sentido bem positivo e provocante. Trata-se de uma campanha pela família e pelo matrimônio, justamente no ano em que acontecerá um Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a Família e a Nova Evangelização. Redescobrir na família os valores da fidelidade, da fecundidade e da intimidade, tudo fecundado por uma vida de oração e comunhão com a Igreja.
Nossa vida é tecida por relacionamentos com as outras pessoas. Quanta gente nova entrou com tudo em nosso coração no ano que termina! Com São José aprendamos a "viver com sinceridade as amizades, que são um guardar-se mutuamente na intimidade, no respeito e no bem". No ano que vai começar, cultivar o trato de pessoa por pessoa, aprofundar as amizades verdadeiras, alegrar-se com elas. Mais dos que as listas existentes em nossos aparelhos, que constituem comunidades virtuais, trazer estes nomes para a realidade concreta, visitar, ajudar, ouvir, manifestar ternura e misericórdia. Se cada pessoa for ao encontro, pelo menos uma vez no ano, de cada um de seus contatos de lista, muito teremos feito para um mundo mais fraterno e justo. Haverá mais gente feliz!
Como bom programa do tempo novo que é dado por Deus, "cada qual veja bem como está construindo. De fato, ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que já está colocado: Jesus Cristo. Se então alguém edificar sobre esse alicerce com ouro, prata, pedras preciosas ou com madeira, feno, palha, a obra de cada um acabará sendo conhecida: o Dia a manifestará, pois ele se revela pelo fogo, e o fogo mostrará a qualidade da obra de cada um. Aquele cuja construção resistir ganhará o prêmio; aquele cuja obra for destruída perderá o prêmio – mas ele mesmo será salvo, como que através do fogo (1 Cor 3, 10-13).

Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém do Pará, convida a refletir sobre o que acontece depois do Natal

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A luz de Cristo ainda brilha, inclusive nos lugares mais escuros



"O mundo em que Jesus nasceu não era muito diferente do atual" no Oriente Médio, observaram os patriarcas e líderes das Igrejas cristãs de Jerusalém ao apresentar as suas esperanças e desejos de Natal.
"Em meio a situações difíceis, nós nos alegramos de que a luz de Cristo ainda brilhe, inclusive nos lugares mais escuros", escreveram eles, em mensagem postada neste sábado no site do Patriarcado Latino de Jerusalém (www.lpj.org).
Citando São João Evangelista (1,4-5), os patriarcas dizem na mensagem: "Acreditamos firmemente que a violência não é a solução e que Jesus, o Príncipe da Paz, veio nos mostrar não só como nos reconciliar com Deus, mas também como nos reconciliarmos uns com os outros".
Comparando a fuga da Família de Nazaré para o Egito com a realidade das centenas de milhares de refugiados forçados a deixar casa e parentes no período atual, os patriarcas e chefes das Igrejas cristãs de Jerusalém convidam os fiéis a rezar por todos aqueles que estão longe da sua terra natal, por todas as organizações que os apoiam e pelos líderes do mundo, para que favoreçam "uma situação em que a busca de refúgio não seja mais necessária".

Fonte: Zenit.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Bagdá: governo declara o Natal "feriado nacional"



O governo iraquiano aceitou o pedido feito pelo Patriarca Caldeu Mar Louis Raphael I Sako, e estabeleceu que 25 de dezembro será um dia de festa e feriado nacional para todos os cidadãos do país. Conforme relatado pela agência Asia News trata-se de um novo e importante reconhecimento de uma minoria religiosa, muitas vezes, perseguida. Há alguns dias, em Bagdá, foi montada uma árvore de Natal de cinco metros, às margens do rio Tigre, localizada no bairro de Karrada, no lado leste do rio, onde convivem pacificamente cristãos e muçulmanos xiitas e sunitas.

Na semana passada Mar Sako enviou uma carta ao primeiro-ministro Nouri al -Maliki, pedindo-lhe para declarar 25 de dezembro "feriado para todos os iraquianos". Uma forma de reconhecer o valor e a importância de uma comunidade que, por séculos, contribui ativamente para o desenvolvimento da nação. Na carta – refere a agência - o Patriarca Caldeu lembrou que "Jesus não veio apenas para os cristãos, mas para todos"; ele também destacou o “especial respeito" que os muçulmanos "têm por ele".
Em resposta, na manhã de ontem, o Conselho de Ministros reuniu-se em Bagdá e, presidido pelo primeiro-ministro al -Maliki, tomou esta "importante decisão”. Além disso, as autoridades da capital montaram árvores decoradas em diferentes bairros para "demonstrar respeito e proximidade" à comunidade cristã, durante estes dias de festa. Após a invasão dos Estados Unidos, recorda a Asia News, em 2003, os extremistas islâmicos tomaram como alvo esta minoria religiosa, matando centenas de pessoas, entre eles um bispo, padres, empresários, médicos e políticos. Tal situação fez com que milhares de cristãos fugissem do Iraque, passando em 10 anos, de mais de dois milhões para menos de 300 mil.

Fonte: Zenit.   (Trad.:MEM)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Papa Francisco: "José, homem fiel e justo que preferiu acreditar no Senhor"



Queridos irmãos e irmãs, bom dia !

Neste quarto domingo de Advento, o Evangelho nos narra os acontecimentos que precederam o nascimento de Jesus, e o evangelista Mateus nos apresenta do ponto de vista de São José, o prometido esposo da Virgem Maria.
José e Maria moravam em Nazaré; ainda não moravam juntos, porque o matrimônio ainda não tinha sido concluído. Enquanto isso, Maria, depois de ter acolhido o anúncio do Anjo, ficou grávida por obra do Espírito Santo. Quando José percebeu este fato, ficou confuso. O Evangelho não explica quais eram os seus pensamentos, mas nos diz o essencial: ele procura fazer a vontade de Deus e está pronto para a renúncia radical. Em vez de se defender e fazer valer os seus direitos, José escolhe uma solução que representa para ele um enorme sacrifício. E o Evangelho diz: "Porque era um homem justo e não queria acusá-la publicamente, resolveu deixá-la em segredo" ( 1, 19).
Esta pequena frase resume um verdadeiro drama interior, se pensarmos no amor que José tinha por Maria! Mas, mesmo em tal circunstância, José pretende fazer a vontade de Deus e decide, sem dúvida com grande dor, abandonar Maria em segredo. Devemos meditar nessas palavras, para entender a prova que José teve que enfrentar nos dias que precederam o nascimento de Jesus. Uma prova parecida com aquela do sacrifício de Abraão, quando Deus lhe pediu seu filho Isaque (cf. Gn 22): renunciar à pessoa mais preciosa, à pessoa mais amada.
Mas, como no caso de Abraão, o Senhor interveio: ele encontrou a fé que buscava e abre um caminho diferente, um caminho de amor e felicidade: “José – lhe diz – não temas receber Maria, como sua esposa. De fato, a criança que nela foi gerada vem do Espírito Santo” (Mt 1, 20).
Este Evangelho nos mostra toda a grandeza de alma de São José. Ele estava seguindo um bom projeto de vida, mas Deus reservou para ele um outro projeto, uma missão maior. José era um homem que sempre dava ouvidos à voz de Deus, profundamente sensível à sua vontade secreta, um homem atento às mensagens que lhe vinham do profundo do coração e do alto. Não ficou obstinado em perseguir aquele seu projeto de vida, não permitiu que o rancor lhe envenenasse a alma, mas estava preparado para colocar-se à disposição da novidade que, de forma desconcertante, era-lhe apresentada. Era assim, era um homem bom. Não odiava, e não permitiu que o rancor lhe envenenasse a alma. Mas quantas vezes em nós o ódio, a antipatia também, o rancor nos envenenam a alma! E isso faz mal. Não permiti-lo nunca: ele é um exemplo disso. E assim, José se tornou ainda mais livre e grande. Aceitando-se de acordo com o projeto do Senhor, José encontra plenamente a si mesmo, além de si. Esta sua liberdade de renunciar ao que é seu, e esta sua plena disponibilidade interior à vontade de Deus, nos interpelam e nos mostram o caminho.
Nos dispomos agora a celebrar o Natal contemplando Maria e José: Maria, a mulher cheia de graça que teve a coragem de confiar totalmente na Palavra de Deus; José, o homem justo e fiel que preferiu acreditar no Senhor, em vez de ouvir as vozes da dúvida e do orgulho humano. Com eles, caminhamos junto rumo a Belém.
Depois do Angelus
Leio ali, escrito grande: “Os pobres não podem esperar”. Que bonito! E isso me faz pensar que Jesus nasceu em um estábulo, não nasceu em uma casa. Depois teve que fugir, ir ao Egito para salvar sua vida. Finalmente, voltou para sua casa em Nazaré. E eu penso hoje, também lendo este escrito, em tantas famílias sem casa, seja porque nunca a tiveram, seja porque a perderam por tantos motivos. Família e casa vão juntos. É muito difícil levar adiante uma família sem habitar em uma casa. Nestes dias de Natal, convido a todos – pessoas, entidades sociais, autoridades – a fazer todo o possível para que cada família possa ter uma casa.
Saúdo com afeto a todos vós, queridos peregrinos de vários países para participar deste encontro de oração. O meu pensamento vai às famílias, aos grupos paroquiais, às associações e aos fieis individualmente. Em particular, saúdo a comunidade do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras, a Banda de música de San Giovanni Valdarno, os jovens da paróquia São Francisco Nuovo em Rieti, e os participantes do revezamento que começou em Alexandria e chegou a Roma para testemunhar o compromisso com a paz na Somália.
A todos da Itália que se reuniram hoje para manifestar o seu compromisso social, desejo dar uma contribuição construtiva, rejeitando as tentações do confronto e da violência, e seguindo sempre o caminho do diálogo, defendendo os direitos.
Desejo a todos um bom domingo e um Natal de esperança, de justiça e de fraternidade. Bom almoço e nos vemos!

(Tradução Thácio Siqueira) - Fonte: Zenit.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Papa Francisco: a humildade nos torna fecundos, a soberba estéreis

“A humildade é necessária para a fecundidade”. Foi o que destacou o Papa Francisco na Missa desta manhã de quinta-feira, na Casa Santa Marta. O Santo Padre afirmou que a intervenção de Deus vence a esterilidade da nossa vida e a torna fecunda. Em seguida, chamou a atenção para o comportamento de soberba que nos tornam estéreis.
Tantas vezes, na Bíblia, encontramos mulheres estéreis às quais o Senhor dá o dom da vida. Francisco iniciou assim a sua homilia comentando as leituras do dia e especialmente o Evangelho de hoje que fala de Isabel que era estéril e que teve um filho, João. “A partir da impossibilidade de dar vida - constatou o Papa - vem a vida”. E isso, prosseguiu, também “aconteceu não a mulheres estéreis”, mas que “não tinham esperança de vida”, como Noemi que acabou tendo um neto:
“O Senhor intervém na vida dessas mulheres para nos dizer: ‘Eu sou capaz de dar vida’. Também nos Profetas há a imagem do deserto, a terra deserta incapaz de fazer crescer uma árvore, uma fruta, de fazer brotar alguma coisa. ‘Mas o deserto será como uma floresta - dizem os profetas - será grande, florescerá’. Mas o deserto pode florescer? Sim. A mulher estéril pode dar à luz? Sim. A promessa do Senhor: Eu posso! Eu posso da secura, da secura de vocês, fazer crescer a vida, a salvação! Eu posso da aridez fazer crescer os frutos!”
E a salvação, afirmou o Papa Francisco, é isso: “É a intervenção de Deus que nos torna fecundos, que nos dá a capacidade de dar vida”. Nós, advertiu o Santo Padre, “não podemos fazer isso sozinhos”. Mesmo assim, acrescentou, “muitos provaram pensar na nossa capacidade de se salvar”:
“Até mesmo os cristãos, hein! Pensemos nos pelagianos, por exemplo. (segundo os pelagianos, o homem era totalmente responsável por sua própria salvação e minimizava o papel da graça divina). Tudo é graça. É a intervenção de Deus que traz a salvação. É a intervenção de Deus que nos ajuda no caminho da santidade. Somente Ele pode. Mas, nós o que fazemos? Em primeiro lugar: devemos reconhecer a nossa secura, a nossa incapacidade de dar vida.
Reconhecer isso. Em segundo lugar, pedir: “Senhor, eu quero ser fecundo. Eu quero que a minha vida dê vida, que a minha fé seja fecunda e vá avante e possa transmiti-la aos outros’. 'Senhor, eu sou estéril, eu não posso, Tu podes. “Eu sou um deserto: eu não posso, Tu podes’”.
E essa, acrescentou, pode ser precisamente a oração destes dias antes do Natal. “Pensemos - observou – a como os soberbos, aqueles que acreditam que podem fazer tudo sozinhos, são atingidos”. O Papa voltou seus pensamentos para Micol, filha de Saul. Uma mulher, recordou, “que não era estéril, mas era soberba, e não entendia o que era louvar a Deus”, ao contrário, “ria do louvor”. “E foi punida com a esterilidade”:
“A humildade é necessária para a fecundidade. Quantas pessoas acreditam serem justas, como ela, e no fim são pobrezinhas. A humildade de dizer ao Senhor: ‘Senhor, sou estéril, sou um deserto e repetir nestes dias as belas antífonas que a Igreja nos faz rezar: ‘ Ó filho de Davi, ou Adonai, ou Sabedoria, ou raiz de Jesse, ou Emmanuel..., venha nos dar vida, venha nos salvar, porque só Tu podes, eu não posso!’ E com esta humildade, a humildade do deserto, a humildade de alma estéril, receber a graça, a graça de florescer, de dar frutos e dar vida”.

(Fonte: RADIO VATICANO / SP)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A terra de origem do cristianismo é esvaziada de cristãos

O cristianismo viveu uma história cheia de amor, de aceitação, de testemunho, de doação, de martírio e de santidade. Ainda hoje, ele atravessa uma fase importante na sua história moderna, em especial no Oriente Médio, onde os cristãos testemunham a sua fé na Trindade, no Deus único, e onde dão a vida por Aquele que nos deu a dele.
Do Oriente, Deus fez surgir no mundo a luz da verdade. No Oriente, Deus se encarnou em Seu Filho, Jesus Cristo. A partir do Oriente, o mundo experimentou a salvação através do Salvador que nasceu para nos dar a vida.
Desde o início deste milênio, revoluções e guerras estão sacudindo os países árabes em nome da democracia, matando o homem, imagem de Deus sobre a terra, destruindo as igrejas, casas de Deus, e profanando as coisas sagradas em nome do Deus do Islã.
No Egito, o país em que a Sagrada Família se refugiou durante a infância de Jesus, os cristãos coptas estão oferecendo a Deus sacrifícios diários entre mártires e vítimas por causa da sua profissão de fé e da sua fidelidade a Cristo. No Iraque, na terra de Abraão, não faltam carros-bomba em frente de igrejas e nos bairros cristãos.
De Damasco, a cidade de São Paulo, a voz da igreja local, o patriarca da Igreja greco-católica melquita, Gregório III Laham, confirmou em várias ocasiões o sofrimento e a longa via-crúcis dos cristãos na Síria. Durante os últimos dois anos, cerca de sessenta igrejas foram danificadas e houve mais de 120 mil vítimas; a maioria, cristãos.
Enquanto isso, continuam a se esvaziar os vários povoados de antiga tradição cristã, como Maalula e Saydanaya. Não podemos nos esquecer, além disso, dos 6 milhões de refugiados no Líbano.
Todas as igrejas católicas e ortodoxas de diversos ritos estão sofrendo e participam deste martírio e desta cruz que aflige os cristãos. Os dois bispos ortodoxos sequestrados há meses e as 13 freiras raptadas há 15 dias na Síria, de quem ainda não temos notícias, põem à prova a fé dos cristãos sírios, que, apesar de tudo, ainda não esmoreceu.
Dizem que os cristãos são minoria no Oriente Médio. Isto é verdade em termos numéricos, já que os cristãos são cerca de 15 milhões em meio a 523 milhões de árabes. Mas ninguém pode negar que eles residem naquelas terras há seiscentos anos a mais que os muçulmanos e que todos juntos lá convivem há cerca de 1600 anos, não obstante toda dificuldade.
É verdade que muitos cristãos deixaram seus países em busca de uma vida melhor e digna de sua condição humana, mas também é verdade que ainda há muitas pessoas naqueles lugares que se recusam a abandonar suas terras, preferindo testemunhar e morrer onde nasceram. O povo de Deus, a Sua Igreja, é sempre um só, apesar da dor que o Oriente Médio vive. Uma dor que não é apenas de uma parte da Igreja, mas da Igreja inteira.
A Igreja do Ocidente não pode ficar olhando de braços cruzados a Igreja do Oriente subir o Gólgota, sem lhe dar a mão para carregar a cruz, como Nicodemos. Os cristãos orientais esperam muito das vozes dos cristãos do Ocidente, até agora, infelizmente, silenciosas.

Fonte: Zenit.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Mulheres na Igreja devem ser valorizadas e não "clericalizadas"

"As mulheres na Igreja devem ser valorizadas, não clericalizadas. Quem pensa em mulheres cardeais sofre um pouco de clericalismo".
Esta foi a resposta do papa à pergunta do jornalista Andrea Tornielli: "Posso perguntar se vamos ter mulheres cardeais?". A entrevista, feita em 10 dezembro na Casa Santa Marta, foi publicada hoje pelo jornal La Stampa, de Turim.
Indagado sobre o andamento da “limpeza” no Instituto para as Obras de Religião (IOR), popularmente chamado de “banco do Vaticano”, o papa explicou que "as comissões estão trabalhando bem. O [comitê regulador europeu] Moneyval nos avaliou bem, estamos no caminho certo. Sobre o futuro do IOR, vamos ver. Por exemplo, o "banco central" do Vaticano seria a APSA. O IOR foi criado para ajudar as obras de religião, as missões, as igrejas pobres. Depois é que ele se tornou o que é hoje".
Quanto ao diálogo ecumênico e à esperada unidade dos cristãos, o bispo de Roma observou que existe hoje um “ecumenismo do sangue”. Quando matam cristãos em alguns países, “não perguntam se eles são anglicanos, luteranos, católicos ou ortodoxos”. Para aqueles que os matam, os cristãos estão unidos no sangue, muito embora, entre nós próprios, "ainda não tenhamos conseguido tomar as medidas necessárias para a unidade; talvez o tempo ainda não tenha chegado”.
O papa enfatizou que o ecumenismo é uma prioridade e que a unidade "é uma graça que precisamos pedir".
Sobre o encontro com os ortodoxos, Francisco destacou que “é uma dor ainda não poder celebrar juntos a Eucaristia, mas temos uma grande amizade”. Falando das reuniões com os vários irmãos ortodoxos, Bartolomeu, Hilarion, o teólogo Zizioulas e o copta Tawadros, o papa confessou: "Eu me senti irmão deles. Eles têm a sucessão apostólica, eu os recebi como irmãos bispos (...) Abençoamos um ao outro, um irmão abençoando o outro, um irmão se chama Pedro e o outro André, Marcos, Tomé...".
Tornielli perguntou ao papa o que ele acha das acusações feitas por alguns ultraconservadores, que consideram “marxistas” as observações do pontífice sobre a economia. O papa respondeu que "a ideologia marxista está errada, mas, na minha vida, conheci muitos marxistas bons como pessoas, e, por isso, não me sinto ofendido".
Francisco acrescentou que, na exortação Evangelii Gaudium, "não há nada que já não esteja na Doutrina Social da Igreja". O problema diz respeito às teorias da "recaída favorável", segundo a qual cada crescimento econômico impulsionado pelo livre mercado produz por si mesmo uma equidade maior e mais inclusão social no mundo. Havia a promessa de que, “quando o copo ficasse cheio, ele transbordaria e os pobres seriam beneficiados”.
O problema, porém, diz o papa, é que "quando o copo se enche, ele ‘magicamente’ cresce de novo e nunca transborda nada para os pobres": é isso o que não está certo.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A Igreja em estado de advento

Uma das imagens mais lindas, carregadas de sentido humano e cristão é a da gravidez. Encanta-me encontrar, como acontece com frequência no ambiente amazônico em que vivo, casais que pedem a bênção para a esposa que se aproxima do parto da criança, acolhida como dom de Deus. É a festa da vida e da esperança, a teimosia positiva de pessoas que acreditam que filho não é trabalho, mas bênção de Deus. De fato, "os filhos são herança do Senhor, é graça sua o fruto do ventre. Como flechas na mão de um guerreiro são os filhos gerados na juventude. Feliz o homem que tem uma aljava cheia deles" (Sl 127, 3-5).
A Igreja no tempo do Advento se assemelha a esta linda imagem humana, pois está grávida da graça e da presença salvadora de seu Senhor. Aquele que um dia voltará, e certa como a aurora é a sua vinda (Cf. Os 6,3), vem a nós de novo. "A Igreja deseja ainda ardentemente fazer-nos compreender que o Cristo, assim como veio uma só vez a este mundo, revestido da nossa carne, também está disposto a vir de novo, a qualquer momento, para habitar espiritualmente em nossos corações com a profusão de suas graças, se não opusermos resistência" (Cf. Cartas Pastorais de São Carlos Borromeu, bispo - Acta Eclesiae Mediolanensis, t. 2, Lugduni, 1683, 916-917). O "estado de gravidez" da Igreja em tempo de Advento traz consigo consequências para a vida dos cristãos, que queremos chamar de "Virtudes do Advento", como proposta para as pessoas e as comunidades.
O ponto de partida é a necessidade profunda do Redentor. Não somos capazes de nos redimir por nós mesmos e de oferecer um sentido profundo à existência. Há uma iniciativa gratuita de Deus, que vem ao encontro da humanidade (Cf. Juan Ordoñez Marques, Teologia y Espiritualidad del Año liturgico, pág. 213, BAC, Madrid, 1978). Nossa boa vontade humana é insuficiente! Carecemos de Deus, de sua presença e de seu amor salvador! Uma humanidade sem Cristo é decadente, escorrega para o vazio absoluto. Deus preparou seu povo, através de gerações de homens e mulheres, dentre os quais se destacam os que, considerados pequeno resto dos pobres de Israel, permaneceram fiéis às promessas antigas. Também hoje, diante das promessas de Deus, que é fiel, multiplicam-se os que não duvidam de sua palavra.
A esperança é a virtude própria dessa gente, e queremos fazer parte dela! Quem a vive toma consciência da necessidade do Cristo que vem, abre-se para viver com fidelidade a ele e aponta a bússola de sua vida para a eternidade, onde Deus será tudo em todos. Não espera apenas o dia de amanhã, ou quem sabe uma visita que se anuncia e nem mesmo os eventuais benefícios que a vida oferece, mas espera Deus e espera tudo de Deus.
Viver a virtude da esperança leva o cristão à oração diante da promessa de Deus. E oração cristã é feita com humildade, sinceridade, abertura à vontade de Deus e obediência. Rezar e rezar melhor é próprio do Tempo de Advento. A melhor oração de Advento é a participação na Santa Missa, acompanhando a liturgia de um tempo rico do mistério de Deus. Depois, a oração em família, a Novena de Natal e a oração com a Bíblia, na leitura orante da Palavra de Deus.
Quem espera em Deus e tudo espera dele vive desde já o objeto de sua esperança, sendo fiel e responsável diante dos apelos do próprio Senhor. Como as gerações que precederam a vinda do Salvador viveram como se estivessem vendo o invisível, os cristãos de nosso tempo não podem deixar para amanhã o bem a ser feito. Sua fidelidade a Deus se manifesta na vivência da caridade, a experiência da partilha dos bens espirituais e materiais. É o sentido dos muitos gestos de "Natal sem fome" ou, entre nós, "Belém, a casa do pão", assim como a grande "Coleta para a Evangelização", que se realiza em todo o Brasil neste fim de semana. É tempo de contagiar a todos, para que a generosidade seja experimentada e permaneça no ano que vai começar. É um grande laboratório de caridade, com o qual vale a pena se comprometer.
É quem começou tudo foi o próprio Deus. O Natal é a suprema epifania daquele que a Escritura chama de filantropia de Deus, seu amor pelos homens: "Manifestou-se a bondade de Deus e seu amor pelos homens" (Tt 3, 4). Só depois de ter contemplado a "boa vontade" de Deus para conosco podemos ocupar-nos também da "boa vontade" dos homens, de nossa resposta ao mistério do Natal. Imitar o mistério que celebramos significa abandonar todo pensamento de fazer justiça sozinhos, toda lembrança de ofensas recebidas, suprimir do coração todo ressentimento com respeito a todos. Não admitir voluntariamente nenhum pensamento hostil contra ninguém; nem contra os próximos nem contra os distantes, nem contra os fracos ou contra os fortes, nem contra os pequenos nem os grandes da terra, nem contra criatura alguma que existe no mundo. E isso para honrar o Natal do Senhor, porque Deus não guardou rancor, não olhou a ofensa recebida, não esperou que outro desse o primeiro passo até Ele. Se isso não é possível sempre, durante todo o ano, pelo menos o façamos no tempo do Advento e do Natal. Assim o Natal que se aproxima será realmente a festa da bondade, da filantropia de Deus (Cf. Padre Raniero Cantalamessa, OFM Cap. – pregador da Casa Pontifícia, 24 de dezembro de 2007).
Para assim viver o Advento e o Natal que se aproxima, ressoa no Advento o convite de São João Batista à conversão, mudança de mentalidade, que pode traduzir-se numa corajosa revisão de vida, para arrumar a casa do coração e a busca do Sacramento da Penitência.
Enfim, a Igreja em tempo de Advento convida os cristãos ao otimismo da fé, que se traduz na virtude da alegria, fruto da presença do Espírito Santo em nossos corações.
Vem de Deus a graça que precisamos. Por isso pedimos confiantes: "Ó Deus e bondade, que vedes o vosso povo esperando fervoroso o natal do Senhor, dai chegarmos às alegrias da salvação e celebrá-las com intenso júbilo na solene liturgia. Amém".

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Guardar silêncio para escutar a ternura de Deus



Guardar um pouco de silêncio para escutar a Deus, que nos fala com a ternura de um pai e de uma mãe: Francisco afirmou, na missa celebrada hoje de manhã na Casa Santa Marta, que isto “nos fará bem”.
Abordando a leitura do dia, do livro do profeta Isaías, o papa destacou “não o que Deus diz", mas "como ele diz". Deus nos fala do jeito que o papai ou a mamãe conversam com o filho pequeno. "Quando uma criança tem um pesadelo e acorda chorando, o papai vai lá e fala: não fica com medo, não fica com medo, eu estou aqui. É assim que Deus fala conosco”.
“Nosso Senhor tem esse jeito de falar conosco: ele vem até nós... Quando vemos um pai ou uma mãe falando com o filho, nós notamos que, muitas vezes, eles fazem voz de criança e gestos infantis. Quem olha de fora pode pensar que é ridículo! Mas o amor do papai e da mamãe tem a necessidade de se aproximar, e eu digo esta palavra: de se ‘abaixar’ até o mundo da criança. Sim, se o papai e a mamãe falassem com normalidade, a criança entenderia do mesmo jeito; mas eles preferem usar o jeito de falar da criança. Eles se tornam próximos, se tornam crianças. E Deus também é assim".
O papa recordou que os teólogos gregos explicavam essa atitude de Deus com uma palavra difícil: a synkatábasis, ou seja, "a condescendência de Deus que desce para se fazer como um de nós". Para matizar a ideia, Francisco destacou que "o papai e a mamãe também dizem coisas um pouco ridículas para o filho: ‘meu bebezinho, meu docinho, e todas essas coisas’”. Deus também nos trata assim, diz o papa: embora pequenos, ele nos ama muito e usa a linguagem de amor do pai e da mãe. Palavra do Senhor? Sim: “Escutemos o que ele nos diz. Mas notemos também o jeito como ele diz. E nós temos que fazer o que Deus faz, fazer o que ele diz e como ele diz: com amor, com ternura, com aquela condescendência com os irmãos".
Prosseguindo e citando o encontro de Deus com Elias, o papa explicou que Deus é como a "brisa suave", ou, como diz o texto original, "um fio sonoro de silêncio". É assim que Deus vem a nós, "com aquela sonoridade do silêncio, própria do amor. Sem dar espetáculo". E Deus "se torna pequeno para nos tornar poderosos; ele encara a morte, com a condescendência, para que eu possa viver".
Ao encerrar a homilia, o papa refletiu: "Esta é a música da linguagem do Senhor, e nós, na preparação para o Natal, temos que ouvi-la. Ouvi-la nos fará bem, nos fará muito bem. Normalmente, o Natal parece uma festa de muito barulho: um pouco de silêncio nos fará bem, escutar essas palavras de amor, essas palavras de tanta proximidade, essas palavras de ternura... Guardar silêncio nesse tempo em que, como diz o prefácio, nós estamos vigilantes à espera".

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Legionários de Cristo: 31 sacerdotes serão ordenados neste sábado

O cardeal Velasio de Paolis, CS, delegado pontifício para a Legião de Cristo e para o movimento Regnum Christi, ordenará como sacerdotes 31 religiosos legionários de Cristo numa cerimônia a celebrar-se neste sábado, 14 de dezembro, às 10h da manhã, na Basílica de São João de Latrão, em Roma. As informações são da assessoria de imprensa da congregação.
Os 31 diáconos da Legião de Cristo que receberão a ordenação sacerdotal têm de 30 a 35 anos de idade e provêm de dez países: México (12), Estados Unidos (8), Brasil (3), Argentina (2) e Alemanha, França, Canadá, Colômbia e Chile (1 cada).
Suas histórias vocacionais foram reunidas no livro “Com cheiro de ovelha” e poderão ser lidas também pela internet no site www.ordenaciones.legionariosdecristo.org, a partir do sábado.
“A ordenação desses 31 irmãos nossos é motivo de grande esperança e alegria para todos nós. Eu recebi alguns deles no noviciado, anos atrás, quando eles estavam só começando essa jornada. É uma grande satisfação ver que eles responderam ao dom de Deus e que hoje estão subindo até o altar para se tornar sacerdotes”, declarou o pe. Joseph Burtka, superior de alguns dos ordenandos.
“Temos que agradecer especialmente a Deus e às famílias deles pelo apoio a esses jovens. Somos conscientes de que cada vocação tem por trás muitas orações dos pais, dos avós, dos irmãos e dos amigos. Neste sábado, nós vamos experimentar o quanto nosso Senhor recompensa com abundância essas orações”, completou Burtka.
Dos 31 novos padres, 16 começaram o seu discernimento vocacional e a formação sacerdotal nos centros vocacionais (seminários menores) da Legião de Cristo. Os outros 15 entraram diretamente no noviciado depois de completarem o ensino médio, a formação universitária ou de já terem tido uma experiência profissional. Entre os novos sacerdotes, há, por exemplo, um engenheiro, um médico e até um campeão de natação.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

"Continuar o caminho do abnegado serviço às crianças"

Depois de criar uma comissão para a proteção dos menores e para coibir os casos de abuso sexual contra eles, o papa continua dedicando atenção às crianças vítimas da violência. Neste dia 8 de dezembro, Francisco enviou um telegrama, assinado pelo secretário de Estado, dom Pietro Parolin, por ocasião da inauguração da Casa Mèter na localidade siciliana de Avola. A instituição foi fundada pelo pe. Fortunato Di Noto para prestar assistência às crianças e às suas famílias.
Na mensagem, recebida por meio do bispo de Noto, dom Antonio Staglianò, o papa expressa a sua "satisfação com a instituição" e a encoraja a "continuar no caminho da dedicação abnegada às crianças, sempre motivados pela caridade genuína e pelo amor ao próximo".
O papa também concede a bênção apostólica às crianças e a todas as pessoas envolvidas na Associação Mèter.
Em comunicado público, o pe. Fortunato Di Noto respondeu: "Estamos muito gratos e comovidos com as palavras do papa". Ele agradece “a dom Staglianò, portador da mensagem, ao secretário dom Parolin e, é claro, ao papa Francisco. Pedimos que ele venha tocar com a mão a nossa realidade, renovando o nosso serviço pelas crianças, pela sociedade e pela Igreja católica, da qual todos somos filhos. Obrigado, papa Francisco!".
A Casa Mèter é uma instituição dedicada a dar acompanhamento a crianças vítimas de abusos e violências. Localizada no coração da cidade de Avola, na Sicília, ela presta os seus serviços a todo o território italiano. A casa, diz o comunicado, “oferece um ambiente sereno em que a criança pode começar uma jornada de assistência espiritual e psicológica projetada para ajudar a vítima a superar a tragédia causada pelo abuso".

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Onda de violência na Argentina: Igreja diz que causa não é pobreza, mas vandalismo

Por causa da onda de violência que assolou a província argentina de Córdoba, o novo bispo auxiliar local, dom Pedro Javier Torres, nomeado em 16 de novembro, descreveu os atos de violência como “saques e criminalidade, e não atos de um movimento social que reage contra a fome”.
“Tudo isso não aconteceu por causa da pobreza e da procura de comida, mas por causa da delinquência na província”.
A situação em Córdoba se tornou caótica depois de um pedido de reajuste salarial da polícia. Os policiais entraram em greve e alguns grupos de vândalos e delinquentes aproveitaram para saquear lojas de todo tipo. Parte da população se juntou aos saques.
Não foram saqueados apenas os supermercados e os pontos de venda de alimentos, mas também lojas de eletrodomésticos e de produtos supérfluos. Em muitos casos, os roubos foram cometidos com violência e com a destruição dos locais. Enfrentamentos violentos aconteceram entre os vândalos e as famílias que queriam proteger seus estabelecimentos comerciais.
O depósito da Cáritas em Córdoba também foi saqueado durante a onda de vandalismo, de acordo com a vice-diretora da entidade, Ana Campoli.
Falando na televisão local, dom Torres denunciou as autoridades argentinas pelo “abandono total da província por parte do governo central, coisa que nos dói muito”. Ele considerou “justo e digno de ser escutado” o pedido da polícia de Córdoba, mas afirmou também que “o fim não justifica os meios. É necessário dar um basta a essa anarquia”.
A Conferência Episcopal Argentina enviou hoje uma mensagem ao arcebispo e à população de Córdoba expressando “solidariedade e apoio diante dos graves fatos ocorridos na província”.
O texto do Conselho Permanente, enviado à Agência Fides, declara: “Peçamos que nosso Senhor inspire serenidade e calma neste tempo de Advento, e que Maria, Rainha da paz, proteja todos os cordobeses”.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Renovado compromisso com a alfabetização no Brasil

Há mais de 50 anos promovendo projetos de educação popular, o Movimento de Educação de Base (MEB) realizou, entre os dias 2 e 4 de dezembro, seminário sobre a conjuntura das Políticas Públicas e da Educação Popular relacionada à estrutura social, cultura, política e econômica brasileira. O evento, ocorrido em Brasília (DF), reuniu os seis bispos que acompanham o organismo vinculado à CNBB, os educadores do conselho pedagógico e a equipe executiva.
Segundo o secretário executivo do MEB, padre Gabrielle Cipriani, a instituição teve destaque pela formação de grupos de pessoas pobres e analfabetas, com um método que parte de um diálogo sobre um tema importante da vida da comunidade. Só depois, teve início o processo de alfabetização. “As pessoas são alfabetizadas não apenas no ler e escrever, mas também na capacidade de compreender a conjuntura vivida pela sociedade brasileira”, explica.
O MEB alfabetizou milhares de pessoas, e muitos dos grupos deram origem a comunidades eclesiais de base, sindicatos e movimentos populares. Com a diminuição dos recursos, desde a década de 2000 foi preciso reorganizar as suas ações. “Hoje, atuamos com núcleos de professores que desenvolvem projetos de alfabetização em diversas regiões do país”, explica padre Gabriele. Ele ressalta o trabalho realizado no estado do Maranhão, onde 55 municípios possuem grupos de educação popular, inclusive na capital do Estado. “Também estamos presentes em diversos assentamentos rurais na região nordeste e no interior de São Paulo. Onde não tem escola, onde não tem a estrutura, nós oferecemos o nosso apoio”, completa.


(CNBB/ Red.MEM)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

"No Natal, volte às origens": uma campanha em prol das crianças palestinas

"No Natal, volte às origens" é o nome da campanha lançada pela ATS pro Terra Sancta a fim de ajudar as crianças e as famílias de Belém. A intenção é apoiar os mais vulneráveis​​, ou seja, as crianças pobres, daquele lugar tão especial da Terra Santa em que o próprio Deus se tornou criança.

"Com os recursos arrecadados, queremos apoiar a educação das crianças carentes e com problemas de aprendizagem”, diz o padre Pizzaballa, custódio da Terra Santa, “além de proporcionar assistência médica essencial".
“Neste Advento, Belém está cheia de festa, de alegria, de pessoas que visitam a cidade para reviver aquele momento que mudou a história da humanidade”, comenta o padre. “Mas existem muitas dificuldades e quem mais sofre com um sistema social extremamente frágil são os mais vulneráveis, as crianças”.
“Há muitas crianças em Belém que recebem ajuda dos irmãos, crianças que, sem esse apoio, não teriam esperanças. Nascer em Belém, hoje, significa vir ao mundo numa terra difícil, marcada pelo sofrimento e pela pobreza. A comunidade cristã”, continua Pizzaballa, “está diminuindo ano após ano. Mais e mais pessoas são forçadas a emigrar. Quem fica está lutando para cuidar dos filhos, para mantê-los na escola. Nos territórios palestinos não há nenhuma forma de assistência pública à saúde: os cuidados relacionados com qualquer tipo de doença são bancados pelas famílias, que muitas vezes não têm como arcar com tanto dinheiro, especialmente no caso de doenças crônicas ou de cuidados urgentes”.
“O nosso objetivo, este ano, como frades franciscanos da Custódia da Terra Santa, é destinar 200.000 euros para Belém. E acreditamos que, com uma pequena contribuição de todos, podemos ajudar 300 famílias palestinas e 250 crianças".

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Islâmicos sequestram doze religiosas ortodoxas

Rebeldes islâmicos sequestraram na tarde de ontem, 2 de dezembro, 12 freiras do mosteiro grego ortodoxo de Santa Tecla, em Maalula, ao norte de Damasco. A notícia foi confirmada por dom Mario Zenari, núncio do Vaticano em Damasco, durante contato com o patriarcado ortodoxo grego, que, através do diplomata vaticano, "faz um apelo a todos os católicos para rezarem pelas religiosas".

A notícia foi veiculada pela agência Asia News. "Os homens armados atacaram na tarde de hoje [ontem, 2 de dezembro, ndr] o mosteiro de Santa Tecla em Maalula e mantêm doze religiosas reféns". As freiras estão sendo levadas por um contingente de rebeldes islâmicos para Yabrud, a cerca de 80 km ao norte da capital síria. O núncio e a Igreja ortodoxa grega desconhecem os motivos da ação violenta.
Os rebeldes do Free Syrian Army invadiram o povoado ainda no dia 5 de setembro, derrotando as tropas do regime com o apoio da brigada Al-Nousra, vinculada à Al-Qaeda. Depois de tomar o controle da cidade, os rebeldes islâmicos radicais começaram a profanar os edifícios cristãos e mataram três jovens católicos.
Em busca de abrigo, toda a população cristã local, de mais de 3 mil pessoas, fugiu para Bab Touma, o bairro cristão de Damasco. Alguns conseguiram chegar com suas famílias ao Líbano ou aos conventos da Igreja greco-católica da região. Desde então e até agora, os únicos habitantes que restaram em Maaloula eram muçulmanos e as cerca de quarenta freiras do mosteiro de Santa Tecla, que permaneceram no povoado para cuidar de dezenas de crianças que ficaram órfãs por causa dos conflitos.
Maaloula é cenário de intensos combates entre o exército e os rebeldes sírios, no meio dos quais há muitos membros da milícia extremista Jabat-Al-Nousra. Os enfrentamentos se concentram principalmente na parte alta da cidade, a mais antiga, sede do mosteiro grego ortodoxo de Santa Tecla e dos santos greco-católicos Sérgio e Baco.
Os rebeldes têm lançado ataques contínuos contra o exército que controla a parte baixa da cidade. Fontes da AsiaNews destacam que a luta vem se intensificando: "O exército quer recuperar todos os povoados ao norte de Damasco e lançou uma ofensiva dura contra os rebeldes, que se opõem ao avanço tentando conservar as áreas sob seu controle ‘a ferro e fogo’".

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O Papa Francisco gostaria de visitar os pobres à noite



Muitos já tinham imaginado a cena: um homem vestido de branco que, na calada da noite, distribui esmola aos pobres nas ruas de Roma. É uma das tantas “lendas urbanas” sobre o Papa Francisco mas com um fundo de verdade.
Quem realmente executa esta atividade é monsenhor Konrad Krajewski, esmoler de sua Santidade, que admitiu: "Quando eu lhe contava que estava indo com eles, me perguntava se podia vir comigo".
Encontrando com um grupo de jornalistas, dom Corrado (por esse nome é familiarmente conhecido monsenhor Krajewski no Vaticano) tratou de forma alegre aqueles que lhe perguntavam se alguma vez o Papa o tinha efetivamente acompanhado nas suas saídas noturnas. “Por favor, vos peço, façam-me outra pergunta”, disse sorrindo o bispo polaco.
Sabe-se que, durante os anos de seu ministério episcopal em Buenos Aires, o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, normalmente era encontrado entre as pessoas marginalizadas da capital argentina. Em Roma, porém, isso seria logisticamente muito inconveniente , tanto para o Papa, quanto para a Gendarmeria Vaticana. Ao Papa foi, então, desaconselhado uma presença noturna “on the road” por motivos de oportunidade e segurança.
"Nós rapidamente percebemos que poderia haver problemas de segurança. É uma coisa complicada. Mas ele é assim, não pensa nos problemas”, explicou o esmoler.
O próprio fato de que monsenhor Krajewski não tenha confirmado, nem negado, uma presença do Papa ao seu lado, durante as visitas noturnas aos pobres, fez pensar que algumas vezes o Santo Padre possa ter realmente ido.
Além disso, o prelado brincou: “Quando falo para o Papa, saio esta noite para a cidade, há sempre o risco de que venha comigo".
O que é certo é que o pontífice argentino tem particularmente no coração a atividade do seu esmoler ao qual disse um dia: “os teus braços serão uma extensão dos meus braços”. Cada pobre que encontre, “dom Corrado”, abrace, dando-lhe simbolicamente o abraço do Papa.
"Olhe - disse uma vez Francisco - estes são os meus braços, são limitados, se os estendemos aos de Corrado podemos tocar os pobres de toda a Itália”.
Desde o momento da sua nomeação, no passado mês de agosto, monsenhor Krajewski , que dá voltas por Roma a bordo de um Fiat Qubo, visitou 15 casas, dormitórios e famílias necessitadas.
Há pouco tempo foi à Lampedusa, onde levou 1600 cartões telefônicos aos sobreviventes depois do último naufrágio perto da ilha.
Seguindo o conselho do mesmo Papa Francisco, o esmoler pontifício renunciou a sua escrivaninha: “não combina contigo, você pode vendê-la”, disse o papa
“Dom Corrado” não espera que os pobres toquem na porta dos Muros Leoninos: é ele mesmo que sai por aí procurando-os, e também esta é uma indicação precisa de Bergoglio.
Sempre foi o papa a dizer-lhe: "Toda vez que alguém te chame de "excelência", peça a taxa para os pobres: 5 euros!”
Normalmente monsenhor Krajewski distribui aos pobres de 200 a 1000 euros por dia. A instituição de caridade que dirige, é definida por ele como o "Pronto Socorro do Papa”: só em 2002, este departamento pontifício distribuiu aos pobres um milhão (1.000.000) de euros.
Toda vez que Francisco encontra o seu esmoler, pergunta se precisa de dinheiro. Um vez lhe disse: “a conta está boa quando está vazia, significa que o dinheiro saiu para fazer o bem”.
(Tradução Thácio Siqueira)