sábado, 30 de abril de 2011

Liturgia da Palavra: “Vimos o Senhor!”

Apresentamos o comentário à liturgia do II Domingo da Páscoa – At 2, 42-47; 1 Pd 1, 3-9; Jo 20, 19-31 – redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo). Doutor em liturgia pelo ‘Pontificio Ateneo Santo Anselmo’ (Roma), Dom Emanuele é monge beneditino camaldolense.


* * *

II DOMINGO DA PÁSCOA

Leituras: At 2, 42-47; 1 Pd 1, 3-9; Jo 20, 19-31


“Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos” (Sl 117, 24- Salmo responsorial).

Este grito de alegria acompanhou a celebração da Eucaristia e da Liturgia das Horas, desde o dia da Páscoa até o dia de hoje, oitavo dia da solenidade. A Eucaristia e a Liturgia das Horas são a fonte da vida divina da Igreja e o cume da sua relação esponsal com Cristo, a expressão mais alta da sua fé e a nascente que alimenta sua vida. No pano do fundo do canto incessante deste salmo messiânico está a visão de fé segundo a qual, contra todas as expectativas humanas, com a morte e ressurreição de Jesus, o projeto de salvação do Pai se realizou, e teve início o tempo novo, o dia definitivo, do qual Cristo é luz e vida (cf Sl 117, 22-24).

É o tempo no qual estamos vivendo, animados pela mesma vida divina de Jesus e iluminados pela sua luz. É o “hoje” da atuação incessante do Espírito do Senhor que se torna sempre contemporâneo para nós. Na tarde da Páscoa Jesus ressuscitado, como atesta o evangelho de hoje, derramou o Espírito criador que tudo renova sobre os discípulos e sobre o mundo inteiro, para a remissão dos pecados, re-estabelecendo a verdadeira relação das pessoas com Deus, consigo mesmas e com os demais (cf. Jo 20, 22-23). Cristo ressuscitado é o novo Adão, a origem e a fonte da nova humanidade. Os batizados são as primícias desta humanidade chamada a viver a mesma qualidade de vida de Cristo. (cf. Rm 5, 12-17).

O segundo domingo é o oitavo dia depois da páscoa. É a sua “oitava”, como se diz na linguagem litúrgica. Celebrar uma festa durante oito dias é privilegio das Solenidades fundamentais do mistério de Cristo: seu nascimento (Natal) e sua morte e ressurreição (Páscoa). Na linguagem simbólica da bíblia, o numero oito diz plenitude, paz, fecundidade divina e repouso. O dia oitavo é o dia do descanso de Deus e de toda a criação (cf. Gn 2,3). A extensão da Solenidade da Páscoa por oito dias indica que, com o evento pascal de Jesus, a história da salvação alcançou sua meta. Nela o mundo goza finalmente a plenitude da vida pela qual foi criado. O dia da ressurreição será indicado pelos cristãos como o “dia do Senhor” por excelência – “o domingo” – , celebrado como o dia que qualifica a existência dos discípulos, totalmente orientado para Cristo, proclamado “Senhor” da história e da própria vida.

A Páscoa é assim ao mesmo tempo o “dia oitavo” (plenitude) e o “dia primeiro” (início e nascente) da nova história. Ela orienta o cristão para a meta da vida na eternidade de Deus, e em certa medida doa-lhe a graça de antecipá-la e de antegozá-la, através do seu clima de liberdade interior, da oração, da partilha fraterna e do descanso. A língua portuguesa guarda felizmente este profundo sentido antropológico e teológico do tempo presente semanal, que é derivado da relação com o Domingo, a páscoa semanal, do momento que se denominam os dias da semana como “segunda-feira”, “terça–feira”, etc., isto é, segunda-festa, terceira-festa..., haja vista que a festa primordial é o próprio Domingo.

Quem sabe quantas pessoas estejam conscientes disso? Não seria uma simples e feliz oportunidade para desenvolver uma profunda e vital catequese sobre o sentido pascal da existência cristã?

A partir desta perspectiva espiritual, a celebração comunitária e solene do domingo se tornou cedo para os cristãos como o dia específico da própria fé e sinal da própria identidade, e por isso mesmo irrenunciável, ainda que ao custo da própria vida. Talvez muitas pessoas conheçam a declaração feita diante do juiz por uma mártir de Abitina (África romana) no séc. IV. Para reivindicar tal direito constitutivo do cristão, dizia ela: “Não podemos viver sem a ceia do Senhor... Sim, fui à assembléia e celebrei a ceia do Senhor com os meus irmãos, porque sou cristã” [1].

Os dias da oitava estão atravessados pelo dinamismo existencial do mistério pascal, ao qual os batizados foram iniciados, e que agora procuram seguir na vida cotidiana, ansiando sua plenitude na eternidade. Do ponto de vista pastoral, seria importante valorizar o tecido espiritual de todos os dias da oitava como contexto interior dos domingos que se seguem durante o tempo pascal.

No dia da Páscoa a Igreja louvou a Deus porque em Cristo, morto e ressuscitado, “nos abristes as portas da eternidade” (Oração do dia), enquanto na segunda-feira pediu que o Senhor “acompanhe” o caminho do seu povo até conseguir a autêntica liberdade, para “um dia alegrar-se no céu como exulta agora na terra” (Oração do dia). Na sexta-feira se tornou explícito o pedido da graça para “realizar em nossa vida o mistério que celebramos na fé” (Oração do dia). A Oração depois da comunhão do segundo domingo implora que “conservemos em nossa vida o sacramento pascal que recebemos”.

Na base desta atitude orante da Igreja está, portanto, a clara consciência de que, em qualquer estágio do caminho cristão, somos ainda “criancinhas recém-nascidas”, que precisamos do leite do Espírito para alcançar a maturidade espiritual (Antífona de Entrada – 1 Pd 2,2).

É fundamental ter presente a sábia insistência com a qual a liturgia hoje, nas leituras bíblicas, assim como nas orações, destaca que este processo dinâmico é fruto da iniciativa compassiva e misericordiosa de Deus, e se ativa graças à fé e não ao esforço humano. Pedro sublinha que “em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, ele nos fez nascer de novo, para uma esperança viva, para uma herança incorruptível” (1 Pd 1, 3-4). Na Oração do dia a Igreja volve seu olhar confiante ao Senhor “Deus de eterna misericórdia”, que “reacende a fé do seu povo na renovação da páscoa”. A ele pede a graça de compreender sempre melhor a experiência da iniciação cristã do batismo, da confirmação e da eucaristia.

Acho que seja esta a razão profunda pela qual o bem-aventurado papa João Paulo II desejou que este domingo da oitava se qualificasse também como o “Domingo da misericórdia” de Deus para todo mundo. Focaliza mais uma vez no coração do Pai a nascente da história da salvação, do mistério pascal de Cristo, a origem e a meta do nosso caminho, seguindo a Jesus morto e ressuscitado.

Este dinamismo espiritual, fundamentado na experiência sacramental da iniciação cristã, caracteriza o ciclo inteiro do tempo pascal até a celebração do Pentecostes, constituindo como uma extensão sem interrupção do único e mesmo dia da Páscoa! É um tempo precioso, para aprofundar em espírito de meditação, oração e sensibilidade pastoral, as grandes oportunidades que a liturgia oferece para viver um intenso caminho de graça, desenvolver uma autêntica formação espiritual dos fiéis a partir da liturgia e iniciá-los a uma participação sempre mais profunda e vital.

Neste segundo domingo, contemplamos a páscoa atuando na pessoa de Jesus (evangelho), nos batizados de todos os tempos (2ª leitura) e na comunidade dos primeiros discípulos (1ª leitura). É uma visão de conjunto que destaca o dinamismo permanente da páscoa e da palavra de Deus recebida na fé. Jesus, depois de ter removido, no poder do Espírito, a grande pedra do seu sepulcro, consegue não somente superar o obstáculo dos muros, mas sobretudo derrubar as barreiras do medo e as resistências da frágil fé dos discípulos, fechados em si mesmos e como sepultados em casa por medo dos judeus.

O anúncio da paz por parte de Jesus, o sopro do Espírito sobre eles num gesto de nova criação, a experiência de “ver o Senhor”, transformam o pequeno grupo de medrosos em pessoas cheias de alegria e coragem, prontas para ser enviadas ao mundo, com a mesma disponibilidade livre com a qual Jesus acolheu e atuou o envio recebido pelo Pai. Na força do Espírito, eles se tornam colaboradores do próprio Senhor ao anunciar o reino ao mundo inteiro, e para a instauração da aliança nova, preanunciada pelos profetas em prol do novo povo de Deus.

O novo encontro com os discípulos no domingo seguinte destaca as exigências do caminho de fé que cada discípulo é chamado a cumprir no seguimento do Senhor. Jesus frisa a bem-aventurança da fé, única condição para “ver o Senhor”, isto é, para entrar de maneira vital em relação com Jesus, até deixar que ele seja efetivamente o Senhor da própria existência.

A profissão de fé em Tomé está finalmente completa e o caminho que ele utilizou para chegar a ela torna-se modelo de todo caminho e profissão de fé: “...‘Não sejas incrédulo mas fiel’. Tomé respondeu: ‘Meu Senhor e meu Deus!’. Jesus disse: ‘Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem ter visto” (Jo 20, 27-29).

Não cessará jamais a tensão entre o desejo de “ver o Senhor”, no sentido de procurar a experiência pessoal do Senhor como fundamento da vida, e a beatitude da fé sustentada pelo amor confiante, que não pretende outras provas. “Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação” (1 Pd 1, 8-9).

A comunidade dos discípulos em Jerusalém (At 2, 42-47) é o primeiro fruto da Páscoa e modelo de toda possível comunidade futura: uma comunidade de homens e mulheres participantes da ressurreição de Jesus. A vida deles testemunha que é possível agora uma nova maneira de viver e de relacionar-se. Ela se constrói através de um processo contínuo, sobre os fundamentos que serão os pilares da comunidade cristã de todos os tempos: a escuta perseverante da palavra dos apóstolos no espírito de fé; a comunhão fraterna que nasce da união interior, que chega até a partilha dos bens, dando atenção às necessidades diferentes de cada um; a partilha da mesa do pão eucarístico; a oração comunitária, expressão da comum orientação da vida em relação com o Senhor.

O dinamismo da ressurreição se estende da pessoa de Jesus de Nazaré ao seu corpo vivente, os discípulos e a Igreja inteira ao longo do tempo.

Hoje, no domingo antigamente chamado “in albis” [2], em Roma a Igreja proclama com rito solene que o Senhor fez brilhar a luz radiante e o esplendor da sua cruz e da sua ressurreição no seu servo, o Bem-aventurado papa João Paulo II. Certamente uma testemunha pascal dos nossos dias! Na vigorosa energia da sua fé e do seu ministério pastoral, assim como nas tribulações da violência sofrida e na fraqueza da doença, suportada com espírito heróico e simplicidade de criança, ele está hoje no centro da atenção da Igreja e do mundo, com o rosto do Cristo ressuscitado, portador da sua promessa: “Eis, que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos!” (Mt 28,20)


Notas:

1. Ata dos Santos mártires.... PL 8, 709-710. Hoje em dia uma visão sempre mais secular da vida, o consumismo e até mesmo a complexa organização social do trabalho, põem novos riscos e desafios ao entendimento e à prática cristã do domingo. Para valorizar as dimensões teológicas, espirituais e pastorais do domingo para o nosso tempo, à luz da páscoa e no contexto das mutações culturais e sociais, é ainda muito proveitosa uma leitura atenta da Carta apostólica do papa João Paulo II sobre o domingo. Trata-se de uma autêntica pérola de espiritualidade e de sabedoria pastoral. Cf. JOÃO PAULO II. “Dies Domini – O dia do Senhor”. São Paulo: Paulinas, 1998. n. 158.

2. In albis é uma referência às túnicas “alvas”, isto é, brancas, usadas pelos recém-batizados na noite da Vigília Pascal, como sinal que eles tinham sido “revestidos de Cristo”, como diz Paulo. Os neófitos permaneciam vestidos com as vestes brancas durante todo o período da oitava, depondo-as neste domingo.

Fonte: Zenit.

Site em homenagem à beatificação de João Paulo II

Por ocasião da beatificação de João Paulo II, o Vaticano faz uma homenagem realizando uma página web (www.joaopauloii.va) que acompanhará a jornada de 1º de maio percorrendo a vida do Papa através de alguns momentos mais significativos da sua história e do seu pontificado.

O site foi realizado privilegiando a força e a espontaneidade das imagens. No site estão presentes 500 fotos, 30 vídeos e 400 frases em seis idiomas, num total de 2.400 frases.

Em recordações do pontificado, as imagens estão divididas em temas (por exemplo crianças, jovens, eleição, atentado, jubileu etc.). Cada tema é apresentado na forma de um ‘livro’ de imagens a ser folheado, e cada imagem é acompanhada por uma frase de João Paulo II.

A seção dedicada ao pontificado ano por ano é composta exclusivamente por vídeos. Também, uma das seções do site é dedicada exclusivamente às orações do Papa Wojtyla.

Todo o evento da beatificação poderá ser acompanhado ao vivo graças ao streaming colocado à disposição no próprio site.

O site foi projetado para todos os tipos de tecnologia: PC, Laptop, dispositivos móveis, smarphone, iPhone, iPad etc. Os fiéis e peregrinos poderão ter acesso à página em qualquer lugar que se encontrem e com qualquer um dos dispositivos, para acompanhar a peregrinação, durante todas as jornadas da beatificação, seguindo os eventos através das imagens e das palavras do Beato João Paulo II e portanto rezando com ele.

Além do Serviço Internet do Vaticano e da Direção das Telecomunicações, este projeto contou com a participação de outras Instituições do Vaticano: o Serviço Fotográfico do L’Osservatore Romano, que colocou à disposição o arquivo fotográfico (para o Papa João Paulo II existem milhões de fotos), a Rádio Vaticano e o Centro Televisivo Vaticano para os vídeos presentes, a Libreria Editrice Vaticana pelo livro Tríptico Romano que forma uma seção do site, a Sala de Imprensa e o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, a Opera Romana Pellegrinaggi e a Congregação para a Evangelização dos Povos.


Fonte: Zenit.

Novo site do Conselho Pontifício para os Leigos

Neste sábado entra no ar o novo site do Conselho Pontifício para os Leigos.

Segundo os responsáveis pelo projeto, a data de inauguração foi escolhida em homenagem à beatificação de João Paulo II, pontífice “que deu imenso impulso ao apostolado dos leigos”.

O site, realizado pelo Serviço Informático do Vaticano com tecnologia ‘web content management’, será acessível em quatro idiomas – inglês, italiano, espanhol e francês – e oferecerá imagens, notícias e documentos do Conselho.

O novo site – afirmam os organizadores – é “uma janela aberta” das atividades do dicastério. Oferecerá informação relacionada com laicato, movimentos eclesiais e novas comunidades, pastoral juvenil, vocação e missão da mulher na Igreja e no mundo, Igreja e esporte, campo da cultura, entre outros.

O endereço eletrônico é: www.laici.va

Fonte: Zenit.

João Paulo II, uma vida em imagens

Arturo Mari, o fotógrafo que acompanhou João Paulo II durante 27 anos, falou um pouco de sua trajetória em um encontro com os jornalistas celebrado nesta semana na Universidade ‘Santa Croce’, em Roma, no contexto da beatificação de Wojtyla.

Mari afirmou que desde o primeiro momento compreendeu que João Paulo II “era um santo em vida”. “‘Santo já’ – como disseram os peregrinos nos seus funerais – ele já era”, disse o fotógrafo.

Arturo Mari contou diversas histórias guardadas em sua memória. “Um 18 de maio de 1980, dia de seu aniversário, em uma visita pastoral à paróquia romana de Cristo Rei, um menino de 10 anos, vencendo a escolta, aproximou-se de João Paulo II e disse: “Oi, Papa, como vai?”, e depois lhe confiou: “escapei de casa porque é teu aniversário e eu queria te cumprimentar”. E o menino disse: “sou pobre mas te trouxe um presente”, e lhe deu um caramelo.

João Paulo II respondeu. “Mmmm, eu não o mereço”. Segundo o fotógrafo, muitas vezes Wojtyla dizia essa frase.

“Nestes dias, penso nele, que do céu verá a cerimônia de beatificação e dirá: ‘Mmmm, eu não mereço’”.

Um episódio menos conhecido, em que Mari compreendeu a força de João Paulo II, foi no Peru. Quando chegou a Iquitos, a um aeroporto com pista de terra batida, explicaram-lhe que de um lado estava o Exército e do outro, guerrilheiros do Sendero Luminoso.

Ele “subiu em uma mesa junto ao alambrado e, com um megafone, voltou-se para o Sendero Luminoso, acusando-o de crimes e dizendo, ‘eu estou aqui, vamos conversar, estou disposto a conversar’”. “Dois dias depois houve encontros. Isso dá uma ideia de quem era João Paulo II”.

Depois recordou a viagem do papa ao Sudão em 1993, após a beatificação de Josefina Bakhita. O fotógrafo recorda do papa falando em voz alta com o presidente-ditador Omar Al Bashir: “Presidente, o que está fazendo como chefe de Estado, o senhor está armando as mãos dos criminosos, incitando a vingança entre ricos e pobres, entre muçulmanos”.

O ditador contestou: “Distinto senhor, o senhor está mal informado”. O Papa replicou: “Não é preciso estar muito informado para saber o quanto o senhor está matando”. O ditador contestou: “Coloquemos uma pedra em cima”. João Paulo II acrescentou: “Envergonhe-se, o senhor um dia deverá prestar contas a Deus”. Mari recordou que hoje Al Bashir é considerado criminoso de guerra.

O fotógrafo explicou que em sua vida profissional nunca teve proibições ou dificuldades, quando tinha de fotografar o papa, em dias de trabalho que começavam às 6h30 e muitas vezes se estendiam até às 23h.

A foto mais emocionante: “em sua capela privada, numa Sexta-feira Santa, quando tinha a cruz na mão; apoiou na fronte e no coração a cruz com tal força que suas unhas ficam vermelhas. Mistério da cruz. Seu grande sofrimento”. “Estando próximo de João Paulo II, vi muitas encíclicas. Mas a última foi a do sofrimento”.

Fonte: Zenit.

O jornalismo segundo Wojtyla

“Ele acompanhou de perto a complexidade da comunicação, o surgimento das novas tecnologias e, antes de qualquer um, soube sublinhar nela as grandes coordenadas humanas, quer dizer, esse dirigir-se do homem ao coração de outro homem.”

Dom Claudio Maria Celli, presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, explica dessa forma a atenção dada por João Paulo II ao mundo da informação. Ele falou durante a apresentação do livro ‘Giornalisti abbiate coraggio’, nessa quarta-feira, em Roma.

“Saber dialogar com a cultura digital – afirma o prelado – representa um dos maiores desafios que devemos enfrentar”. O “diálogo cultural de que fala João Paulo II está em linha profunda com o inovado por Bento XVI, cujo magistério se apoia na capacidade de dialogar com as verdades dos demais”.

O papa polonês disse em 1980: “Poucas profissões requerem tanta energia, dedicação, integridade e responsabilidade como a jornalística, mas, ao mesmo tempo, são poucas as profissões que têm uma incidência similar sobre os destinos da humanidade”.

O pontificado de Wojtyla “se entrecruzou com o desenvolvimento, em alguns momentos impetuoso, da revolução das novas tecnologias da comunicação”.

O mundo dos meios de comunicação mudava de forma incessante. Mudavam, certamente, os instrumentos, mas sobretudo os critérios, as modalidades e a própria cultura da comunicação. O pontificado de João Paulo II fez viver “ao vivo” esta fase.

Wojtyla inovou o mandamento paulino de pregar o evangelho a todos. Da cultura informática, o Papa fala, por exemplo, em sua mensagem para o dia das comunicações de 21 anos atrás. Esses eram tempos em que se publicavam também dois documentos importantes sobre a relação entre Igreja e internet.

Fonte: Zenit - (Mariaelena Finessi)

Cracóvia: percorrendo os caminhos de Wojtyla

São 37 os lugares designados pela prefeitura de Cracóvia para o circuito “Percorrendo os caminhos de João Paulo II”, que conduz o peregrino à presença de Wojtyla na cidade, como estudante, operário, ator, seminarista, jovem sacerdote, professor, bispo, cardeal e Papa.

A imagem de João Paulo II se vê em todas as partes da cidade. No palácio arcebispal, destaca-se na janela onde ele aparecia para saudar os fiéis.

Um papa sorridente também surge no altar da basílica Mariacka, na praça central da cidade, onde de 1952 a 1957 ele atuou como sacerdote.

Na paróquia de São Floriano, onde a partir de 1949 Wojtyla foi vigário e começou a “inventar” a pastoral juvenil que culminaria nas Jornadas Mundiais da Juventude, sua imagem abaixo à do mártir romano.

Na cripta da catedral de Santo Estanislau, no interior do castelo de Wawel, Wojtyla celebrou sua primeira missa, a 2 de novembro de 1946. Com frequência ele ia rezar ali durante seu tempo de bispo. Como pontífice, visitou-a para agradecer pelos 50 anos de sacerdócio.

Nesse lugar estão enterrados os heróis da história nacional polonesa, desde o rei Sobieski, que derrotou os otomanos ante os muros de Viena, em 1683, ao marechal Pilsudski, que em 1918 converteu-se no presidente da nova República da Polônia, depois de dois séculos em que o país tinha desaparecido do mapa europeu.

“O bispo Wojtyla – conta monsenhor Zdzislaw Sochacki, pároco da catedral – dizia frequentemente que não se podia entrar nessa cripta sem sentir comoção, pois se trata de um lugar extraordinário para a história da Polônia e de todos os poloneses.”

“João Paulo II se identificava com a história de sua pátria, ele se sentia parte dessa história, e muitas vezes afirmou que estava presente neste lugar com seu pensamento.”

Um sentimento de unidade nacional que não estava separado da identidade cristã. “Seu ministério de pastor em Cracóvia – afirma Sochacki – teve como característica principal o serviço da unidade, o ser pastor para todos.”

Em breve, na catedral de Wawel haverá uma capela dedicada ao futuro beato. “Através de sua intercessão – conclui Sochacki – os poloneses saberão não perder o sentido de sua unidade nacional”.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

No drama do mundo, um amor total

As chuvas caídas na Região Serrana do Rio de Janeiro, com 900 vitimas; o terremoto do Japão e a tsunami com mais de 12 mil mortos; as doze crianças inocentes assassinadas em Realengo por um desequilibrado de vinte três anos que depois se matou; nos deixam tristes e aflitos. Um mistura de impotência e revolta diante da força da natureza e da loucura do homem. Tanto basta para experimentar como é frágil e precária a nossa vida. Que sentido tem celebrar nestas condições a Páscoa? Sendo tão perdidos e desamparados o que sustenta nossa esperança? O que pode nos confortar para não ser engolidos na distração, no consumo, no vazio? A grande pergunta, que tampouco a cultura contemporânea pode negar, é se existe algo que satisfaça plenamente as exigências do coração e que perdure no tempo, para sempre.

E aqui se manifesta o valor da Páscoa de Jesus que abraçou totalmente o sofrimento do mundo, o drama do pecado e a dor da natureza que geme conosco em dores de parto (Romanos 5, 22). No meio do drama do mundo estamos diante de um amor total que abraça e que perdoa. Cristo se dobra sobre o nosso sofrimento e o nosso pecado O abraço do seu amor continuo salva os mortos da chuva, salva estas 12 crianças inocentes e julga o agressor. Sem Cristo estas crianças onde estariam? Tudo terminaria com uma insensata violência e ninguém seria responsável de nada. E os mortos da chuva? E as vitimas da tsunami? Desaparecidas para sempre! A morte foi enfrentada e vencida por Cristo que nos revela um amor maior que corresponde ao nosso desejo mais profundo de vida plena.

Ora o amor do Senhor não é um sentimento, ou apenas um piedoso desejo da razão e do coração. “Eu sou a ressurreição e a vida” (João 11, 25). O seu amor é um fato. Na manhã de Páscoa Ele se mostra e se faz encontrar por pessoas concretas que o reconhecem e cheias de alegria anunciam a sua vitória. A vida humana começa a ser contagiada pela sua imortalidade e, seguindo esta presença, se vence o tempo, o espaço e a morte. Ele é nosso contemporâneo caminha conosco e nos comunica a sua própria vida. Assim nasce a Igreja que é o seu corpo hoje, feito por aqueles que o seguem.Frágeis como todos, mas portadores da vitória de Cristo. Se hoje, somos cristãos é porque, um dia da nossa vida, encontramos alguém que nos testemunhou de modo credível a conveniência humana da fé. Um amigo um rosto, uma comunidade que permitiu verificar que Cristo está presente e hoje ilumina a razão e esquenta o coração como aconteceu com os primeiros que o encontraram.

È necessária simplesmente a abertura de coração e o seguimento de sua presença como Maria Madalena, Pedro, João e uma fila ininterrupta de testemunhas até chegar a Padre Pio, Teresa de Calcutá e ao Papa João Paulo que no primeiro de maio será beatificado e que nos deixou encantados particularmente nas suas visitas ao Rio de Janeiro. Hoje também, no ministério de Bento XVI e na vitalidade da nossa Diocese, (pensemos no grande trabalho da emergência depois da calamidade das chuvas e no plano de reconstrução urbanística e humana das áreas de riscos), os nossos olhos vêem fatos e testemunhos que nos fazem perceber a beleza e a atração de Cristo. Trata-se de uma superabundância de humanidade que nos impressiona.

Esta Páscoa é a ocasião de renovar hoje o encontro com Ele e isso mantém viva a esperança diante do drama de Realengo, do Japão e das chuvas da Região Serrana. E nos permite manter viva a memória para uma vigorosa reconstrução das nossas cidades sem cair no esquecimento e na indiferença. A Páscoa de Jesus muda o rosto do mundo e traz uma verdadeira esperança para todos

Dom Filippo Santoro
Bispo da Diocese de Petrópolis - RJ

Um gigante de Deus

O papa João Paulo II será beatificado neste mês de maio, mês dedicado a Maria, que ele tanto amou, mês também do seu nascimento. Este papa se empenhou em muitas frentes para anunciar o Evangelho numa época conflitiva. O “breve século vinte” de fato foi um século de conflitos e mudanças substanciais. Seriam várias as virtudes e dons que poderíamos ressaltar na personalidade e atuação de João Paulo II. Eu ressalto aqui o que me pareceu uma marca sólida de sua personalidade: a busca da santidade. O papa João Paulo II resgatou para a Igreja e o Mundo a busca da santidade como vocação dos fiéis cristãos.

Em torno desta busca pela santidade ele pautou sua visão de Igreja: escola de comunhão dos santos; sua doutrina social: santidade como justiça. A partir do conceito de santidade ele defendeu os direitos de Deus e os direitos dos homens. Vislumbrou a santidade como meta teológica e antropológica, como realização plena do ser humano e consequentemente da criação. Por isso não se pode estranhar que se clamasse durante seu funeral: santo súbito!

Nunca talvez, tanta gente teve tanta oportunidade de entrar em contato com um papa como se teve com João Paulo II. Sua primeira viagem ao Brasil (1980) foi pontilhada de emoção. Pode-se ouvir então, o papa dizer abertamente tantas palavras que gostaríamos de dizer, mas a ditadura militar vigente não permitia. Visitou os presos da Papuda em Brasília, a Favela do Vidigal no Rio e em São Paulo encontrou os trabalhadores.

Hoje parece fácil clamar pela justiça e o direito em nome da dignidade humana maltratada por uma sociedade rica, porém injusta. Mas nos anos de chumbo da ditadura não era. João Paulo II venceu o protocolo, as conveniências e tudo o mais, para exercer sua missão de anunciar o evangelho da paz, fruto da justiça. Teve coragem! Aliás, uma de suas características sempre foi a fé com coragem, que fez dele um profeta do conturbado século XX.

Viveu no século de duas guerras terríveis e da queda do totalitarismo comunista que ele ajudou a derrubar. Teve coragem também ao protestar contra a guerra movida pelo império norte americano contra o Iraque. Em nome de Deus ele levantou sua voz também contra o neo-liberalismo, o qual promove uma globalização sem solidariedade e uma multidão incontável de excluídos.

Talvez pareça exagerada a comoção quando de seu desaparecimento. Como se costuma dizer: morreu o rei, viva o rei ou rei morto, rei posto. Isto não fez sentido em relação a este papa. Ninguém é insubstituível, mas ninguém é igual. E ele fazia bem ao mundo com a sua proposta de santidade, defesa dos direitos de Deus e dos homens, do clamor pela preservação da vida, pela paz. Ele se fazia ouvir até mesmo pelos que não gostavam dele e por isso tentaram assassiná-lo. Foi uma liderança sólida em um mundo carente de líderes verdadeiros.

Não podemos esquecer também, a nível interno da Igreja, que ela é apostólica. A Tradição nos ensina que a missão apostólica precede a comunidade e a constitui. A apostolicidade fundamenta a existência da comunidade, porque os primeiros missionários com mandato direto de Jesus foram os apóstolos. Entre eles Pedro é o principal. E João Paulo II foi sucessor de Pedro na Sé de Roma, a qual preside na caridade e confirma na fé. Neste espírito de fé e caridade ele foi pranteado à luz do círio pascal. E hoje no tempo pascal a Igreja se alegra, proclamando a sua ressurreição ao beatificá-lo: “quem com Cristo sofre com Ele será glorificado”.

Quando alguém morre nossos julgamentos se tornam mais coerentes e corretos sobre o morto. Isto porque em vida vemos atos isolados. Mas na morte de alguém vemos o conjunto de sua vida. Deixamos de examinar o varejo para examinar o atacado. À medida que o tempo passa a grandeza vai aparecendo com mais força. Com João Paulo II foi assim. A história já lhe rende homenagens justas e merecidas. Quem poderá esquecer a grandeza deste papa que ousou pedir perdão pelos erros do passado da Igreja, no que foi um dos pontos altos das comemorações do jubileu do ano 2000? Ele provou que a humildade é a virtude dos fortes e dos que tem uma mente sadia, capaz de promover a reconciliação e a paz, através do perdão. Sem perdão, a justiça será sempre uma maneira de vingança em todas as circunstâncias.

Em uma sociedade moderna ou pós-moderna, mas desencantada, porque percebe, que a morte de Deus tão propalada, acarreta de certa forma, a morte da pessoa humana, a fortaleza e a alegria de viver de João Paulo II deixaram saudade. Ele era um semeador de esperança.

Na Igreja dos primeiros séculos se dizia que o bispo, sucessor dos apóstolos exerce seu serviço em nome de Jesus, porque recebe o ofício de embaixador que vem da parte de Deus (cf. S. João Crisóstomo in Com. Ad Col. 3,5). Nas vezes que pude encontrá-lo e falar com ele, me impressionou a profundidade de seu olhar, parecia ver com os olhos de Deus. Mais que nenhum outro bispo João Paulo II foi embaixador de Deus no final do século passado e no início deste novo milênio. Por isso não o esquecemos e a Igreja confirma o dom que Deus lhe deu: a santidade da qual o mundo sempre teve fome.

Fonte: Dom Pedro Carlos Cipolini
Bispo Diocesano de Amparo - SP

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ganância é a raiz de todo pecado

Bento XVI deixou sua residência de Castelgandolfo, onde está descansando estes dias, e veio esta manhã ao Vaticano. Na Praça São Pedro, uma multidão de fiéis o aguardava. A semana que precede a beatificação de JPII e segue as cerimônias pascais está trazendo à Cidade Eterna milhares de turistas que, somados aos peregrinos, lotaram a praça diante da Basílica.

Após uma volta com o papamóvel para saudar todos, o papa proferiu a sua catequese, como faz sempre às 4as feiras, em várias línguas.

Hoje, o pontífice discorreu sobre a carta de São Paulo aos Colossenses, na qual o Apóstolo recorda aos cristãos que devem buscar as coisas “do alto” e defender-se das coisas “da terra”.

As coisas a serem evitadas – Bento XVI explicou – são a impureza, a imoralidade, as paixões, os desejos do mal e a ganância. O objetivo será cancelar em nós este desejo insaciável de bens materiais e o egoísmo, raiz de todo pecado.

Ele disse em português:

“A Páscoa é o centro do mistério cristão, pois tudo tem como ponto de partida a ressurreição de Cristo. Da Páscoa irradia, como de um centro luminoso, toda a liturgia da Igreja, que dela toma o seu conteúdo e significado. A celebração litúrgica da morte e ressurreição de Cristo não é uma simples comemoração, mas a atualização no mistério dessa realidade pela qual Cristo iniciou uma nova condição do nosso ser homens: uma vida imersa na eternidade de Deus. Por isso, toda a nossa existência deve assumir uma forma pascal, como ensina São Paulo na Carta aos Colossenses: “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto” (3,1). Longe de significar um desprezo das realidades terrenas, o Apóstolo diz-nos que devemos buscar aquilo que pertence ao “homem novo”, revestido de Cristo pelo Batismo, mas que tem necessidade incessante de se renovar à imagem d’Aquele que o criou. Cada cristão, bem como cada comunidade, que vive a experiência desta passagem de ressurreição, não pode deixar de converter-se em fermento novo no mundo, doando-se sem reservas às causas mais urgentes e justas, como demonstram os testemunhos dos Santos de todas as épocas e lugares”.

Em seguida, Bento XVI dirigiu-se aos fiéis de modo mais informal, saudando os grupos presentes:

“Queridos peregrinos de língua portuguesa, particularmente os portugueses vindos de Lisboa e da Sertã e os brasileiros de Poços de Caldas, a minha saudação, com votos duma boa continuação de santa Páscoa! Não podemos guardar só para nós a vida e a alegria que Cristo nos deu com a sua Ressurreição, mas devemos transmiti-la a quantos se aproximam de nós. Assim, fareis surgir no coração dos outros a esperança, a felicidade e a vida! Sobre vós e vossas famílias, desça a minha Bênção Apostólica”.

Em italiano, o pontífice saudou inicialmente os Diáconos da Companhia de Jesus ordenados ontem, invocando sobre eles em seu itinerário formativo e apostólico os dons do Espírito Santo.

Hoje estava na praça um grupo de cidadãos da ilha italiana de Lampedusa, acompanhados por seu bispo, Dom Francesco Montenegro. O papa os encorajou a continuarem com seu estimado esforço de solidariedade pelos irmãos migrantes.

Neste sentido, Bento XVI pediu aos governantes que prossigam a indispensável ação de tutela da ordem social, no interesse de todos os cidadãos.

Fonte: Rádio Vaticano

Carro bomba explode em frente a igreja católica no Domingo de Páscoa

A comunidade católica de Bagdá sofreu um novo ataque terrorista no último Domingo de Páscoa quando um carro bomba explodiu em frente à igreja do Sagrado Coração pouco depois do final da Missa dominical.

O atentado deixou quatro feridos e destruiu as janelas do templo localizado no distrito de Karrada. Também causou severos danos em uma caminhonete da polícia estacionada na porta da igreja.

Os feridos são dois policiais e dois civis. Não se reportaram ameaças prévias ao ataque, mas a segurança foi incrementada pela Páscoa nas igrejas de Bagdá e nas províncias do norte, onde residem muitos cristãos.

"Nossa vida no Iraque está cheia de medo", afirmou o sacerdote Hanna Saad Sirop aos fiéis reunidos na igreja caldéia de São José em Bagdá. "Mas temos que viver na fé e na confiança. Temos que confiar em Deus Todo-poderoso", acrescentou.

As autoridades iraquianas proporcionaram maior segurança às igrejas cristãs a partir do 31 de outubro do ano passado quando um ataque terrorista na Catedral siro-católica de Bagdá deixou 50 mortos e dezenas de feridos.

Estima-se que a população cristã do Iraque –que chegava a mais de 1,5 milhões de pessoas- foi reduzida pela metade desde a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003 e a perseguição religiosa

Fonte: ACI

Prossegue ajuda da Igreja Católica ao Haiti

Prossegue o compromisso da comunidade católica em responder concretamente ao desejo de renascimento da sociedade haitiana, após o terremoto que abalou o país em janeiro de 2010.

A Catholic Health Association e a Catholic Relief Services, Caritas dos Estados Unidos, estão trabalhando no projeto de reconstrução do Hospital São Francisco de Sales, que uma vez terminada, oferecerá duzentos leitos.

O presidente da Catholic Health Association, a religiosa Carol Keehan, explicou ao jornal da Santa Sé L'Osservatore Romano, que o projeto pretende desenvolver uma parceria com os agentes de saúde haitianos a fim de melhorar os serviços de assistência.

O projeto quer favorecer também o retorno ao país de médicos e enfermeiros haitianos que atualmente trabalham no exterior. "A reconstrução do hospital é um dos melhores exemplos do compromisso da comunidade católica e vários são os pequenos projetos", ressaltou o núncio apostólico no Haiti, Dom Bernardito C. Auza.

O arcebispo explicou que desde o fim de março passado, a comissão criada pela Igreja Católica para a reconstrução do Haiti (Proche – Proximité Catholique à Haiti et à son Eglise) iniciou as atividades. "Criamos essa comissão técnica para garantir que os trabalhos sejam bem feitos. Tenho certeza de que podemos ir adiante sempre com ajuda da Igreja, sobretudo das Igrejas locais" – frisou o núncio.

Melhoram as condições dos deslocados haitianos. Foram realizados vários progressos na ajuda às vítimas do terremoto, mas muita coisa ainda é preciso ser feita. Segundo estimativas recentes, cerca de 600 mil pessoas vivem nos campos de deslocados.

Fonte: Rádio Vaticano

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Brasileiros começam chegar para a beatificação

Faltam quatro dias para a beatificação de João Paulo II. Entretanto, muitos brasileiros e fiéis de língua portuguesa já estão aqui em Roma à espera do grande dia. Durante toda a semana de Páscoa, nas diversas celebrações, não foi difícil encontrar a bandeira verde e amarelo nas imagens captadas na Praça de São Pedro. Apesar desse orgulho nacional tão longe das terras brasileiras, muitas vezes é difícil compreender todos os rituais que acontecem no Vaticano. Como a língua portuguesa é falada por mais de 230 milhões de pessoas em todo mundo, certas vezes os anúncios das atividades são feitos na nossa língua.

No meio da multidão, atento as palavras do Papa enquanto Bento XVI falava em língua portuguesa, lá estava Marcelo Henrique de Oliveira, fazendo tremular a bandeira brasileira. Hoje Marcelo mora na Áustria, pela segunda vez acompanha uma audiência do Papa na Praça de São Pedro.

"Eu acho que explicar em palavras é uma tarefa difícil . A alegria de estar aqui com o Papa, e ver toda essa multidão ainda hoje, por mais que o catolicismo algumas vezes não esteja tão em voga, mas aqui você pode perceber que tem muita gente boa procurando ser um bom cristão no meio do mundo e estar junto com o Papa, principalmente", enfatizou Marcelo.

O paulistano Marcelo não vai ficar em Roma para a Beatificação de João Paulo II, mas relata a importância que o Papa polonês teve para ele.

"O Papa João Paulo II fez uma grande mudança na Igreja. O que você pode ver aqui hoje por ocasião da semana Santa tem uma ligação direta com João Paulo II. Então, muitas pessoas dizem que 2 milhões de pessoas vão vir para sua beatificação e isso com certeza foi resultado de seu apostolado", acrescetou.

Outro brasileiro presente na Praça de São Pedro era Gabriel Marmenegas, de Brasília. Apesar de ser bastante jovem, resume em poucas palavras o que guarda na lembrança das mensagens de João Paulo II.

"Infelizmente acompanhei somente o final do pontificado. Mas aprendi muita coisa, porque ele gostava dos jovens, até ele falava dos "santos de calças jeans", que vão ao cinema, ao shopping, tomam sorvete com os amigos", contou Gabriel a Radio Vaticano

Por outro lado, o presidente da Conferência Episcopal Italiana e arcebispo de Gênova, Dom Ângelo Bagnasco, em entrevista à Radio Vaticano, lembra que Bento XVI foi um dos principais responsáveis pela Beatificação de João Paulo II.

"O Santo Padre Bento XVI pôde e quis a beatificação de seu predecessor. Então, a expectativa é grande, é um grande desejo por parte do povo cristão que conhece e sabe das realizações de João Paulo II, que conseguiu entrar no coração não só dos católicos, mas de todo o mundo. Por isso, poder venerá-lo nos altares e um verdadeiro motivo de alegria e gratidão para Bento XVI", afirmou Bagnasco.

Fonte: Rádio Vaticano

terça-feira, 26 de abril de 2011

DEPÓSITOS BRASILEIROS NO URUGUAI CRESCEM 26%

Os depósitos de brasileiros nos bancos uruguaios aumentou 26,1% em 2010 e alcançaram o total de US$ 199,8 milhões, o que representou 6,5% de todos os depósitos feitos no sistema financeiro do Uruguai no ano passado.

Em 2009, os depósitos brasileiros somavam US$ 158,4 milhões e representavam 5,4% do total de depósitos nos bancos uruguaios. Os dados foram elaborados pelo jornal local El Observador, com base em balanços de 13 instituições do país divulgados pelo Banco Central do Uruguai (BCU).

Esta é a primeira vez em que todos os bancos que operam no país contam com brasileiros entre seus clientes. O último a receber nossos depósitos foi o estatal Banco República, que hoje custodia US$ 26 milhões de titulares do Brasil.

Os dados mostram que os titulares brasileiros também ampliaram o número de instituições nas quais realizam transações. Em 2009, cinco bancos concentravam 72% dos depósitos, e em 2010, a porcentagem caiu para 65%.

O crescimento da participação brasileira nas movimentações financeiras nos bancos uruguaios não foi acompanhada pela argentina, que representam os titulares com a maior parte das colocações estrangeiras no país. Em 2010, os depósitos de correntistas da Argentina cresceram 3,3% e passaram de US$ 2,152 bilhões em 2009 para US$ 2,224 bilhões em 2010.

No total, o sistema financeiro do Uruguai somou US$ 3,095 bilhões de depósitos de estrangeiros no fim de 2010, com um crescimento de 4,7% com relação ao ano anterior. Isso representou 22,8% de todos os depósitos no país. A maior participação que o país já registrou dos depósitos estrangeiros representou 45,9% do total, em 2001.


Fonte: (ANSA)

Jesus Cristo, sempre atual!

Nos últimos séculos, passamos por várias “idades” segundo alguns estudiosos. Primeiro a idade da religião, depois da filosofia que suplantou aquela e em seguida da ciência e da técnica. As teorias e leis científicas é que hoje tem prestígio. A filosofia, a religião são desacreditadas. O problema da técnica aliada à economia não é mais produção, mas capacidade de consumo. A ciência avançou de modo fantástico, porém, desconfia-se que existem outros meios de conhecimento ao lado da ciência (inteligência emocional). A ciência permite efeitos cada vez maiores, mas cada vez mais, fica muda sobre o sentido da realidade. O homem não se satisfaz com suas conquistas.

Em meio a esta situação, Jesus Cristo parece ser aos olhos de alguns, alguém distante, lá da idade da religião. Talvez muitos, mais jovens, já não saberiam dizer quem foi Jesus Cristo. No entanto, a Igreja o celebra, e nestes dias, revive o mistério que envolve seu sofrimento, morte e ressurreição. A Igreja foi o fato concreto surgido após a morte de Jesus e através dela o Evangelho se propagou. Mas o que pode significar para o homem de hoje a mensagem de Jesus? Qual o significado de seu sofrimento e morte?
Pode significar muito, porque em Jesus o homem pode intuir e perceber o sentido da existência. Jesus Cristo revela o ser humano a ele mesmo, basta dar-lhe uma chance, tomar conhecimento de sua mensagem, debruçar-se um pouco sobre os acontecimentos que celebramos nesta semana santa, para perceber que seu significado vai além de qualquer história já ouvida.

Em sua obra clássica, O poder do Mito, Joseph Campbell, respondendo à pergunta, se acreditava que aquele que perde sua vida ganha a vida, como Jesus ensinou, diz: “Acredito, desde que se perca a vida em nome de algo”.E mais adiante continua: “Desde que existe tempo, há sofrimento.Perda, morte, nascimento, perda, morte – e assim por diante. Ao contemplar a cruz, você está contemplando um símbolo do mistério da vida”. A cruz é símbolo de uma vida entregue para que todos tenham vida e vida em abundância.

Jesus tem tudo a dizer para o homem de hoje que busca a liberdade acima de tudo, desde o lazer até as drogas, sem no entanto, descobrir o que é realmente liberdade. A liberdade, a busca da liberdade, ultrapassa nossa vida puramente biológica, para nos fazer avançar na transcendência e na eternidade. A pessoa é aquilo que no ser humano transcende a morte, depois da morte algo de nosso subsiste e que não é sujeito à morte.

Jesus crucificado, que entrega sua vida, num gesto de profunda solidariedade e serviço, desperta em nós a compaixão, o amor. O outro nos questiona e, especialmente o outro que sofre. O pobre, o fraco, o pecador, nos questiona e desafia. Se você se fechar em seu egoísmo, no seu individualismo, permanecerá estéril, escravo de si mesmo. Mas se você se abrir ao diálogo e ao encontro com o outro, você vai sofrer, mas vai se redimir e despertar para o amor. E em última análise é o amor que salva, o amor como entrega, oblação e serviço. E aí se encontra o sentido da vida que é ser livre no encontro com o outro. Mesmo porque sozinho não existe liberdade, mas fuga na solidão que não realiza ninguém.

O sofrimento de Cristo na cruz não pode ser visto como castigo de Deus. Lido na perspectiva libertadora, o sofrimento pode ser caminho de vida, como o grão que cai na terra e morre para gerar a espiga. Deus tem a força de transformar o sofrimento em alegria. A cruz de Jesus representa a fidelidade de Jesus ao plano de Deus que é a fraternidade universal, a civilização do amor. A morte de Jesus foi por solidariedade com os pecadores, fracos e miseráveis. Assim, Jesus mostra que Deus é bondade, e compaixão. E se Deus é assim, abre-se uma esperança infinita para a humanidade.

A ressurreição de Jesus é a alegria luminosa de viver na esperança. A morte foi vencida pela vida. A morte não tem a última palavra. A vitória final é da vida. Em meio a uma geração como a nossa que parece cultuar as estruturas de morte, não obstante desenvolver meios incríveis de se promover a vida, tanto na medicina como na biologia, a humanidade precisa de alguém que lhe assegure que a vida é mais forte que a morte, que vida verdadeira quer dizer vida no amor. E Jesus faz isto em um grau supremo, como somente Deus pode fazê-lo. E como dizia muito bem D. Bonhoffer: somente um Deus que sofre serve para o homem. Portanto, Jesus Cristo é sempre atual. Feliz Páscoa a todos!

Fonte: Dom Pedro Carlos Cipolini
Bispo de Amparo - SP

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Papa pede diálogo para Líbia e Oriente Médio

Bento XVI fez votos de paz neste domingo da Ressurreição, ao pedir diálogo para superar os conflitos da Líbia e do Oriente Médio e solidariedade para os refugiados procedentes da África.

À luz do fato da ressurreição de Cristo, o Pontífice quis que sua mensagem de Páscoa chegasse a todos os povos e, "como anúncio profético, sobretudo aos povos e às comunidades que estão a sofrer uma hora de paixão, para que Cristo Ressuscitado lhes abra o caminho da liberdade, da justiça e da paz".

Antes de felicitar pela Páscoa em 65 idiomas, desejou que "o fulgor de Cristo chegue também aos povos do Médio Oriente para que a luz da paz e da dignidade humana vença as trevas da divisão, do ódio e das violências".

"Na Líbia, que as armas cedam o lugar à diplomacia e ao diálogo e se favoreça, na situação atual de conflito, o acesso das ajudas humanitárias a quantos sofrem as consequências da luta."

Depois, desejou que, "nos países da África do Norte e do Médio Oriente, todos os cidadãos - e de modo particular os jovens - se esforcem por promover o bem comum e construir um sociedade, onde a pobreza seja vencida e cada decisão política seja inspirada pelo respeito da pessoa humana".

"A tantos prófugos e aos refugiados, que provêm de diversos países africanos e se vêem forçados a deixar os afetos dos seus entes mais queridos, chegue a solidariedade de todos; os homens de boa vontade sintam-se inspirados a abrir o coração ao acolhimento, para se torne possível, de maneira solidária e concorde, acudir às necessidades prementes de tantos irmãos", pediu.

Ofereceu, por isso, incentivo e gratidão dos cristãos "a quantos se prodigalizam com generosos esforços e dão exemplares testemunhos nesta linha".

Depois enfrentou o conflito civil vivido na Costa do Marfim, "onde é urgente empreender um caminho de reconciliação e perdão, para curar as feridas profundas causadas pelas recentes violências".

Tampouco se esqueceu do Japão, "enquanto enfrenta as dramáticas consequências do recente terremoto", desejando que encontre alívio e esperança. E que o encontrem também "os demais países que, nos meses passados, foram provados por calamidades naturais que semearam sofrimento e angústia".

"No nosso coração, há alegria e sofrimento; na nossa face, sorrisos e lágrimas. A nossa realidade terrena é assim. Mas Cristo ressuscitou, está vivo e caminha conosco. Por isso, cantamos e caminhamos, fiéis ao nosso compromisso neste mundo, com o olhar voltado para o Céu", concluiu.

Fonte: Zenit.

Ressurreição de Cristo: fato, não especulação, diz Bento XVI

Em sua mensagem de Páscoa, Bento XVI quis sublinhar que "a ressurreição de Cristo não é fruto de uma especulação, de uma experiência mística", mas um fato.

"É um acontecimento, que ultrapassa certamente a história, mas verifica-se num momento concreto da história e deixa nela uma marca indelével", afirmou o Pontífice depois do meio-dia, ao dirigir-se, da Basílica de São Pedro, aos mais de 70 mil peregrinos que lotavam a praça vaticana.

Mais uma vez, como vem fazendo em cada domingo de ressurreição desde o início do seu pontificado, o Santo Padre destacou o fato histórico no qual o cristianismo encontra seu fundamento.

"Até hoje - mesmo na nossa era de comunicações super tecnológicas - a fé dos cristãos assenta naquele anúncio, no testemunho daquelas irmãs e daqueles irmãos que viram, primeiro, a pedra removida e o túmulo vazio e, depois", assegurou.

"A luz, que encandeou os guardas de sentinela ao sepulcro de Jesus, atravessou o tempo e o espaço. É uma luz diferente, divina, que fendeu as trevas da morte e trouxe ao mundo o esplendor de Deus, o esplendor da Verdade e do Bem."

Diante de um autêntico espetáculo de flores, trazidas e ornamentadas por floristas holandeses, o Pontífice continuou sua mensagem pascal afirmando que, "tal como os raios do sol, na primavera, fazem brotar e desabrochar os rebentos nos ramos das árvores, assim também a irradiação que dimana da Ressurreição de Cristo dá força e significado a cada esperança humana, a cada expectativa, desejo, projeto".

"No Céu, tudo é paz e alegria. Mas, infelizmente, não é assim sobre a terra! Aqui, neste nosso mundo, o aleluia pascal contrasta ainda com os lamentos e gritos que provêm de tantas situações dolorosas: miséria, fome, doenças, guerras, violências", reconheceu o Santo Padre.

"E, todavia, foi por isto mesmo que Cristo morreu e ressuscitou! Ele morreu também por causa dos nossos pecados de hoje, e também para a redenção da nossa história de hoje Ele ressuscitou", concluiu, resumindo a mensagem central que os cristãos continuam anunciando, dois mil anos depois daquele acontecimento.

O Santo Padre pronunciou sua mensagem de felicitação pela Páscoa em 65 idiomas.

À tarde, retirou-se à residência pontifícia de Castel Gandolfo e voltará a Roma para presidir a beatificação de João Paulo II, em 1º de maior, domingo da Divina Misericórdia.

Para ler a mensagem de Páscoa de Bento XVI, clique aqui.

Fonte: Zenit.

Papa: O homem não é um produto casual da evolução

O homem não é um produto casual da evolução, mas do Amor criador e redentor de Deus, que dá sentido à vida, explicou Bento XVI na Vigília Pascal.

Ao presidir a “mãe de todas as vigílias” e batizar seis catecúmenos – da Suíça, Albânia, Peru, Rússia, Singapura e China – o pontífice quis responder na homilia às perguntas de todo homem e mulher sobre a origem e destino de sua existência.

“Se o homem fosse apenas um tal produto casual da evolução num lugar marginal qualquer do universo, então a sua vida seria sem sentido ou mesmo um azar da natureza”, afirmou.

“Mas não! No início, está a Razão, a Razão criadora, divina. E, dado que é Razão, ela criou também a liberdade; e, uma vez que se pode fazer uso indevido da liberdade, existe também o que é contrário à criação.”

“Mas, apesar desta contradição, a criação como tal permanece boa, a vida permanece boa, porque na sua origem está a Razão boa, o amor criador de Deus. Por isso, o mundo pode ser salvo”, disse, explicando a mensagem de esperança deixada pela paixão, morte e ressurreição de Cristo.

“Por isso podemos e devemos colocar-nos da parte da razão, da liberdade e do amor, da parte de Deus que nos ama de tal maneira que Ele sofreu por nós, para que, da sua morte, pudesse surgir uma vida nova, definitiva, restaurada.”

A celebração começou no átrio da Basílica de São Pedro, com o rito da bênção do fogo e a preparação do Círio pascal, presente da Comunidade Neocatecumenal de Roma.

Na basílica, a passagem da escuridão à luz simbolizou a chegada da Luz, que é Cristo, no mundo tenebroso do pecado, da solidão e da morte, segundo explicou Dom Guido Marini, mestre das celebrações litúrgicas pontifícias. O serviço litúrgico foi realizado por religiosos dos Legionários de Cristo.

Fonte: Zenit.

Santa Sé condena genocídio de ciganos na II Guerra

Dom Antonio María Veglió, presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, discutiu esses temas na primeira edição do ‘Salone Editoria dell'Impegno’, evento realizado de 9 a 17 de abril em Grottaferrata, próximo a Roma.

Dom Veglió recordou a intolerância e a perseguição que os ciganos sofreram durante o regime nazista, quando milhares foram mortos em campos de concentração. Ele lembrou que João Paulo II condenou o extermínio de ciganos na mensagem pelos 50 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

Segundo o prelado, o estudo da realidade dos ciganos levou o Conselho Pontifício a publicar as ‘Orientações para uma Pastoral dos Ciganos’, em dezembro de 2005.

Entre os valores positivos dos povos ciganos, Dom Veglió recordou “a hospitalidade fraternas, o sentido profundo de solidariedade, o forte apego à fé dos predecessores”.

É necessário promover “o processo de integração dos ciganos dentro da cultura da sociedade que o cerca, com a consequente mudança de mentalidade, seja no âmbito eclesiástico ou civil, com a criação de estruturas que garantam continuidade ao processo de participação dos ciganos na sociedade”.

Segundo o prelado, os Estados têm o dever de promover tipos de abertura que permitam a inserção positiva dos ciganos.

Dom Veglió afirma que “a experiência ensina que para favorecer o processo de integração dos ciganos na Igreja é necessário se apoiar nas pessoas chamadas integrantes, quer dizer, capazes de diálogo e mediação”.

Inclusive de operadores pastorais que atuem como mediadores e fundem comunidades ponte, porque “compartilhar a vida cotidiana muitas vezes tem mais valor que muitos discursos”.

E que “a minoria cigana se empenhe em cumprir seus deveres e obrigações com a ativa e responsável participação de cada um de seus membros”.

Um dos fatores necessários para a pastoral dos ciganos é a educação, a qualificação profissional e a aquisição de competências para uma qualidade de vida digna. Entre as lacunas está a elevada porcentagem de analfabetismo e a alta ausência escolar, devido a uma série de fatores econômicos e sociais.

Ele destaca que na Europa os jovens ciganos são cerca de 6 milhões e que diversas congregações e movimentos eclesiásticos estão empenhados nessa pastoral, entre elas 14 comunidades salesianas.

“Desejo que para as ações em favor dos ciganos nos deixemos guiar por duas regras de ouro elaboradas pelos jovens ciganos no Congresso Mundial de Frisinga: saber escutar, quer dizer, conhecer-se melhor, e atuar em favor deles, mas sobretudo com eles”, concluiu.

Fonte: Zenit.

domingo, 24 de abril de 2011

Domingo da Páscoa

Este é o Dia que o Senhor fez para nós!
Alegremo-nos e Nele Exultemos!
Aleluia! O Senhor Ressuscitou!


Meus queridos irmãos,
Celebramos neste dia santo a vida plena! A vida venceu a morte! A ressurreição de Cristo suscita nos seus discípulos a consciência de que ele vive e não foi abandonado pelo Pai, mas confirmado na vida e confirmado também na obra que levou a termo. Hoje, Deus dá abertamente razão a Jesus. “Deus o ressuscitou no terceiro dia e tornou-o manifesto...”(cf. At 10,40, conforme a Primeira Leitura desta Eucaristia). Hoje congratulamos Cristo, porque Deus mostrou que Ele estava certo naquilo que fez!

Páscoa é Ressurreição. Ressurreição é a verdade fundamental da nossa fé católica, apostólica e romana. Nós os cristãos somos conclamados a crer com os olhos da fé e a dar testemunho da Ressurreição de Jesus. Isso porque na Ressurreição de Jesus está contida a nossa ressurreição. Ele morreu por amor e por amor inaudito ressuscitou para nos salvar, para nos elevar a condição de filhos e filhas de Deus.

Hoje ao celebrarmos a ressurreição de Jesus, afirmamos e celebramos tanto a ressurreição de Jesus quanto a nossa ressurreição. Ao ressurgir hoje dos mortos, Cristo uniu para sempre nosso destino ao seu destino divino e eterno. Saber, ter certeza absoluta de que não morreremos para sempre, é motivo de alegria, que expressamos nos solenes aleluias. Aleluia é a mais genuína expressão de contentamento, de júbilo, de alegria e de gratidão. De júbilo sem fim, porque nossa vida não termina na morte. Da morte nasceu a vida e da vida de Jesus nasce a nossa vida eterna.

A Páscoa é a festa central de nossa fé. Deus nos deu o maior de todos os tesouros, um tesouro que nem a traça corrói: uma vida sem fim com Ele, com Cristo.

Vamos encher nossos corações e nossos semblantes de entusiasmo cristão: hoje é o dia santo em que Deus nos garante a vida eterna, a vida com ele, indestrutível!

Como Cristo ressuscitou e vive para sempre, também nós ressuscitaremos nele e viveremos para sempre. Esta é uma verdade da nossa fé, que professamos no Símbolo da Fé: “Creio na ressurreição da carne, creio na vida eterna!”.

Amados e Amadas,
A Primeira Leitura(cf. At 10,34a.37-43) nos apresenta o querigma, ou seja o anúncio da ressurreição. Trata-se do resumo do anúncio dos apóstolos, chamado de querigma. A frase central querigmática é: “Deus o ressuscitou”. Esta é a base de nossa fé e esperança: Jesus vive, e Deus o estabeleceu juiz de vivos e mortos. O juiz é, também, o salvador: quem Nele crê, é absolvido e recebe a vida eterna.

A Segunda Leitura(cf. Cl. 3,1-4) nos ensina que viver junto ao Ressuscitado é da essência do cristão. O que somos feito pelo batismo, também o devemos ser em nossa vida. Mas o batismo ultrapassa nossa existência no mundo: antecipa a vida sem morte, escondida em Deus, com o Cristo ressuscitado. Vivemos na expectativa da plena manifestação.

(Quando se lê a outra leitura – São Paulo apresenta o novo fermento(cf. 1Cor 5,6b-8). Antes de ser imolado o cordeiro pascal, tirava-se das casas judaicas toda a impureza, especialmente a massa envelhecida e fermentada que normalmente era usada para preparar o pão. Cozia-se pão completamente novo, sem fermento – ázimo. Se Cristo é o verdadeiro Cordeiro Pascal, a casa de nossa existência deve ser limpa do fermento do mal.

Caros irmãos,
Pedro e o discípulo amado ao sepulcro nos anuncia o Evangelho, na missa diurna(cf. Jo. 20,1-9). O testemunho pascal inclui dois elementos: primeiro o sepulcro vazio e segundo as aparições do ressuscitado. O sepulcro vazio é um sinal negativo. Só falta para quem tem o coração junto ao Senhor, ou seja, o discípulo amigo.

Na missa da tarde pode-se ler o Evangelho de Lc 24,13-25 que apresenta os discípulos de Emaús. A ressurreição não era o que os discípulos esperavam, porém o desejo de ver seu Senhor, a auscultação do que dizem das Escrituras e a disposição de acolher o companheiro de caminhada, fazem com que o ressuscitado se manifeste aos discípulos de Emaús, ao partir o pão, gesto por excelência da comunhão cristã.

Irmãos,
Ninguém poderá nunca dizer que o corpo de Jesus foi roubado. Lá estavam as testemunhas de sua ressurreição. Uma das provas inequívocas da ressurreição de Jesus é o sepulcro vazio. João a descreve com pormenores e coloca-se a si mesmo como testemunha. Testemunha não só do sepulcro vazio, mas também de uma nova forma de existência de Jesus. João “viu e acreditou”. Podemos imaginar como os apóstolos estavam perturbados, preocupados e mesmo decepcionados. Agora se realiza a grande promessa. Agora eles compreendem que Jesus “devia ressuscitar dos mortos”. A partir de agora, reforçados por outras provas, os apóstolos se tornaram as “testemunhas da ressurreição de Jesus”. E fez desse testemunho sua grande missão.

Ser testemunha de Cristo Ressuscitado é uma missão de todos os batizados. Todos nós devemos ser testemunhas da ressurreição de cristo. A testemunha perfeita é aquela que é capaz de dar a vida pelo Cristo ressuscitado; ou aquela que pauta de tal maneira o seu comportamento sobre Jesus, que todos podem dizer: É um outro Cristo vivo!

Irmãos e Irmãs,
Acreditar, ou melhor, crer na ressurreição de Cristo é uma manifestação e demonstração de AMOR. Amor que vem da primeira testemunha, a pecadora convertida Maria Madalena. Madalena é o símbolo de todos os homens e mulheres, pecadores e contingentes, que arrependidos deixam a vida desgraçada do pecado para seguir o Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Ressuscitado, o Redentor.

Outra demonstração de amor e de fé foi de JOÃO, o discípulo amado, aquele que foi fiel até o fim na Cruz e é agora a testemunha ocular da ressurreição. Quem verdadeiramente ama tem facilidade para crer. João viu e creu. João viu os sinais da ressurreição. Como também nós hoje, nesta Sé Catedral Metropolitana, podemos ver os sinais, que são suficientes para quem ama. A partir da ressurreição de Cristo devemos nos guiar pelos sinais que Jesus fez e deixou, porque já não será visto em sua forma física. A partir da ressurreição, os sinais provocam a fé, e só pela fé é possível ver Jesus. A fé depende do tamanho do amor, e o amor se alimenta na fé pelo serviço, pela misericórdia, pela acolhida do diferente e pela misericórdia. Em tudo amar e servir.

Jesus, tendo amado os seus, amou-os até o fim! (cf. Jo. 13,1). Por amor estamos hoje celebrando o amor perfeito e acabado, o Cristo Ressuscitado.

Caros fiéis,
Somos chamados com a páscoa a sermos testemunhas do Ressuscitado. O velho homem vive a ilusão de poder realizar o seu destino recorrendo unicamente aos seus recursos. O homem novo, que nasce com Cristo na Sua Ressurreição, antecipação da nossa, realiza plenamente a vontade de Deus, único que pode admiti-lo à condição de Filho. O homem renovado sabe que o conteúdo da sua fidelidade à vocação recebida reside na obediência à condição terrena até a morte. Sabe, também, que este sim de criatura constitui o suporte necessário do filho adotivo de Deus.

Amigos e Amigas,
Felizes sois vós queridos irmãos que vieram venerar o Senhor inerte no Esquife na Sexta-Feira Santa. Mais felizes sois vós, amados e amadas, pois contemplam hoje vida que brotou da morte do Justo. “Deus não é um Deus dos mortos, mas de vivos”(Cf. Mt 22,32).Celebramos hoje o fato histórico da ressurreição do Senhor e esta verdade-esperança da nossa ressurreição. Queremos nos alegrar com estas verdades entrelaçadas, ambas jorrando vida. A Páscoa é a festa da vida. A seqüência da Missa de hoje nos diz poeticamente que a morte duelou com a vida na pessoa de Jesus; o Senhor da vida estava morto, mas ressuscitou, vivo e triunfante, como rei vitorioso. Está presente em nosso meio! E conosco caminhará até a eternidade!

Alegremos-nos pois, O Cristo que leva aos céus, caminha à frente dos seus! Ressuscitou, de verdade! A alegria deve ser a nota principal da sinfonia deste dia em que passou da morte para a vida, trilhando todos os caminhos do Ressuscitado. A alegria que é amor e fraternidade pelos mais necessitados, justamente aqueles aos quais Jesus deu a sua vida. O Cristo vitorioso do pecado e da morte anuncia a vida plena. POR ISSO QUEREMOS VER JESUS CAMINHO VERDADE E VIDA. O Significado desta festa é o amor. Amor verdadeiro como fonte de vida que passa pela cruz da renúncia de si mesmo. Onde há amor e a caridade Deus está. Assim, celebremos pois, as coisas do Alto, a vida plena, sendo testemunhas do Senhor Ressuscitado, porque O SENHOR ESTEJA CONVOSCO: ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS!
A
leluia! Cristo Ressuscitou Verdadeiramente Aleluia!

Fonte: Padre Wagner Augusto Portugal.

sábado, 23 de abril de 2011

A violência extremista não cessa no Paquistão

No Paquistão, o testemunho de uma suposta profanação do alcorão ou de uma blasfêmia contra o profeta Maomé tem sido suficiente para provocar a violência dos muçulmanos contra a comunidade cristã. Quem ousa levantar a voz e denunciar a injustiça acaba virando alvo dos extremistas.

A agência Fides relata que em Gujranwala, ao norte da capital do Punjab, Lahore, uma multidão de muçulmanos exaltados atacou em 17 de abril a Igreja Pentecostal Unida, impedindo a “comunidade aterrorizada” de celebrar o Domingo de Ramos. Muitos fiéis foram espancados no ataque e, ironicamente, 12 cristãos ainda acabaram presos. O alvo, segundo as fontes da Fides, era o pastor da igreja, Eric Issac, acusado de pedir a libertação de dois cristãos presos na sexta-feira, 15 de abril, na colônia cristã de Aziz (ou Azizabad), arredores de Gujranwala. Os dois presos em questão são Mushtaq Gill, membro da igreja presbiteriana e vice-presidente do Christian Technical Training Center (CTTC) em Gujranwala, e seu filho Farrukh Gill, funcionário do Banco Nacional do Paquistão.

O caso dos Gill estourou na sexta-feira, quando um grupo de muçulmanos se reuniu diante da casa da família acusando Farrukh Gill de profanação do alcorão e blasfêmia contra Maomé. A “prova” da suposta profanação eram algumas páginas queimadas de um exemplar do livro sagrado do islã e uma carta em que o próprio Farrukh teria confessado a profanação. A carta teria sido achada por um jovem muçulmano, casualmente, em frente à casa da família cristã.

A polícia interveio prendendo os dois cristãs “para protegê-los”, evitando que a manifestação se transformasse em linchamento. Segundo o Express Tribune (17 de abril), alguns manifestantes ainda tentaram queimar a casa da família. O jornal paquistanês, que também relata a fuga de várias centenas de famílias cristãs de Aziz, observa que as acusações contra Mushtaq e Farrukh Gill não são novas: a história das folhas queimadas do alcorão já foi usada há dois ou três meses.

Há fortes indícios de que as acusações são armadas. O próprio inspetor de polícia encarregado do caso, Muhammad Nadeem Maalik, admitiu que as acusações não têm fundamento. “As investigações preliminares mostram que Gill e o filho são inocentes”, afirmou Maalik à Compass Direct News. “Parece um caso orquestrado, porque os responsáveis escolheram justo a hora da oração para começar a manifestação”, continuou Maalik, explicando que poderia se tratar de “invejas e velhas inimizades”. Esta é também a opinião do pastor local, Philip Dutt, que conhece os Gill há anos e mora no mesmo bairro. “As acusações são completamente infundadas”, reiterou o pastor. “Alguém conspirou claramente contra a família Gill”.

Embora esteja claro que os dois são inocentes, a polícia registrou a denúncia de blasfêmia, com base nos artigos 295-B e 295-C do Código Penal paquistanês, nos quais se apoia a chamada “lei antiblasfêmia”. As emendas ao Código Penal feitas em 1986 durante a ditadura do general Mohammad Zia-ul-Haq (1924-1988) prevêem a pena capital para quem “ultrajar o Profeta”. Segundo as fontes da Compass Direct News, os dois membros da família Gill foram soltos para logo serem presos de novo, após os protestos furiosos da comunidade muçulmana.

Uma comissão composta por 8 pessoas (6 muçulmanos e 2 pastores cristãos) foi criada para resolver a questão, que deverá expor suas conclusões na próxima sexta-feira. O caso mostra que a lei paquistanesa da blasfêmia nas mãos dos extremistas é uma arma perigosa contra as minorias religiosas. “Esse caso mostra claramente que os cristãos e os próprios muçulmanos continuam sendo acusados de blasfêmia falsamente”, declarou Sohail Johnson, da Sharing Life Ministry, à Compass.

Mas essa infame estratégia nem sempre funciona. A polícia libertou neste fim de semana outro cristão, Arif Masih, preso em 5 de abril em Chak Jhumra, na diocese de Faisalabad. Acusado falsamente de arrancar páginas do alcorão, sua libertação foi conseguida pela Fundação Masihi. A fundação está intercedendo também por Asia Bibi, a primeira mulher paquistanesa condenada à morte por suposta blasfêmia, no último novembro. A Fundação reuniu 50 testemunhos de pessoas, a maioria muçulmanas, confirmando a inocência de Arif. Por trás da denúncia de blasfêmia, suspeita-se que esteja a vingança pessoal de um muçulmano, com a cumplicidade da polícia local, pela recente perda de um processo judicial em que disputava a propriedade de um terreno com a família Masih (Compass Direct News, 15 de abril).

O Pakistan Christian Post (19 de abril) informa que a organização Human Rights Focus Pakistan (HRFP) está denunciando esta situação “crítica” dos cristãos no Paquistão. Os casos de blasfêmia não afetam só as pessoas diretamente acusadas, mas também as suas famílias e povoados. Para a HRFP, as leis sobre a blasfêmia são “totalmente discriminantes”. Nenhum cristão foi executado até agora em nome dessa lei, mas as vítimas da sua manipulação já são muitas. O grupo também alerta que em Gujranwala os fundamentalistas organizaram uma grande manifestação para esta sexta-feira 22 de abril. Temem-se ataques às colônias cristãs e ao Christian Technical Training Center (CTTC), de Mushtaq Gill.


Fonte: Zenit.

Papa se conectará com estação espacial internacional

As palavras do Papa chegarão até os astronautas da Estação Espacial Internacional. Bento XVI se conectará com a tripulação via satélite e lhe enviará um pequeno presente, por ocasião da última missão do ônibus espacial Endeavour, na quarta-feira, 4 de maio, às 17h30 (hora de Roma).

Segundo um comunicado da Prefeitura da Casa Pontifícia, o Papa estabelecerá a comunicação no momento em que o coronel italiano Roberto Vittori estiver na estação espacial, pois ele levará uma medalha de bronze, presente do Santo Padre, junto aos demais membros da tripulação.

O Endeavour é o quinto e mais recente ônibus espacial construído pela NASA.

Fonte: Zenit.

Dor do Papa pelas inundações na Colômbia

Bento XVI expressou ontem, Quinta-Feira Santa, seu "pesar e preocupação" pelos colombianos afetados pela emergência invernal.

A Colômbia vive uma tragédia sem precedentes, devido ao impacto da onda de chuvas de inverno, que causou centenas de mortes.

Numa nota do Estado do Vaticano ao embaixador da Colômbia junto à Santa Sé, César Mauricio Velásquez, o Santo Padre expressou: "Acompanho, com as minhas orações, todas as vítimas e as famílias daqueles que estão padecendo esta tragédia. Peço que os apelos à solidariedade, feitos pelo presidente desta querida nação, sejam ouvidos".

"Que todos os afetados pelas chuvas dos últimos dias sintam a minha proximidade, oração e ajuda", acrescenta a nota.

O Pontífice aproveitou para se unir aos que sofrem "nestas horas de angústia e tribulação. Encorajo aqueles que estão liderando as operações de socorro e salvamento a permanecer em seus esforços para ajudar os indefesos".

A Embaixada da Colômbia junto à Santa Sé informa que continuará procurando ajuda material para as vítimas, canalizada através da rede Cáritas.

Fonte: Zenit.

Desastres nunca são um castigo de Deus

Em um momento em que o mundo cristão “volta a ser visitado pela prova do martírio” e em que se vêem tantos “sofrer e morrer ao nosso redor”, os cristãos podem oferecer ao mundo “a certeza da nossa fé de que há um resgate para a dor”.

O padre Raniero Cantalamessa, ofmcap., fez essa afirmação na homilia da cerimônia desta Sexta-feira Santa, presidida pelo Papa, na Basílica de São Pedro.

“Há uma verdade a se proclamar com força na Sexta-feira Santa. Aquele que contemplamos sobre a cruz é Deus ‘in persona’. Sim, é também o homem Jesus de Nazaré, mas esta é uma pessoa com o Filho do Pai Eterno.”

“Até que não se reconheça e leve a sério o dogma fundamental da fé cristã – o primeiro definido dogmaticamente em Niceia – que Jesus Cristo é o Filho de Deus, o próprio Deus, da mesma substância do Pai, a dor humana permanecerá sem resposta”, disse.

Segundo o pregador do Papa, os cristãos possuem uma “pérola”: a “Ressurreição!”. Citando o apóstolo Paulo e o Apocalipse, disse: "‘Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada’ (Rm 8, 18), e ainda ‘Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição’ (Ap 21, 4).”

Cantalamessa indicou ainda que os cristãos, no anúncio da ressurreição e da vida, nunca se esqueçam de “sofrer com os que sofrem, chorar com os que choram”.

“Neste momento, sofrer e chorar em particular com o povo japonês, imerso em uma das mais terríveis catástrofes naturais da história. Podemos dizer a esses nossos irmãos em humanidade que estamos admirados por sua dignidade e exemplo de postura e ajuda mútua que deram ao mundo.”

“A globalização tem ao menos este efeito positivo: a dor de um povo se torna a dor de todos, suscita a solidariedade de todos. Dá-nos a chance de descobrir que somos uma família humana, ligada no bem e no mal. Ajuda-nos a superar as barreiras de raça, cor e religião”, disse.

Catalamessa indicou ainda que se recolha o ensinamento de eventos como este. “Terremotos, furacões e outros desastres que atingem inocentes e culpáveis nunca são um castigo de Deus. Dizer o contrário disso significa ofender a Deus e os homens”, disse.

“Mas servem de alerta: neste caso, a advertência de não se iludir que bastam a ciência e a técnica para se salvar. Se não formos capazes de estabelecer limites, nós mesmos podemos nos tornar, estamos vendo, a ameaça mais grave de todas.”

Ele recorda que também houve um terremoto no momento da morte de Cristo: ‘O centurião e seus homens que montavam guarda a Jesus, diante do estremecimento da terra e de tudo o que se passava, disseram entre si, possuídos de grande temor: Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!’ (Mt 27, 54).

“Mas houve um outro ainda ‘maior’ no momento de sua ressurreição: ‘E eis que houve um violento tremor de terra: um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela’ (Mt 28, 2).”

“Assim será sempre – afirmou o pregador do Papa –. A cada terremoto de morte sucederá um terremoto de ressurreição de vida.”

“Alguém disse: ‘Agora só um deus pode nos salvar’. Temos a garantia de que o fará porque ‘de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único’”.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O “verdadeiro Jesus” não é aquele que cada um se constrói

O arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Scherer, convida os católicos a não se contentaram “com qualquer imagem de Jesus Cristo”.

Em artigo desta semana do jornal ‘O São Paulo’, Dom Odilo adverte para não se contentar com as imagens de Jesus “que só prometem milagres e não pedem a conversão do coração, ou escondem o caminho da cruz”.

“São tantas as imagens distorcidas e fantasiadas sobre Jesus, ao longo da história e também hoje”, afirma.

A Igreja – assinala o arcebispo –, “comunidade dos discípulos de Jesus Cristo, sofreu muito no seu início para afirmar e preservar a imagem fidedigna de Jesus Cristo e para transmiti-la, de modo fiel, através dos séculos”.

Ela “nunca assumiu interpretações discordantes com o testemunho dos apóstolos, aqueles que ‘viram’ Jesus, estiveram com ele e o encontraram depois de sua morte e ressurreição – ‘não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos’ (At 4,20)”.

Dom Odilo considera que as celebrações da Semana Santa e da Páscoa suscitam algumas perguntas para as quais se devem buscar respostas sinceras.

“Afinal, quem é Jesus Cristo? Quais foram seus ensinamentos? Por que foi condenado à morte de cruz? O que dizem os testemunhos do Novo Testamento sobre os fatos recordados na celebração da Páscoa? Que significado tem sua vida, paixão e morte para a humanidade e para cada um de nós? Qual é minha relação pessoal com Jesus Cristo?”


Recentemente – recorda o arcebispo –, “foi publicada a tradução portuguesa da 2ª parte do livro do papa Bento 16 – Jesus de Nazaré – que se ocupa, justamente, da entrada de Jesus em Jerusalém até a ressurreição. Seria ótimo ler esse livro no tempo pascal”.

Segundo o cardeal, uma das preocupações do Papa “é a de proporcionar aos leitores o acesso ao ‘verdadeiro Jesus’ e o encontro com ele, como nos é dado a conhecer pela Escritura e pela fé da Igreja”.


“É isso mesmo: o ‘verdadeiro Jesus’ não é aquele que cada um se constrói, conforme suas conveniências, sentimentos ou preconceitos, mas aquele que nos é dado a conhecer por aqueles que estiveram com ele e deixaram isso relatado no Novo Testamento.”

“E também pela fé da comunidade dos fiéis, na Igreja, que persevera ‘no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações’ (cf At 2,42); ali, o próprio Ressuscitado continua presente e se manifesta aos seus, como fez após a ressurreição”, afirma.

Fonte: Zenit.

Papa: Deus sai ao encontro da inquietude do nosso coração

Bento XVI afirmou hoje, durante a homilia da Missa Crismal, celebrada na Basílica de São Pedro, que os cristãos, “Povo de Deus”, correm o risco, sobretudo no Ocidente, de deixar de ser povo, por ter se afastado de Deus.

O pontífice dedicou a homilia a falar do significado dos Santos Óleos, que são abençoados neste dia na Igreja, e especialmente do Crisma, o mais nobre, utilizado na Confirmação e na Ordenação Sacerdotal.

Esta “unção sacerdotal” converte os cristãos em “santuário de Deus no mundo”, explicou. Mas questionou em seguida se esta missão está se realizando hoje, ou se, pelo contrário, em lugar de “abrimos aos homens o acesso a Deus”, “escondemo-lo?”

“Porventura nós, povo de Deus, não nos tornamos em grande parte um povo marcado pela incredulidade e pelo afastamento de Deus? Porventura não é verdade que o Ocidente, os países centrais do cristianismo se mostram cansados da sua fé e, enfastiados da sua própria história e cultura, já não querem conhecer a fé em Jesus Cristo?”

O Papa convidou todos os fiéis a “bradar a Deus: Não permitais que nos tornemos um ‘não povo’! Fazei que Vos reconheçamos de novo!”

Nesse sentido, afirmou a importância da beatificação de João Paulo II, “grande testemunha de Deus e de Jesus Cristo no nosso tempo, como homem cheio do Espírito Santo”.

“Apesar de toda a vergonha pelos nossos erros, não devemos esquecer que hoje existem também exemplos luminosos de fé; pessoas que, pela sua fé e o seu amor, dão esperança ao mundo.”

Buscar Deus

Falando do sentido do Óleo dos catecúmenos, que se impõe às pessoas que vão receber o Batismo, Bento XVI explicou que este sinal diz que “não só os homens procuram a Deus, mas o próprio Deus anda à nossa procura”.

“O fato de Ele mesmo Se ter feito homem descendo até aos abismos da existência humana, até à noite da morte, mostra-nos quanto Deus ama o homem, sua criatura. Movido pelo amor, Deus caminhou ao nosso encontro.”

Deus – afirmou o Papa – “sai ao encontro da inquietude do nosso coração, da inquietude que nos faz questionar e procurar, com a inquietude do seu próprio coração, que O induz a realizar o ato extremo por nós”.

“A inquietude por Deus, o caminhar para Ele, para melhor O conhecer e amar não deve apagar-se em nós. Neste sentido, nunca devemos deixar de ser catecúmenos”, disse.

Curar o homem

Sobre o significado do Óleo da Unção dos Enfermos, o Papa afirmou que “a primeira e fundamental cura tem lugar no encontro com Cristo, que nos reconcilia com Deus e sara o nosso coração despedaçado”.

“Mas, além deste dever central, faz parte da missão essencial da Igreja também a cura concreta da doença e do sofrimento. O óleo para a Unção dos Enfermos é expressão sacramental visível desta missão.”

O Papa agradeceu “a todos aqueles que, em virtude da fé e do amor, se põem ao lado dos doentes, dando assim, no fim das contas, testemunho da bondade própria de Deus”.

“O óleo para a Unção dos Enfermos é sinal deste óleo da bondade do coração, que estas pessoas – juntamente com a sua competência profissional – proporcionam aos doentes. Sem falar de Cristo, manifestam-n’O.”

Fonte: Zenit.

A Eucaristia é a união visível entre todos, diz Papa

O Papa advogou nesta Quinta-feira Santa por uma unidade dos cristãos “tão visível que constitua para o mundo a prova do envio de Jesus pelo Pai”.

Bento XVI celebrou a Missa da Ceia do Senhor no fim de tarde de hoje em Roma, na Basílica de São João de Latrão.

Em um momento de sua homilia, o Papa enfocou uma súplica da última ceia, “que, segundo João, Jesus repetiu quatro vezes na sua Oração Sacerdotal. Como O deve ter angustiado no seu íntimo! Tal súplica continua sem cessar sendo a sua oração ao Pai por nós: trata-se da oração pela unidade”, disse Bento XVI.

Jesus “pede que todos se tornem um só, ‘como Tu, ó Pai, estás em Mim, e Eu em Ti, que eles também estejam em nós, para que o mundo acredite’ (Jo 17, 21)”.

“Só pode haver a unidade dos cristãos se estes estiverem intimamente unidos com Ele, com Jesus. Fé e amor por Jesus: fé no seu ser um só com o Pai e abertura à unidade com Ele são essenciais.”

Portanto – afirmou Bento XVI –, “esta unidade não é algo somente interior, místico. Deve tornar-se visível; tão visível que constitua para o mundo a prova do envio de Jesus pelo Pai”.

“Por isso, tal súplica tem escondido um sentido eucarístico que Paulo pôs claramente em evidência na Primeira Carta aos Coríntios: ‘Não é o pão que nós partimos uma comunhão com o Corpo de Cristo? Uma vez que existe um só pão, nós, que somos muitos, formamos um só corpo, visto participarmos todos desse único pão’ (1 Cor 10, 16-17).”

Com a Eucaristia – disse o pontífice –, nasce a Igreja. “Todos nós comemos o mesmo pão, recebemos o mesmo corpo do Senhor, e isto significa: Ele abre cada um de nós para além de si mesmo. Torna-nos todos um só”.

“A Eucaristia é o mistério da proximidade e comunhão íntima de cada indivíduo com o Senhor. E, ao mesmo tempo, é a união visível entre todos. A Eucaristia é sacramento da unidade. Ela chega até ao mistério trinitário, e assim cria, ao mesmo tempo, a unidade visível.”

“Digamo-lo uma vez mais: a Eucaristia é o encontro pessoalíssimo com o Senhor, e no entanto não é jamais apenas um ato de devoção individual; celebramo-la necessariamente juntos. Em cada comunidade, o Senhor está presente de modo total; mas Ele é um só em todas as comunidades.”

“Por isso, fazem necessariamente parte da Oração Eucarística da Igreja as palavras: ‘una cum Papa nostro et cum Episcopo nostro’. Isto não é um mero acréscimo exterior àquilo que acontece interiormente, mas expressão necessária da própria realidade eucarística”, afirmou o Papa.

“E mencionamos o Papa e o Bispo pelo nome: a unidade é totalmente concreta, tem nome. Assim, a unidade torna-se visível, torna-se sinal para o mundo, e estabelece para nós mesmos um critério concreto.”

Segundo Bento XVI, “todos nós devemos aprender sempre de novo a aceitar Deus e Jesus Cristo como Ele é, e não como queríamos que fosse. A nós também nos custa aceitar que Ele esteja à mercê dos limites da sua Igreja e dos seus ministros”.

“Também não queremos aceitar que Ele esteja sem poder neste mundo. Também nos escondemos por detrás de pretextos, quando a pertença a Ele se nos torna demasiado custosa e perigosa.”

“Todos nós temos necessidade da conversão que acolhe Jesus no seu ser Deus e ser Homem. Temos necessidade da humildade do discípulo que segue a vontade do Mestre.”

“Nesta hora, queremos pedir-Lhe que nos fixe como fixou Pedro, no momento oportuno, com os seus olhos benévolos, e nos converta”, disse o Papa.

Fonte: Zenit.

Eucaristia crismal: celebrar a alegria pelo dom do sacerdócio

O arcebispo de Braga, Dom Jorge Ortiga, considera que a Eucaristia crismal é a celebração da “alegria pelo dom do sacerdócio que nos une a Cristo”.

Na homilia da Missa da manhã desta Quinta-feira Santa, na Sé de Braga, o arcebispo falou do sacerdócio na perspectiva “de sermos ‘Casa’ da Boa Nova”.

“Trata-se duma experiência intimamente pessoal de acolher não apenas uma notícia mas um acontecimento que experimentamos como algo de Bom e de Belo a realizar na vida.”

“Acolher a Boa Nova para a anunciar supõe que a acolhamos primeiramente em nós com toda a seriedade. Quanto mais nos entregarmos à intimidade com Deus mais fortes seremos no anúncio credível do Senhor Ressuscitado”, disse.

O arcebispo destacou três aspetos da leitura evangélica. “Jesus subiu ao monte e chamou os que desejava escolher” (Mc 3, 13). “O Mestre está diariamente conosco. Só a Ele teremos de seguir”, disse.

“Cristo não chama os discípulos por causa do seu estatuto nem muito menos para exercerem uma profissão. Deixar-se tocar pelo seu coração que nos cativou e seduziu afasta qualquer tipo de motivação pervertida daquilo que é o sacerdócio em Cristo.”

Em segundo lugar, citou: “Jesus chamou-os para que ficassem com Ele” (Mc 3, 13-14). “Tudo se orienta para esta experiência de comunhão que quer estar com Ele para O ouvir, compreender, saborear e reconhecer as maravilhas do seu amor. Como vivemos esta Boa Nova de estar com Ele? Como está a nossa comunhão presbiteral?”

Dom Jorge Ortiga citou ainda: “Para os enviar a pregar” (Mc 3,14). Segundo o arcebispo, “é uma ordem que projeta a missão para os mais variados setores da vida humana. Trata-se da razão de ser da nossa entrega e obriga a retificar atitudes que, porventura, possam afastar-nos desta missão. Ter-se-á a rotina apoderado de nós? Seremos instalados em hábitos repetitivos e pouco entusiasmantes?”

“Ser Casa da Boa Nova – chamar (seguir), estar, partir – é um itinerário que supõe atitudes muito concretas”, disse.

--- --- ---

Na internet: http://www.diocese-braga.pt/

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Tríduo Sagrado da Páscoa

Antecipamos nesta semana a apresentação do comentário à Liturgia da Palavra redigido por Dom Emanuele Bargellini, Prior do Mosteiro da Transfiguração (Mogi das Cruzes - São Paulo), para favorecer a compreensão do Tríduo Sagrado da Páscoa. Doutor em liturgia pelo ‘Pontificio Ateneo Santo Anselmo’ (Roma), Dom Emanuele é monge beneditino camaldolense.

O TRÍDUO SAGRADO DA PÁSCOA: JESUS MORTO, SEPULTADO, RESSUSCITADO

Um olhar de conjunto
“Ó abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são insondáveis seus juízos e impenetráveis seus caminhos!... Porque tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória pelos séculos! Amém” (Rm 11, 33.36).

A expressão de maravilha e de louvor por parte do apóstolo diante do mistério da aliança irrevogável de Deus com Israel - aliança que vai além da sua infidelidade - e do chamado dos pagãos a participarem da sua plena realização na morte e ressurreição de Cristo, bem interpreta os sentidos mais profundos da Igreja ao celebrar o solene Tríduo Pascal. Este evento Pascal é a fonte divina e perene da sua vida, assim como do caminho espiritual desenvolvido ao longo do ano litúrgico. A Igreja nos convida a entrar em atitude de maravilha e adoração.

O Tríduo Sagrado inicia-se na tarde da quinta-feira santa, com a celebração da Ceia do Senhor, e acaba com as segundas Vésperas do dia da Páscoa. A Igreja contempla com fé e amor e celebra o mistério único e indivisível do seu Senhor Morto (Sexta-feira santa), Sepultado (Sábado santo) e Ressuscitado (Vigília e dia de Páscoa).

Com o Tríduo Pascal chegamos ao coração da história inteira e ao escopo da própria criação. A luz Pascal deste Santo Tríduo ilumina a vida de Jesus, sua missão desde seu nascimento e o projeto salvífico de Deus no seu desenvolvimento histórico: desde a criação e através das relações especiais da aliança com os patriarcas e os profetas, testemunhadas pelo Antigo Testamento. Na morte e ressurreição de Jesus e na efusão do Espírito, aquele projeto se revela em todo seu sentido profundo, e inicia a etapa radicalmente nova desta história que caminha rumo a seu cumprimento no fim dos tempos (cf. Ef 1,1-14; Cl 1, 15-20).

As pessoas que foram regeneradas na fé e no amor pelo batismo receberam as potencialidades e a vocação a viver como homens e mulheres “partícipes da vida do Ressuscitado”, partilhando a mesma energia divina de Cristo no Espírito (cf. Ef 2, 4-8; Cl 3, 1-4: 5-11).

As celebrações do Tríduo são particularmente ricas de gestos, movimentos, Palavra proclamada e comentada, cantos, silêncios. Tudo converge para nos aproximarmos com coração aberto e íntima devoção ao mistério da morte e da ressurreição de Cristo e da nossa participação a ele, por graça. O que mais nos surpreende é descobrir, mais uma vez, o amor gratuito com que Deus nos amou, e fica nos amando, até doar seu próprio Filho por nós e nele doar-nos sua própria vida: “para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16), como nos lembra o evangelista. Surpreendidos ainda mais pelo feito que “não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos amou e enviou-nos seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados” (1 Jo 4, 10).

O extremo esvaziamento do Verbo encarnado, na morte de cruz e no silêncio do sepulcro, abre o caminho para uma nova história, em prol de cada um e do mundo inteiro. “Batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados. Portanto pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova” (Rm 6, 3-4).

Celebramos em maneira indivisível a Páscoa pessoal de Jesus e a Páscoa de seu corpo vivo que é a Igreja e cada um de nós, a caminho na esperança da renovação plena e definitiva.

Os três dias do Tríduo sagrado constituem a trama articulada e unitária do único e mesmo mistério pascal de Jesus e da Igreja. Cada dia, com a especificidade da sua linguagem ritual, põe a tônica sobre uma etapa ou aspecto do caminho pascal de Jesus. A forma narrativa dos acontecimentos destaca que a ação de Deus em Jesus se insere na realidade humana com suas aberturas e resistências, até a dramática recusa do seu amor. Mas o amor de Deus não se deixa vencer pelo mal e o pecado: “Antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13, 1).

Cada um dos três dias nos proporciona a oportunidade de nos mergulharmos em diferentes aspectos do mistério pascal. Por enquanto, achei mais conveniente oferecer ao início algumas sugestões de caráter geral. Talvez elas possam ajudar a colocar e viver cada celebração na visão unitária do mistério pascal, assim como a Igreja o contempla e no-lo transmite através das celebrações. De cada dia irei destacar um ou outro elemento, útil para evidenciar a continuidade interior do Tríduo.

A Quinta-feira santa: “Jesus... tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”

A missa do Crisma, presidida na manhã pelo bispo em sua catedral, com a participação do clero e do povo, encerra a quaresma e prepara os Óleos santos finalizados à celebração da iniciação cristã - especialmente durante a grande vigília pascal - e a da unção dos enfermos. Os textos bíblicos (Is 61, 1-9; Ap 1,5-8; Lc 4, 16-21), assim como as orações e o magnífico prefácio, destacam o sacerdócio de Jesus e a participação do povo cristão ao sacerdócio dele no Espírito Santo, em força do batismo. É o coração do dom da páscoa e da vida nova de todo o povo de Deus.

A Ceia do Senhor, na tarde (Ex 12, 1-14; 1 Cor 11, 23-26; Jo 13, 1-15), abre o Tríduo, celebrando antecipadamente na forma sacramental da eucaristia o dom do corpo e do sangue do Senhor, que a Igreja guarda como memória viva e fonte inesgotável da sua vida no tempo. A Igreja está certa de que “todas as vezes que celebramos este sacrifício em memória do vosso Filho, torna-se presente a nossa redenção” (Oração sobre as oferendas). O gesto de amor e de humildade com que Jesus, o Mestre e o Senhor, lava os pés aos discípulos, determina o horizonte divino das relações recíprocas entre os discípulos, e deles com qualquer pessoa, em toda situação e em todo tempo. Cada sofrimento partilhado e cada gesto de solidariedade faz Jesus lavar os pés e cumprir seu mandamento.

A Sexta-feira santa: celebração da Paixão do Senhor
No centro da celebração está o evento e o mistério da cruz, proclamado nas Escrituras (Is 52,13-53,12; Jo 18,1-19,42), honrado com a adoração e o beijo da cruz por parte da a assembléia, reconhecido como intercessão permanente junto do Pai (Oração universal), interiorizado na comunhão. A cruz é tragédia em nível humano, porém a fé a proclama como revelação suprema do amor de Jesus e início da vida nova que dele brota.

Neste dia a Igreja fica concentrada diretamente sobre a contemplação silenciosa e adorante do evento da crucifixão. Não celebra a memória sacramental da morte de Cristo com a Missa. A cruz é o “eixo do mundo”, diziam os Padres da Igreja, pois nela se manifesta o extremo compromisso de Deus em favor do mundo. Este amor divino é o que sustenta o mundo.

O estilo de Deus é loucura para os homens (cf. 1 Cor 3,18 -25), como o silêncio da morte ignominiosa na cruz. Porém este silêncio se torna o grito mais alto que testemunha seu amor sem limite.

O grito sofrido e confiante de Jesus, “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15,34; Sal 21, 2), assume em si mesmo o grito dos crucificados de todos os tempos, e abre para eles a esperança, pois “por isso Deus o exaltou e lhe concedeu um título (Kyrios- Senhor) que é superior a todo título”, e o fez raiz e modelo de vida nova entre os irmãos (Fil 2, 6-9).

O perdão invocado sobre os algozes: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem” (Lc 23,34) e a entrega confiante ao Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (cf. Sal 31,6 - Lc 23,46), abrem caminho definitivo para a comunhão renovada com Deus, abolindo todo impedimento ou outra mediação: “Jesus, porém, tornado a dar um grande grito, entregou o espírito. Nisso, o véu do templo se rasgou em duas partes, de cima a baixo, a terra tremeu e as rochas se fenderam” (Mt 27,50 -51).

A Igreja hoje se reveste do silêncio mais do que de palavras. A celebração da Paixão se abre e acaba com a assembléia em silêncio! Ela fica olhando intensamente o esposo e cruza seu olhar com o olhar compassivo dele, que lhe transmite toda a força do seu amor. É do encontro deste recíproco olhar no amor que nascem os namorados e as namoradas de Cristo, os que chegam a doar a própria vida por ele e como ele.

Nas salas cinematográficas do Brasil está estreando nestes dias o filme “Homens e Deuses” (Des Hommes et des Dieux), do diretor francês Xavier Beauvois. Narra a história simples e extraordinária dos sete monges trapistas mortos em 1997, em maneira ainda misteriosa por mão violenta, no mosteiro de Nossa Senhora do Atlas, na Argélia. Testemunhas de amor gratuito e sem limites entre si e com os habitantes muçulmanos da região, impelidos pela profunda relação pessoal de cada um com Cristo, única razão para ficarem solidários entre si e com os irmãos muçulmanos, se necessário até o martírio, como de fato aconteceu. É esta relação pessoal no amor que faz Cristo crucificado e sua páscoa tornar-se contemporâneos para com cada um de nós.

Na sua fé a Igreja contempla o mistério da cruz na sua integridade, deixando-se guiar pela visão teológica da Paixão escrita por João. Ela faz da cruz o “evento de salvação”, da elevação violenta de Jesus na cruz a sua glorificação, e do “crucificado” o “Senhor” que dá a vida, derramando o Espírito criador (cf. Jo 19,30). A arte da Igreja, até o séc. 13, teve a ousadia de representar Jesus crucificado, como o Vivente, o Rei vitorioso e o Sacerdote do Pai. Do seu lado transpassado nasce o admirável sacramento da Igreja (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 5).

A religiosidade popular do Brasil, herdeira da religiosidade popular de Portugal colonial, tem ainda dificuldade de integrar a cruz na ressurreição. Deixando-se guiar pela liturgia, existe bastante espaço para valorizar a sensibilidade do povo brasileiro para o Cristo sofredor, tão próximo à sua história e, ao mesmo tempo, reconstruir a integridade da boa nova libertadora de Jesus e do seu mistério pascal.

Sábado Santo: dia do silêncio de Deus e dos homens
O Sábado santo é o dia do grande silêncio. Só a Liturgia das Horas acompanha as etapas do dia.

Um dia vazio ou, ao invés, um dia de silêncio contemplativo e fecundo, de espera e de esperança, suscitada pela gestação silenciosa da nova criatura no seio da terra e do coração de Deus?

“Que está acontecendo hoje?”, se pergunta o autor de uma antiga homilia sobre o sábado santo (séc. IV). “Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos.” (LH, IV, Sábado santo).

O Sábado santo testemunha que Deus continua descendo até as entranhas mais obscuras e ambíguas da alma humana, e nas experiências mais marginalizadas, para recuperá-las e trazê-las à vida. Nada e ninguém é abandonado a si mesmo. Aprender a conviver com a “fraqueza” de Deus, com os silêncios de Deus, com os tempos e os diferentes ritmos de Deus, dos seus projetos, com a pedagogia com a qual ele nos dirige e acompanha com amor fiel embora às vezes incompreensível. Eis a lição do Sábado santo. O Sábado santo não é somente o segundo dia do tríduo: é uma dimensão constitutiva da identidade cristã e de todo caminho espiritual cristão.

Para perceber e acolher a voz silenciosa que sobe da escuridão, é preciso o silêncio interior que abre à escuta e à uma visão mais aguda.

A grande Vigília da noite e o domingo de Páscoa

A grande vigília da noite, junto com o dia de Páscoa, constitui o cume do Tríduo sagrado e do caminho quaresmal.

São a noite e o dia destinados por sua natureza a iniciar/introduzir os catecúmenos à fundamental relação pessoal com Cristo através dos sacramentos da iniciação cristã. Com as palavras dos profetas Oséias e Isaías (4a Leitura: Is 54,5-14), a liturgia chama esta vigília de “noite das núpcias” de Cristo com a Igreja. Ele a torna mãe fecunda, capaz de gerar novos filhos ao Senhor nas águas maternais do batismo. Santo Ambrósio, nas suas catequeses mistagógicas sobre a iniciação cristã, descreve o encontro pessoal do neo-batizado com Cristo na eucaristia como o encontro apaixonado do amado com a amada do Cântico dos Cânticos! [1]

É a noite-dia em que também os “fieis” são chamados a renovar seu compromisso batismal (renovação das promessas batismais), pois o batismo é a fonte que alimenta toda experiência espiritual cristã.

A vigília se articula em quatro etapas que bem representam o caminho da iniciação e o do progresso espiritual ao longo da vida: liturgia da luz – liturgia da palavra – liturgia batismal – liturgia eucarística.

Quatro linguagens rituais para celebrar o único mistério de Cristo morto e ressuscitado, Elas destacam a passagem do batizado de uma existência nas trevas e na morte do pecado para uma vida nova em Cristo, para viver como ressuscitados.

- Liturgia da luz: Uma luz nasce de repente no coração da noite. Do círio pascal, símbolo de Cristo, recebem luz as velas de toda a assembléia que se põe a caminho. A reação frente a tamanho dom de Deus é o grito de alegria do “Exultet”, quase contraponto ao grito sofrido da Sexta-feira santa e ao silêncio adorante do sábado.

- Liturgia da Palavra: As sete leituras do AT e as duas do NT constituem a profunda contemplação das etapas de toda a história da salvação, desde a criação do mundo, através da história de Israel no AT, até à ressurreição de Jesus, e à proclamação que os batizados participam por graça à ela, iniciando o caminho do novo povo de Deus (Rm 6,3-11). A vida espiritual do cristão é continuidade e realização da mesma e única história da salvação, na espera do seu cumprimento com a vinda gloriosa de Cristo.

- Liturgia batismal: Constitui a passagem forte da vigília pascal. É a meta da longa preparação quaresmal para os catecúmenos, assim como para os já batizados.

O processo de preparação – como vimos, ao seguir a estrutura dos domingos da quaresma – destacou os variados horizontes e exigências para entrar na experiência sacramental e de relação pessoal com Cristo, e fazer desta relação a fonte e o critério de uma nova existência.

A renovação das promessas do batismo por parte de toda a assembléia abre estes horizontes, destaca estas exigências, confirma esta graça.

- Liturgia eucarística. Partilhar o corpo e o sangue do Senhor à mesa do altar é o dom supremo que os neo-batizados e os renovados na graça do batismo vão receber do próprio Cristo ressuscitado. Eles são introduzidos no mesmo dinamismo do Senhor. “Quando vai receber o corpo de Cristo nas mãos – sublinha Santo Agostinho aos recém-batizados – e ouvis o sacerdote dizer “É o corpo de Cristo”, tu respondes “Amém”. Tu recebes o corpo de Cristo, que sois vós”.

A nova existência alimentada pelo Espírito do Ressuscitado é vivificada por um novo dinamismo que produz os frutos do Espírito: alegria, paz, confiança filial, solidariedade fraterna.

O canto do Aleluia constitui o emblema da Páscoa e da vida nova em Cristo. Brota da alegria da fé, se irradia através da vida renovada, antecipa a plenitude da esperança: “A Paixão do Senhor mostra-nos as dificuldades da vida presente, em que é preciso trabalhar, sofrer e por fim morrer. A ressurreição e glorificação do Senhor nos revelam a vida que um dia nos será dada... É isto o que todos nós exprimimos mutuamente quando cantamos: Aleluia! Louvai o Senhor!... Mas louvai com todas as vossas forças, isto é, louvai a Deus não só com a língua e a voz, mas também com a vossa consciência, a vossa vida, as vossas ações. (S. Agostinho, Com. Salmos, 148 1-2; 5a Semana do Tempo Pascal, Sábado LH II, pg 779).

“Ó Deus, por vosso Filho unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concedei que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova” (Domingo de Páscoa, Oração do dia).

Notas:

1. Santo Ambrósio, Os sacramentos e os mistérios; Introdução e tradução por Dom Paulo Evaristo Arns – Comentários por Dom Geraldo Majella Agnelo ; Editora Vozes 1981

Fonte: Zenit